QUARENTA CINCO

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— Há quanto tempo ele vem fazendo isso? – perguntou o homem de cabelos grisalhos. Ele havia descido na parada perto da casa de Castiel. Haviam agora algumas pessoas ali perto, do outro lado da rua, onde uma recém praça estava sendo construída. Casais passeavam com seus cachorros, outros apenas sentavam no banco para relaxar, tomar um sorvete ou olhar as belas flores que os jardineiros plantavam.

Em menos de dois meses tinham botado a placa do projeto da construção do parque ali. Era árvores e arbustos que estavam aos poucos ganhando um arquitetura mais elaborada.

E do outro lado da rua, o lado oposto ao da praça, havia algo que não mudava.

Castiel.

Ele continuava sentado ali.

No início eram em certos horários, quando saia do hospital e voltava para o seu ponto. Outros dias Chuck vinha tarde da noite e ele estava lá, sentado, as vezes cochilando.

Chuck pegou Castiel no colo uma vez e o levou para dentro de casa, o pós na cama tirando seus sapatos e o cobrindo, não sem antes beijar o topo de sua cabeça. Não era como seu filho devia se portar, mas Cas era adulto e tinha que entender isso sozinho.

E Chuck não sabia como o tirar dali também. Como o fazer seguir em frente...

O pai estava tão perdido. Nada vinha em sua mente.

Hoje era um dia ensolarado, daqueles quentes iguais ao da corrida. O garoto inclusive já sentia que o casaco em seu corpo o deixava abafado demais, por isso o retirou cuidadosamente olhando os curiosos fofocando ali perto.

Uma voz se destacava mais que as demais.

— Eu vendo meus sorvetes aqui na praça e sempre o vejo por aqui. Ninguém sabe o porquê, ele só senta ai, as vezes escuta música, as vezes faz nada, quando dá seis horas da tarde eu vou embora, mas dizem que ele fica até de noite.

Castiel estava apenas com um lado do fone. Lógico que estava ouvindo o quê diziam sobre ele.

Ele faz isso todo dia? Sério? Já conversou com ele?

O vendedor deu de ombros

— Ele não fala comigo, mas se quiser tentar, vá em frente.

Castiel rolou os olhos. Não queria que ninguém o perturbasse. O homem entregou uma nota de dinheiro para o vendedor e pegou um picolé ainda embalado do carrinho.

Castiel sentiu passos se aproximando.

— Olá.

Silêncio.

O homem limpou a garganta desembalando o próprio picolé e mordendo um pedaço. Cas continuou parado.

— Sabe porque eu vim aqui? Para fotografar a droga de um parque em inauguração... Trabalho de jornalista e estou procurando uma história legal também.

— Veio ao lugar errado. – retrucou Cas se afastando mais do homem. Ele sorriu, o garoto tinha falado com ele.

— Pelos boatos que rolam achei que fosse mudo. – o homem ajeitou os óculos de sol no rosto. Ele parecia meio nerd demais.

— Eu não te conheço. Será que pode me deixar em paz?

— Ah... Qual é? Os construtores do parque, os casais, todo mundo te vê todo dia aqui.

— E?

Ele terminou o picolé jogando o palito de madeira no lixo, limpando as mãos nas calças e voltando a se sentar ao lado dele.

You can be my cure (Destiel) || CORREÇÃOWhere stories live. Discover now