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André

Eram seis da manhã, estava a dar em louco com tanto na minha mente. Pouco ou nada consegui descansar depois do dia anterior. Para além do que se falava sobre a minha prestação no jogo, a Diana não deixava os meus pensamentos. Estava a consumir-me, começava a detestar sentir-me tão fixado nela.

Peguei no meu telemóvel, abrindo as mensagens com a Diana. Precisava de lhe dizer algo, senti que muito ficou por dizer depois daquele beijo. Precisava de certezas, de saber aquilo que sentiu. Era a única forma para voltar ao meu estado normal, percebendo assim se havia ou não necessidade de continuar a insistir nela. Foi tão fácil admitir que ainda sinto algo por ela, que quero uma segunda oportunidade. Mesmo indiretamente, sabia que tinha ficado com essa impressão depois do beijo.
Depois de ter sido tão transparente.

Acabei por lhe enviar mensagem, talvez ficasse confusa ou relembrasse as palavras que lhe havia dito há três anos, antes de saber que tinha sido aceite em Lisboa.

Mensagem para: Diana
- Se tiver que ser, vai ser contigo. Quero que seja contigo.
- Lembras-te? Não menti

Atirei o telemóvel para a cama, caminhando até ao armário. Peguei nuns calções e numa camisola larga e de manga curta, vestindo ambas as peças. Precisava de voltar aos treinos com garra, provar aos meus colegas de equipa e à equipa técnica e treinador, que não iria voltar a colocar o campeonato em risco por problemas pessoais.

Após passar água pelo rosto, escovar os dentes e dar um jeito ao cabelo, sai da casa de banho e dirigi-me à cama, pegando no telemóvel. Como era de esperar, não tinha qualquer resposta da sua parte. Provavelmente, estava a dormir.

Dirigi-me à cozinha, encontrando o meu irmão a petiscar o que havia no armário.

- Vais correr?

- Bom dia para ti também. - Ignorou a minha pergunta, apesar das roupas desportivas. - E sim, vou correr.

- Pensei no mesmo, vamos?

- Onde está o teu mau humor de ontem? - Revirei os olhos, pegando nas chaves do carro. O Afonso caminhou atrás de mim. - Vais contar-me o que aconteceu no jogo?

- Para quê? Não viste?

- André, sou teu irmão. Não precisas de me enganar, ok?

Encolhi os ombros.

Pelo caminho, o Afonso tentava manter uma conversa, para que não voltasse a ficar mal humorado. A verdade, é que já tinha descarregado demasiado no meu irmão e ele não tinha culpa das minhas asneiras. Talvez, uma opinião de uma pessoa que não está presa como eu e a Diana, iria ajudar-me a perceber algo mais.

Deixei o carro no estacionamento, fazendo sinal ao Afonso para começarmos a correr. Não sabia por onde começar, como puxar o assunto.
Decidi ser direto.

- Beijei-a Afonso. - O rapaz olhou para mim. - Beijei a Diana... Depois do jogo fui ter com ela e não consegui evitar.

- Estás parvo, André? - Parou de correr, pronto para me repreender. - Depois da conversa que tiveram, decides beijá-la? Como é que reagiu? Deves ter levado uma puta na tromba, não?

- Ela correspondeu.

A expressão chocada do Afonso, fez com que acabasse a sorrir.

Só de relembrar a forma como nos beijamos, deixava-me minimamente animado. E, o facto dela ter retribuído sem que insistisse, criava algumas esperanças. Não havia dúvidas que sentia o mesmo que eu, só sabia controlar-se melhor. Ser racional, ao contrário de mim.

Continuamos a correr, já não me sentia tão sem paciência para falar dela, tão explosivo. Afonso continuava exigir pormenores sobre a conversa, sobre o momento em si. Armava-se em parvo, tentando imitar as nossas vozes e criar uma conversa demasiado lamechas. Não deixei de me animar com ele, de soltar gargalhadas com as suas invenções. Mas também não lhe contei, apenas afirmei que tinha sentimentos por ela. No entanto, ele suspeitava que ela também tinha, devido à forma como agimos um com o outro desde que voltou.

Perto das oito da manhã, decidimos ir até ao bar da praia. Pedimos sumos naturais e uma tosta, visto que estávamos cheios de apetite. Nada de novo vindo do Afonso, visto que está constantemente a comer ou a pensar no que comer. Sentei-me numa das mesas, tirando o meu telemóvel do bolso. Surpreendi-me, pois tinha uma resposta dela.

Mensagem de: Diana
- Como me podia esquecer?

Mensagem para: Diana
- Porquê tantas dúvidas? Continua a ser contigo que quero atinar

Mensagem de: Diana
- não somos crianças, André. Podias ter atinado antes, mas preferiste ser vulgar e andar com uma diferente todos os dias.
- Porque seria diferente comigo?

Mensagem para: Diana
- Sempre foi diferente contigo, sempre

Pousei o telemóvel no bolso, quando o meu irmão se sentou com o tabuleiro.

- Isto já são coincidências a mais. - Olhei para o Afonso, após trincar a tosta. - A Diana está neste momento a correr. E sabes onde? Aqui.

Virou o telemóvel para mim.

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porque ir correr para a praia é sempre a melhor solução

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porque ir correr para a praia é sempre a melhor solução.

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