Closer × André Silva ✔

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- Fugir de quê? De ti? Deves estar a confundir-me com alguém. - Respondi-lhe ainda sem olhar para ele. O Duarte entretanto tinha deixado uma bebida qualquer à minha frente. Mesmo sem saber o que era, bebi dois goles e apreciei a bebida que até nem era má de todo. 

- Então porque é que não consegues olhar para mim? - Ele perguntou e senti-o bastante próximo de mim. Respirei fundo e revirei os olhos virando a minha cara para ele, recuando um pouco devido à proximidade da cara dele.

- Quem te disse que não consigo olhar para ti? Não o fiz enquanto estávamos sentados? E não estou a fazê-lo agora?  - Tentei manter-me firme naquilo que dizia. 

- Primeiro que olhasses para mim... - Ele soltou uma gargalhada. - Eu bem vi o esforço que estavas a fazer para não olhares.

- Estavas muito atento à minha pessoa. - Constatei voltando a beber o que tinha no copo.

- E tu à minha. - Soltei uma risada pelo nariz. Realmente ele não tinha mudado nada. Aliás, estava ainda mais convencido.

- Sim, porque não tenho mais que fazer do me preocupar com a tua vida. Não mudaste nada em três anos. - Preparei-me para me levantar do banco e ele puxou-me pelo braço, fazendo-me sentar de novo. - Mas queres o quê, afinal? - Questionei de maneira bruta e um pouco mais alta, fazendo algumas pessoas que estavam mais próximas de nós, virarem as suas cabeças na nossa direção. 

- Calma! Só quero falar contigo! 

- Estou demasiado ocupada para falar contigo. - Forcei um sorriso falso, vendo-o a revirar os olhos. 

- É preciso marcar na agenda? - Perguntou, notoriamente em tom provocador. 

- Como eu marquei na tua há uns três anos. E esse dia nunca chegou. - Pisquei-lhe o olho e ele olhou para mim sério. Toquei na ferida. Dos dois. - E pelos vistos nunca chegará, meu caro! - Sarcasmo, sempre presente. Levantei-me e dei-lhe uma palmadinha nas costas, deparando-me com Afonso à minha frente.

- Diana? -Olhou para mim e depois para o irmão ainda sentando. - Ah, já estou a perceber a tua demora. 

- Olá e adeus Afonso. - Sorri-lhe e ele arqueou a sobrancelha olhando-me confuso. 

- Já vais? Não te queres juntar a nós? 

- Não Afonso. Eu vim com os meus amigos! - Apontei para a mesa onde eles estavam. - Aqueles que mesmo depois de eu me ter ido embora continuaram a lembrar-se de mim. Resto de boa noite para vocês. 

Afastei-me do balcão e antes de me juntar novamente aos meus amigos, passei pela casa de banho. Ao olhar-me ao espelho, observei o quanto tinha mudado em três anos. Não só o meu físico como também a minha mentalidade, maturidade. Percebi que não podia deixar o passado afetar-me ou condicionar-me o futuro. E era esse o propósito do André. Pelo menos quando decidiu meter-se comigo esta noite. Tentar afetar-me.

Desde que se tornou a estrela do Porto, e até mesmo antes disso que a popularidade lhe subiu à cabeça. Tornou-se tão convencido e arrogante que nem eu própria que o conhecia basicamente desde o berço o reconhecia. Afastou-se de muita gente, inclusive da família mais próxima, como os primos e até mesmo como o Afonso. Mas pelos vistos essa parte agora já tinha mudado. 

Afastei a minha cabeça de pensamentos relacionados com o passado e olhei-me uma última vez ao espelho. Abandonei a casa de banho e dirigi-me novamente para a mesa onde se encontravam os meus amigos. Pelo canto do olho consegui ver o André e o Afonso já na mesa com os primos. O mais velho encarava-me novamente, mas decidi ignorar.

- Estávamos a ver que tinhas voltado para Lisboa. - A Raquel olhou para mim já um pouco tocada e eu ri-me da sua expressão.

A minha irmã chegou a cadeira para mais perto de mim, fazendo-me olhar para ela. 

- Vi-te com o André no balcão quando fui à casa de banho, estás bem? - Perguntou-me para que mais ninguém ouvisse. Embora isso fosse impossível. Com a música tão alta quase eu não ouvi o que ela me perguntou.

Confirmei com a cabeça e disse-lhe que lhe explicava tudo quando chegássemos a casa. Ela assentiu e olhámos as duas na mesma direção. A mesa do André, onde ele ainda olhava com um sorriso provocador.