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Passei as mãos por água, humedecendo o meu pescoço e rosto, pois estava muito calor no espaço.

Ao voltar para a mesa, reparei que o André estava com os cotovelos pousados no balcão, enquanto o Duarte abria uma outra cerveja. Olhava para o jogo, o que me levou a olhar também. De cinco lugares, ele estava em terceiro, pois Filipe já não dava luta, apenas empatava.

Passei por ele, no momento em que se afastou do bar. Quase chocamos, apesar dele ter parado antes de acontecer. Arregalei os olhos, encarando o moreno, também de olhos arregalados pelo que evitou.

- Boa noite. - Murmurou calmo, encostando-se ao balcão. - Podemos falar? Com calma.

- Sim, podemos.

O André fez-me sinal para que fossemos para a zona da casa de banho, apenas para não levantar comentários e olhares.

Encostei-me à parede, esperando que se pronunciasse. Provavelmente iria explicar-se ou desculpar-se. Ou então, iria agir como fez das outras duas vezes, o que me iria chatear bastante. O facto de reconhecer a sua personalidade nesta noite, fez com que lhe desse uma oportunidade para falar comigo. Para que falássemos.

- Sobre a semana passada...

- A sério? - Interrompi. - Não vais mesmo dar-me explicações sobre com quem dormes e porquê, pois não?

- Sim Diana, a sério. - Suspirou. - Eu não dormi com ela ao contrário do que possas ter pensado.

- Não pensei nada, porque haveria de o fazer?

- Podes tentar disfarçar, mas eu sei que ainda te afeto. Não posso ser apenas eu a sentir isto. - Após tais palavras, ficou desconfortável.

Notava-se que tinha admitido algo que não tencionava, que as palavras lhe fugiram da boca e pela sua reação, podia crer que eram verdadeiras. Nada pensadas ou com outras intenções.

Não sabia o que dizer, fiquei apenas a encara-lo. O rapaz baixou a cabeça, encostando-se também á parede.

- Este ambiente entre nós não faz qualquer sentido. - Pronunciou-se mais uma vez, encarando-me. - Não quero continuar com estas merdas.

- Quem atacou quem? Estava muito bem no meu canto, André. Não tenho a culpa que em três anos o que continuas a fazer de melhor é estragar as coisas. - Encolhi os ombros, sendo um pouco rude com ele.

- Sabes tão bem quanto eu que não fui o único a estragar o que tínhamos. Tu foste para Lisboa! Estás a gozar com a minha cara?

- Tu é que já deves ter apagado as coisas com tanta rapariga com que já te envolveste.

- Como se não tivesses estado com ninguém, a Santa Diana.

- Vai-te lixar, André. Tu e o teu ego de merda, assim não vais longe. Querias a tua conversa calma? Aqui a tens. - Preparei-me para lhe virar as costas, apesar de me ter agarrado.

Conforme me encostou à parede, apenas para que não me fosse embora, ficou bastante perto de mim.

Os nossos olhares estavam presos um no outro, uma das suas mãos pousada a minha anca, enquanto a outra aliviava o aperto no meu pulso. Não que tivesse sido bruto, pelo contrário. Mordiscava os meus lábios, a proximidade não me estava a deixar concentrar.

- Desculpa. Não queria ser bruto. - Assenti, mantendo-me em silêncio. - Só quero perceber, Diana.

- Perceber o quê?

- O porquê de teres ido para Lisboa, quando começava a sentir algo muito mais sério por ti. Estávamos tão bem e tu decidiste deitar tudo a perder.

- A minha ida para Lisboa nunca teve nada relacionado connosco, não percebes?

Balançou a cabeça, negando.

Afastou-se um pouco de mim, nenhum de nós estava preparado para ceder a tentações e acabar por se arrepender. O rapaz manteve-se em silêncio e eu acabei por abrir o jogo com ele, farta de ser a má da fita e ele a vítima.

- Achas que queria? - Balancei a cabeça, controlando as minhas emoções. - Achas mesmo que queria deixar-te? Eu também gostava de ti, André. Mas não podia desperdiçar a oportunidade.

- Não, sinceramente não sei. Estavas tão feliz quando me contaste.

- Claro que estava! Porque pensei que fosses ficar feliz por mim e não atirar-me à cara que fui egoísta! Foda-se, só pensaste em ti e continuas a pensar em ti.

- Mas onde é que te enfiaste?

Tanto eu como o André olhamos para o lado onde Marta e Raquel estavam. Um dos seus primos apareceu também, visto que há várias rodadas que o André não jogava.

Olhei para o André, percebendo que não estava feliz com a situação, com a conversa em si.

- Dá-me o teu número e podemos falar noutra altura. - Falou baixo.

- O meu número continua o mesmo.

Murmurei apenas, passando por Marta e Raquel. Os rapazes já jogavam com os primos e o irmão do André, esperavam apenas por mim para que fizéssemos um jogo de géneros. Rapazes contra raparigas, dai terem dado pela nossa falta.

O André juntou-a a nós, ninguém se pronunciou em relação ao desaparecimento dele, pois perceberam que estávamos juntos.

Nem mesmo a Marta e a Raquel.

Talvez ainda não fosse a altura indicada para falarmos sobre o que aconteceu. Ainda nos afetava muito, visto que muito ficou por dizer. Ainda não estávamos preparados.

Closer × André Silva ✔Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ