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Conseguia ouvir o Afonso e o meu pai a falarem sobre o que tinha acontecido, o porquê de lhe ter agarrado pela camisola e demonstrado imensa raiva do rapaz. O mesmo fingiu-se de confuso, dizendo que provavelmente algo relacionado com o treino.

Não era de todo mentira, havia tanto a acumular dentro de mim, que a afirmação do meu irmão em relação a sentimentos pela Diana só piorou.

Sentei-me na cama a passar as mãos pelos cabelos, de tão frustrado me sentir. Sabia que não devia de ter sido tão impulsivo com o Afonso, ainda por cima pelos motivos que foram. Só lhe dei mais certezas daquilo que dizia, piorando o meu estado. Como podia deixar que me afetasse tanto? Peguei no meu telemóvel, entrando no instagram.

Relembrava as mensagens de uma rapariga há uns dias. Não lhe havia respondido a nenhuma, sabia as intenções que tinha e não queria criar uma reputação, sendo jogador da equipa principal do Porto e neste momento, bastante cobiçado.

No entanto, não podia deixar que a Diana levasse o melhor de mim. Decidi responder à loira, reparando na imagem que me havia enviado.

@matildegonçalves: nem assim me vais responder?
@matildegonçalves:

@matildegonçalves: nem assim me vais responder?@matildegonçalves:

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@matildegonçalves: tens mesmo o ego elevado para não responderes?

@andresilva9: Fala-me mais do meu ego

@matildegonçalves: Para aumentar ainda mais? Quanto mais convencido, menos atraente vais ser

@andresilva9: Tens a certeza?

@matildegonçalves: Tenho quase a certeza que para mim não perdias o encanto, mas não quero descobrir

@andresilva9: E descobrir se sou realmente encantador ao vivo? Posso dizer que sim, mas nada que um café não resolva

@andresilva9: O que me dizes, Matilde?

@matildegonçalves: A que horas e onde nos encontramos? 😏

@andresilva9: Podia dizer um sítio que ambos iríamos gostar, mas não convém dar um passo maior que a perna. Sabe-se lá se não perco o encanto para ti.

Continuei a combinar uma saída com a rapariga, para além de bonita, tínhamos a mesma idade.

Que mal fará?

Combinamos num dos café de uma das ruas mais conhecidas da cidade, a Rua Santa Catarina. Mesmo sendo uma rua mexida, pouco me importava naquele momento. Só queria mesmo apagar os meus pensamentos.

E se tivesse que ser com uma rapariga, que assim fosse. Sabia perfeitamente que ela tinha o mesmo interesse que eu, nada sério.

Tomei um duche, troquei de roupa e despachei-me. Peguei no telemóvel, documentos e chaves do carro, saindo do quarto. Senti os olhares do meu pai e do Afonso em mim. Quis ignorar, mas acabei por parar e encara-los.

- Vou sair, não volto para jantar.

Nenhum deles se pronunciou.

Sai de casa, entrei no meu carro e abri novamente as mensagens diretas com a Matilde. Tinha uma segunda foto dela,  com a roupa que estava a usar. Ela sabia como seduzir, como provocar.

Usava roupas justas e mostrava muito a pele, o que me desconcentrou durante alguns segundos.

Estacionei o carro perto da rua Santa Catarina, dirigindo-me ao café. A Matilde estava agarrada ao telemóvel, apesar de olhar em ambas as direções. Aproximei-me dele, captando as suas atenções num ápice. Um sorriso cresceu no rosto dela, tanto surpreendida como matreira.

- Não esperei que viesses.

- E arriscar-me a perder o encanto que tenho para ti?

Inclinei-me para ela, beijando levemente o rosto dela. Mais junto ao canto da boca, que propriamente na bochecha.

- Queres mesmo beber café? - Murmurei perto da orelha dela, antes de me afastar. - Algo me diz que não.

- Sabias que não, só me fizeste perder tempo. Só nos fizeste perder tempo. - A Matilde deu ênfase no nos. - Bem, vamos ou és só de falar?

- Vais descobrir por ti mesma.

Sorri-lhe igualmente provocador, fazendo sinal para que caminhasse à minha frente.

Apreciava não só as pernas desnudas, mas como todas as curvas do seu corpo, era impossível não o fazer com aquelas roupas justas. Paramos à beira do passeio, visto que o sinal não estava aberto. No entanto, como pararam de passar carros, segurei a mão dela para que atravessássemos.

Nesse mesmo momento, um carro apitou, levando-me a olhar para o lado. Os meus dedos automaticamente abandonaram os da Matilde.

- Foda-se. - Murmurei para mim.

Os nossos olhares cruzaram-se, até que voltou a apitar.

- André?

Olhei para a Matilde, atravessando por fim a passadeira. Voltei a olhar para trás e a Diana para o lado, pois os nossos olhares cruzaram-de pela segunda vez.

Comecei a sentir um peso na consciência, o que raio estava a fazer?

- Está tudo bem?

- Não, desculpa. Lembrei-me que tenho uma reunião de equipa daqui a uns instantes!

- E lembraste-te disso a olhar para as miúdas no carro?

- Sim, uma delas namora com um dos jogadores. - Respondi impulsivo, mentindo. - Desculpa, preciso mesmo de ir. Remarcamos?

- Não sei se vais ter essa sorte.

Encolheu os ombros, afastando-se de mim. Roguei-me pragas, mas o que raio tinha acabado de fazer?

Até quando ia sentir-me assim?

Entrei no meu carro, pegando no telemóvel. Voltei a olhar para as fotos da Matilde, apercebendo-me do que tinha feito. Começava a arrepender-me de lhe ter mentido, só por ter visto a Diana.

Mas porque raio ela tinha de aparecer? Logo naquele momento? Será que estou destinado a dar-lhe mais motivos para me odiar?

Closer × André Silva ✔Where stories live. Discover now