Cap. 9

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Nayomi

Ouçam se quiserem, mas acho que fica mais emocionante.

Acordo com uma puta dor de cabeça e as lembranças vem como um turbilhão. Que droga foi que aconteceu comigo? Normalmente não sou tão fraca na bebida, mas aquele whisky é muito forte. Não me lembro o que exatamente aconteceu, mas tenho certeza que não vim parar nessa cama sozinha.

Eu estou quase enlouquecendo com essas mudanças de humor e sentimentos que ele tem, é tanto que também já estão me afetando. Já nem sei o que sinto por ele, só sei que é muito forte. Há quantos dias estou aqui? Uns 5, 10 dias? Já nem sei.

Até agora não consegui nenhuma maneira de escapar, mas lá fundo da minha consciência, tem algo que diz para ficar, e isso me deixa muito confusa.

Será que ninguém realmente está me procurando? Sei lá, alguém conhecido meu ou até mesmo a dona Ilda, que tenho certeza que deve estar tentando descobrir o que aconteceu comigo. Não por se preocupar comigo e sim por eu estar devendo muito dinheiro a ela.

Merda, porque eu tive que ser tão antissocial? Não tenho nenhum amigo verdadeiro, apenas conhecidos.

Me levanto e minha perna não doi tanto agora, mas ainda continua inútil.

Perdi a noção de tudo presa nesse quarto. Não sei quando é dia e quando é noite, e muito menos que horas são. Isso me lembra um pouco minha infância traumática. Tinha vezes que minha mãe saía e me deixava sozinha trancada no quarto. Não me lembro quantos anos eu tinha, mas eu era muito pequena.

Naquele tempo eu era uma menina fácil de assustar por conta da porcaria de família que eu tinha. Eu me assustava com qualquer barulho e ficava pior quando eram dias de chuva com muitas trovoadas, eu pensava que eram montros que queriam me pegar. Eu só conseguia dormir depois de estar totalmente esgotada de tanto chorar ou quando eu perdia todas as forças e me esgotava mentalmente.

Eu sofria muito bullyng na escola, por sempre ter as roupas sujas e pela fama da minha mãe de alcoólatra. O único amigo que fiz na infância foi um garoto que teve que ir embora por algum motivo. Eu não me lembro exatamente de como ele era. Me lembro de flashes em que corríamos de alguém e ele ficava para trás. Eu corria desenfreada e com a visão embaçada por conta do choro e sempre depois disso eu acordo, não sei o porquê disso.

Faz tempo que não tenho esses sonhos, mas sempre que olho nos olhos do Azekel me vem uma nostalgia. Sinto como se estivesse faltando uma parte do quebra cabeça que faz com que toda as outras peças fiquem erradas.

Minha cabeça bloqueou várias memórias traumáticas. Me lembro de pouca coisa dá minha infância.

Apesar de tudo que passei, ainda sim tinha dias felizes, nem que fosse poucos.

Me lembro de um aniversário em que estava so eu e minha mãe e ela não estava bêbada. Me lembro dela ter feito um bolinho de chocolate que eu apreciei até o último pedaço e depois ela me deu uma boneca negra de pano. Aquele foi um dos melhores dias dá minha vida. Minha mãe era uma péssima pessoa bêbada, mas quando ela estava sóbria era a melhor pessoa. Acho que ela não soube lidar com a morte do meu pai, eu via em seu olhar sua tristeza sempre que me olhava, ela dizia que ele parecia comigo, talvez por isso ela se afogava na bebida, mas nada justifica as atitudes que ela teve comigo. 

Nunca fui visitar seu túmulo, eu queria poder dizer um último adeus. Aquele monstro do meu ex padrasto não se importou nem um pouquinho com a morte dela.

O Amor De Um PsicopataOnde as histórias ganham vida. Descobre agora