Cap. 2

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Nayomi

- Sinto muito mas não há vagas disponíveis para você agora.

- Mas este anúncio está dizendo que tem vinte vagas para serem preenchidas, não acredito que ja fecharam todas elas.

- Sinto muito senhora. - dou um suspiro derrotada. Essa era minha última esperança de arranjar um emprego.

- Tá tudo bem. - não, não está tudo bem. Minha vida está uma merda. Ela sempre foi uma merda, mas parece que de uns tempos para cá as coisas tem piorado muito mais.

Ando muito até chegar no ponto de ônibus. Fico esperando durante umas 3 horas até o ônibus chegar. O ônibus está lotado. É, parece que hoje não é mesmo meu dia.

Chego 2 horas depois em meu quartinho alugado. E agora o que vou fazer, tenho que arranjar um jeito de conseguir um emprego, nem que seja como faxineira. A empresa em que eu trabalhava faliu, e desde então venho procurado qualquer tipo de emprego que dê para mim, mas até agora nada. Tantos cursos e especializações para nada. Sou tirada de meus pensamentos com alguém batendo em minha porta. Olho pelo olho mágico, e vejo a dona Ilda, a proprietária. E agora o que direi?

- Boa noite dona Ilda... - ela me interrompe.

- Já tem o dinheiro? - que velha maldita.

- Olha dona Ilda, é que as coisas estão difíceis, ainda não consegui emprego em lugar nenhum. Não poderei pagar esse mês.

- Como assim não pode me pagar? Já faz quase 4 meses que está me devendo, eu não posso ficar te sustentando. Tem a conta de luz, água, e nem o dinheiro do aluguel me paga. Aí já é demais.

- Eu sei senhora, mas a senhora sabe como as coisas estão difíceis ultimamente. Eu juro que se pudesse, já teria lhe pagado. Só me dê mais um tempinho, por favor. - Eu imploro a ela.

- Não, eu quero esse dinheiro até amanhã. Se não conseguir, saia daqui manhã mesmo. Não vou sustentar ninguém. Cansei de suas desculpas esfarrapadas. - ela sai e fecho a porta com força. Mulher maldita e sem alma, não tem pena de ninguém. Merda, e agora o que vou fazer? Onde consiguirei esse dinheiro? Estou ferrada. Hoje será meu último dia aqui, depois disso não sei onde irei ficar. Preciso espairecer a mente. Sei o melhor lugar para isso.

Me sento em um banco do parque e fico olhando para a bonita paisagem do parque. Sempre venho para esse parque quando quero esquecer meus problemas, nem que seja por algumas horas. Talvez esse seja o meu lar depois de eu ser despejada. De repente me vem um ataque de risos, as pessoas que passam por mim me olham como se eu fosse uma louca. E como da água para o vinho, meus risos se transformam em lágrimas de tristeza. Será que ainda dá para piorar? eu acho que não. As coisas na minha vida nunca foram fáceis. Nunca tive alguém que me desse carinho e atenção. Passei por coisas que eu não desejaria a ninguém. Eu vivia com a minha mãe e meu padrasto, só que minha mãe ficou doente, e morreu pouco tempo depois. Meu padrasto era um porco miserável. Vivia bebendo, e tentou abusar de mim, mas eu fugi. Eu só tinha 10 anos de idade quando fugi de casa e fui para um abrigo de crianças. Vivi nesse abrigo até meus 15 anos. Eu era muito maltratada por um ser monstruoso chamada Constância. Não tinha um dia em que eu não sofria nas mãos daquela mulher. Tudo para ela era motivos para me punir. Tinha dias que eu ficava sem comer. Tinha dias que ela me mantinha trancada em um quarto de penitência. Tinha dias em que ela me fazia ficar ajoelhada em grãos de milho. Quase todos os dias ela me batia, não havia motivos nenhum para isso, ela era perversa por natureza. Um dia eu não aguentei tanta tortura e fugi, e até agora não me arrependi disso. Aquele monstro ainda se dizia freira. Eu vivi na rua até meus 16 anos com uma turma de órfãos e mendigos. Era um inferno. Não tinha um dia em que eu não ficava com medo de alguma coisa acontecer comigo. Se não era de alguém me matar, era de alguém me estuprar, mas ainda bem que isso nunca aconteceu. Com 17 consegui arranjar um emprego em uma lanchonete, e voltei a estudar. Terminei o ensino médio e fiz administração. Consegui um bom emprego em uma empresa como secretária. Conseguia levar a vida numa boa, mas como todo mundo sabe, a alegria de pobre dura pouco. E agora estou aqui, sem saber para onde ir, e nem o que fazer. voltei a estaca zero. Não tenho nada, apenas alguns trocados. Gastei tudo que tinha na esperança de conseguir um emprego, mas nunca nada na minha vida da certo . Enxugo minhas lágrimas com a palma da minha mão. Acho que já está tarde. Fiquei tão absorta em meus pensamentos que nem vi as horas passar. Caramba, está tarde mesmo. As vezes eu não tenho noção das coisas quando estou aqui. Parece que eu viajo nesse lugar. Deve ser umas 10 horas da noite, e minha futura ex casa está a 30 minutos daqui. Ando pelas ruas desertas a passos rápidos. As ruas a essa hora são o inferno na terra. Medo me define nessa hora. O flash seria fichinha comparado com a velocidade em que estou andando agora. Chego em uma parte da rua que está bem escura, e sem nenhum sinal de vida. Ao passar em um beco escuto gemidos de alguém em um tom baixo. Não, você não vai olhar, siga em frente. Digo isso para mim mesma, mas antes de meu cérebro mandar impulsos para as minhas pernas, ela já anda para o beco. Que merda de curiosidade que tenho. A maioria das pessoas nessa situação, normalmente correriam o mais rápido possível, mas a burra aqui tem que olhar o que se passa. Vou andando lentamente, e vejo um homem socando outro com brutalidade. Um deles fala.

O Amor De Um PsicopataOnde as histórias ganham vida. Descobre agora