XX - E agora? - Anima

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— E separa. — Completou Anima.

Por alguns segundos, nada aconteceu. Porém, de entre as mãos do garoto surgiu um fraco brilho seguido de um pequeno cacto. Com o fim da magia, a planta caiu na mão dele fazendo com que gritasse e puxasse o membro para si como reação do reflexo.

Anima não aguentou e começou a rir forte se dobrando no próprio corpo.

— Por que um cacto??? — Perguntou Sirius em tom de desespero e batendo com os braços do lado do corpo.

— Eu sei lá, você que fez... Mas... VOCÊ QUE FEZ! Hey, você fez um cacto!

A expressão do jovem passou rapidamente de susto para felicidade.

— Eu fiz um cacto!!!

— Do nada! — Ressaltou a garota.

— Do nada!!!

Ambos se abraçaram em comemoração e felicidade. Por mais estranho que tudo aquilo fosse, podiam aproveitar o lado bom. No entanto, ficaram tempo demais em silêncio, o que foi suficiente para ouvirem um galho se quebrar ali perto.

Olharam confusos na direção do barulho, o que permitiu que, segundos depois, desviassem sem maiores problemas de uma lança. Em seguida, do meio dos arbustos surgiu uma pessoa gritando:

— NÃO HUMANOS!!!

— CUIDADO, ELES TÊM UM DRAGÃO!!! SÃO PERIGOSOS!!! — Exclamou uma mulher.

Anima olhou rapidamente para o pequeno ser com menos de um dia de vida antes de pegar o machado preso em suas costas. Usou a arma para desviar a espada do homem que vinha em sua direção e chutou sua barriga fazendo se escolher de dor.

Olhou para o lado e viu que Sirius tinha tirado a espada da mulher que o atacou e, de alguma forma, ela estava no chão.

Mais quatro pessoas apareceram e dois deles vieram para cima de Anima. Aquele era o máximo de oponentes ao mesmo tempo que havia treinado, não tinha muito mais opções do que Groleo e Sirius contra ela. Olhou para o rapaz ao seu lado. Sempre foi mais divertido quando éramos nós que tínhamos que derrubar Groleo... E riu sozinha.

A garota considerou rapidamente se devia pegar o escudo do primeiro homem, mas não se dava bem com eles. Então só bateu forte com o cabo do machado na cabeça dele tirando sua consciência antes que ele se levantasse.

Em seguida, com os outros dois mais próximos, Anima bateu com o lado do cabo no rosto do homem lhe deixando confuso. Então, partiu em direção da mulher para tentar lhe desarmar, só que não foi tão simples quanto os outros e no meio do embate quase perdeu seu machado. Sem paciência, investiu novamente e observou as duas armas saírem voando pelos ares.

Tinha conseguido desarmá-la, mas, além de perder sua própria arma, havia também se distraído o suficiente para que a sua oponente pegasse seu braço e o torcesse, fazendo com que Anima ficasse presa contra seu corpo.

Com o outro braço, a de cabelos castanhos deu uma cotovelada forte na barriga da mulher e se soltou balançando o membro que havia sido preso para recuperar seu movimento. Deixou a mulher tossindo e se voltou para o homem que vinha em sua direção ainda um pouco confuso pelo cabo do machado. Com facilidade, Anima desviou da rota dele e sacou a espada que trazia em sua cintura, assim usando o cabo para bater na nuca do adversário e lhe tirar completamente a consciência.

Porém, enquanto tirava mais um oponente do combate, a mulher teve tempo de ir pegar a espada que antes saiu voando. A garota suspirou, sabendo que era melhor com machado, e, percebendo a técnica que a outra tinha, decidiu usar mais força para tentar lhe vencer.

Contudo, mesmo que sem se surpreender, rapidamente perdeu a espada. Olhou para o lado avistando o machado e correu em sua direção em busca de recuperá-lo. No entanto, viu o chão se aproximar ao mesmo tempo que percebia que a mulher havia pulado em suas pernas.

Sem grande resistência, a oponente conseguiu virar a garota de barriga para cima e, sentada sobre ela, começou a apertar seu pescoço contra o chão.

Anima sentiu uma pedra no chão e a pegou para bater na cabeça da adversária. Mas ela não parou. Bateu outra vez com ainda mais força, já sentindo os pulmões pedirem mais ar do que podia lhes dar. Porém, a mulher ainda não parou, estava sangrando com um corte feio na testa, mas não parou.

A garota não queria matar a adversária. Mesmo parecendo que aquela desconhecida a odiava... Ainda que fosse uma desconhecida.

Estava quase sem ar. Tentou alcançar uma das adagas presas em suas costas com extrema dificuldade. Sentiu o cabo, então puxou e enfiou na garganta da mulher em um único movimento.

O sangue em grande volume cobriu seu rosto ao passo que o corpo da adversária caía para o lado.

Anima levantou assustada. Olhou em volta e viu Sirius impedindo o homem que o atacava com um dos escudos deles.

Foi na direção deles para ajudar o amigo, porém ele jogou o escudo no oponente o confundindo. O garoto fez o mesmo movimento de antes e, após alguns segundos, enquanto o homem vinha novamente para cima dele, Sirius empurrou o nada fazendo um cacto aparecer e voar em direção ao olho do adversário.

O homem parou gritando, dando tempo de Sirius pegar o escudo no chão e bater com força na cabeça do outro, que caiu inconsciente.

Seus olhares se encontraram. Anima ainda sentia o sangue pingar de seu queixo enquanto Sirius olhava ora para ela, ora para a mulher com adaga projetada de sua garganta. Ao mesmo tempo, a garota variava o olhar entre o amigo e o homem com o cacto preso no rosto inchado.

Um silêncio doloroso pairou sobre eles.

De entre as raízes da árvore, o pequeno dragão verde apareceu olhando ao redor assustado.

Tinha acabado de matar alguém. Sentia o sangue daquela mulher secar aos poucos em seu rosto junto com um sentimento esquisito que crescia dentro de si.

Dúvidas explodiam na cabeça de Anima e todas elas podiam ser resumidas em: O que foi que eu fiz? E O que vamos fazer agora?

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