capitulo 64 : "obrigado, finalmente"

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- sabe o quão bonito é nossas mãos juntas ? - Gabriel perguntou entrelhaçando nossas mãos marcadas pelos aneis de compromisso. Ri e o encarei entrelhaçando nossas outras mãos na minha barriga. Brinquei com nossos pés em cima da maca enquanto nossos corpos estavam jogados no chão, eu de costas por cima dele.

- sei - respondi e o encarei. Ele sorriu e eu fiz o mesmo dando um selinho nele.

- seu passado é sombrio, não é ? - perguntou e eu suspirei.

- mas do que eu queria que fosse. - respondi e ele bufou encarando teto. Fiz o mesmo. - o que exatamente viu quando estava no seu mundo ? O que te fez voltar a ser o meu Gab ? - perguntei e ele negou.

- muita coisa. Acordei em uma cama enorme, em um quarto maior ainda, com você ao meu lado, nua. Eu levantei completamente confuso e você me chamou pra cama. Eu disse que logo voltaria. Me vesti com a primeira roupa que veio a minha frente. Era uma roupa de principe ou sei lá o que. Eu sai pela porta e dei de cara com um corredor de enorme cheio de pinturas. Eram todas perfeitas com pessoas da nossa familia, mas elas tinham meus traços. Parei encarando uma minha sua e de uma pequena garotinha no seu colo. Ela tinha meus olhos, seus cabelos, meus traços e sua postura. Ela era linda. Foi quando ela mesma apareceu me chamando de papai e me puxando pelo corredor. Chegamos a metade dele e descemos uma escada de lados, enorme. Chegamos ao jardim pelos fundos da cozinha e comecei a brincar com ela, mesmo sem saber o porque. Depois de um tempo você apareceu na porta. Peguei a meninha no colo e você sorriu de lado. Você ergueu um pouco o vestido dourado longo e fino e veio até a dizendo dizendo o quão feliz estava em ver aquilo. Depois disso, minha mãe chegou dizendo que organizaria a festa de 7 anos da nossa princesinha. Passamos a tarde juntos, brincando com ela no jardim. - ele fez uma pequena pausa e o encarei, vendo ele sorri com a lembrança.

- como ela era ? - peruntei e ele suspirou me encarando.

- era perfeita. Uma perfeita mistura minha e sua. Ela me conquistou mesmo sem eu saber quem era ela. - falou e eu sorri fraco.

- continua, ta interessante - murmurei e ele riu.

- Quando chegou a noite, nos arrumamos pro baile. A festa da nossa filha. Todos estavam lá. Da escola, da tribo e da familia. Eram todos da nossa cidade. Do nosso vilarejo. Iam de principes e cavaleiros a pebleus e mercadores. Durante o inicio da festa, ficamos juntos o tempo todo, com nossa filha. Mas o tempo foi passando e nos afastamos por miseros minutos pra conversar com nossos amigos. Foi quando Patricia se aproximou de mim. Ela estava me olhando a noite toda. Ela me disse que tinha algo de muito importante e de meu interesse. Eu apenas deixei ela falar. E ela jogou em cima de mim que estava gravida. Espalhou pra festa inteira e eu desmenti com fatos que ninguem discordou. Você a arrastou pra fora da festa e a festa continuou mesmo com você me dizendo que conversariamos mais tarde. A festa acabou e recebi um recado seu por um dos empregados, assim que me despedi do ultimo empregado. Dizia que era para mim ir até as masmorras. A casa estava silenciosa. Os empregados já dormiam. Dividiamos o castelo com minha mãe, Lucio, Leo, Vini e o filho dos nossos pais. Todos já dormiam e nossa princesinha fora a primeira a subir. Fui pras masmorras na esperança e ansiedade de que perdoasse minha traição meses atras depois de você ter brigado comigo e passado uma ou duas semanas na casa da sua mãe. Eu não faço a menor ideia de como sabia disso mas eu sabia. Parecia que meu subconciente criava a historia. - ele fez outra pequena pausa e suspirou alto. Me deixei virar e o encara-lo.

- é assim que é um sonho. Quando entra em um transe, tem duas formas de saber e provar pra si mesmo quem é você. Você lembra de algo profundo ou triste, ou simplesmente cria uma ilusão pra si mesmo. - falei e ele sorriu fraco.

- era uma lembrança triste ? - perguntou e eu suspirei.

- eu sofri. Muito, na verdade. Tudo isso pelo meu tio. Foi mais uma lembrança alem de triste. Fria, talvez. Foi como uma historia de superação - falei e ele riu.

O Idiota Do Meu VizinhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora