O Idiota Do Meu Vizinho

capitulo 49 : "problema da Emma"

- o que houve ? - Breno perguntou se aproximando. Passei a mão nos cabelos loiros platinados da menina encolhida no meu colo.

- ela dormiu. - falei e ele se ajoelhou a frente dela. Sua mão tocou seu rosto e tirou uma mexa, a colocando atras da orelha. Seu olhar era fixo e mortal. Seu sorriso de lado quase imperceptivel era doentio. Ela se mexeu um pouco e sorriu, ainda ressonando baixo com os batimentos compassados.

- ela fica linda dormindo - falou e ergueu o olhar pra mim. Assenti suspirando.

- a bonitinha aqui tem mais problemas do que pensa Breno - sussurrei e ele me encarou completamente confuso.

- como assim ? - perguntou e eu suspirei. Ele sentou do meu lado e eu deitei a cabeça no seu ombro.

- Breno, quando todos nos conhecemos ? - cochichei e ele riu sem som.

- faz 9 anos. No ano seguinte que foi morar do lado do Gabriel. Nos conhecemos todos no primario. Gabriel me ajudava a parar de ser timido, Greg me ajudava a me vestir melhor e Gustavo me ajudava a parar de ser tão centrado. Pri era a animada e andava com as meninas mais velhas falando sempre sobre maquiagem e moda. Você era a que sempre estava com o Gab e com o Gustavo, brigando sempre e nos fazendo rir. Meu genio forte já dava sinal de vida e a Cleo parecia ser a garota perfeita. A diferença dos filmes foi que ela me deu atenção e nos tornamos melhores amigos sem friendzone. - respondeu baixinho e eu assenti.

- como pensei. Não lembra da Emma - falei e ele me encarou franzindo o cenho pensativo.

- por que será ? - perguntou e eu suspirei.

- loira, aéria, doidinha. Ninguem ia com a cara dela e muito menos dos seus pulsos lotados de pulseiras. - falei e ele a encarou surpreso.

- ela é aquela meninha que ficava sempre no canto da sala e sentada atras do patio no recreio ? - perguntou e eu assenti franzindo o cenho.

- como sabe ? - perguntei e ele riu.

- eu tinha uma queda por ela - respondeu e eu ri surpresa. - quando tinha 9 anos eu fui até ela e sentei ao seu lado. Ela me encarou e me perguntou porque estava ali. Respondi que era porque quis. Ela bufou levantando dizendo algo como: eu sei, ele quer meu mal, já estou saindo. Eu segurei seu braço e ri dizendo que não queria o mal dela. Queria apenas ficar afastados de todos depois de brigar com a minha melhor amiga que era em parte verdade. Ela sentou do meu lado de novo e deitou no chão. Ela me atraia e não conseguia saber o porque. Falei pra ela que ela estava linda e ela riu dizendo que mentirosos apaixonados continuam mentirosos. Eu ri negando e ela sorriu se erguendo. Ela resmungou algo como: me conte mais mentiras e nos encontramos lá onde anjos suicidas vão. Eu sorri disse: seria bom ouvir você contar mentiras. Ela riu e começamos a conversar. Ela me dizia coisas sobre o tempo e eu lhe elogiava a cada pausa que ela fazia. Foi quando ela se aproximou e sentou no meu colo. Ela me beijou e aquilo foi como me sentir vivo de novo. Nunca havia sentido aquilo, era intenso. Obvio que meu genio não se segurou, e eu a machuquei. Ela sorriu e apenas mordeu meu labio. O sinal tocou e ela sorriu se levantando. Chamei ela e ela se virou dizendo algo como: elas dizem, nos veremos logo. Não pense que não. Mas não fale comigo novamente. Ela foi embora correndo e eu perdi ela de vista. Na sala, eu não a encontrei. Depois disso as vozes começaram a falar. Elas não calavam a boca e eu apenas seguia suas ordens. Tentei matar meu irmão mais novo enquanto ele dormia no berço e minha mãe me enternou por meses. Com as vozes, os remedios, a terapia... eu esqueci dela e quando voltei ela estava diferente. Ela andava com você o tempo todo. A faixa no cabelo havia sido substituida por tiaras, os olhos cansados e sombrios haviam ganhado brilho, as roupas de princesa eram trocadas por roupas normais, as pulseiras que eu achava fascinante, sairam do seu pulso e eram substituidas pela manga da jaqueta jeans. Ela estava diferente o suficiente pra não me lembrar nem quando meus olhos ficavam fixos no dela. A partir daí você sabe o que aconteceu...