Encontros Repentinos

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Lola chegou em casa furiosa com o que tinha acontecido na festa.
Lúcio estava na sala, conversando ao telefone com sua namorada Michele quando viu sua filha entrar em casa com lágrimas nos olhos, mas antes dele poder perguntar para ela sobre seu estado emocional, a menina não deu tempo para isso e correu para o quarto em prantos.
 O pai dela tentou fazer algum contato. Bateu na porta, mas como ela sempre fazia, o ignorou.
 Dentro do quarto, Lola tirou sua  sandália, jogou para o lado junto com sua bolsa e trocou de roupa colocando um pijama confortável no lugar.
 Apagou as luzes e entre as trevas e a solidão, a menina deitou-se na cama e caiu em prantos.
Seu ex melhor amigo havia se mostrado, mais uma vez, uma pessoa interesseira e aproveitadora. Ela até queria ter feito as pazes com ele naquela festa mas depois dele ter avançado o sinal e ter roubado um beijo dela, essa chance já estaria indo por água à baixo.
Só de pensar em Erick seu estômago se embrulhava. Ao lembrar que aquelas mãos haviam as tocado a deixou com ânsia. Ao relembrar o beijo que tiveram e a sensação da língua quente do garoto em sua boca a fez sentir um asco dele e de si mesma. Então, nem ao menos tentou segurar seu choro e pegou no sono enquanto soluçava e seu peito arfava e desejava que apenas uma pessoa estivesse ao seu lado naquela noite, e essa pessoa era Miranda.

**************

 Não tão longe da casa de Dolores, outra pessoa também não estava bem e essa pessoa era Miranda.
  Deitada em sua cama, que agora sem ninguém ao seu lado parecia ser maior do que era, a mulher estava soluçando e chorando de tristeza e aparava uma lágrima no canto de um dos olhos com um de seus dedos. Dentro do peito de Miranda a dor de estar sozinha e desamparada a invadia por inteiro. Depois que se casara com Henrique, ela raras vezes havia passado noites sozinhas ao dormir. Sempre tinha a companhia de alguém ao seu lado, mas nesta noite foi diferente. Miranda sentia falta não somente de um corpo ao seu lado lhe fazendo companhia como de alguém que lhe amasse verdadeiramente. Naquele momento, ela não desejou que seu marido Henrique estivesse ao seu lado, pelo contrário, ela sentia falta era de sua pequena Lola.
 Miranda passou a mão no colchão no lugar onde noites atrás Lola ocupava e sentiu uma dor no peito e um anseio de tê-la por perto naquele exato momento. Naquele instante ela soube que não estava mais apaixonada pela garota. Agora ela estava realmente a amando.

********

NARRAÇÃO DE MIRANDA

Na manhã de um domingo ensolarado, os pássaros cantando ao longe me despertam.
Me espreguiço e verifico que horas são no relógio em minha cabeceira.
Percebo que são oito da manhã e me levanto da cama e pego meu roupão para tomar um banho. Já no banheiro, tiro minha roupa e giro a torneira do chuveiro para verificar a temperatura da água, quando o barulho de alguém abrindo a porta me espanta. Então me cubro meu roupão, amarro a corda em volta de minha cintura e me dirijo à sala.
  Meu coração se acelera naquele exato momento quando me deparo com o regresso de Henrique. E sem dizer uma só palavra, fico estática, apenas o observando.
  - Olá, amor! Voltei e agora é para ficar.
  Percebendo a minha surpresa e incredulidade, ele pergunta:
- O que houve? Não está feliz com a minha volta?
  Engulo em seco antes de tentar pronunciar uma só palavra. Eu esperava por tudo, menos pela volta dele em nosso apartamento.

*********

- Lola, só vamos almoçar todos juntos por algumas horas, minha filha. Você não pode fazer este pequeno sacrifício?
- Mas pai, eu não quero sair de casa. Não hoje.
 Lola relutava aceitar o convite para almoçar em um restaurante com Michele e alguns de seus familiares.
- Mas posso saber o motivo? O que houve naquela festa que a fez ficar triste? – perguntou Lúcio enquanto soltava um muxoxo.
- Eu não quero falar sobre isso... Apenas saiba que estou assim por ter me decepcionada com alguém.
- Filha, querida... – o pai se aproxima de sua filha e senta ao seu lado no sofá- Você pode me contar tudo pois irei lhe ouvir, entendeu?
- Eu sei pai... – Lola soltou um sorriso forçado.
- Mas também não quero pressioná-la a me contar se você não quer.
- Obrigada por compreender, pai. – Lola solta, dessa vez, um sorriso verdadeiro para ele.
- Mas então... Você vai poder ir almoçar comigo? Por favor, venha comigo pois sua presença é muito importante para mim. Quero lhe apresentar para a família de Michele.
 Lola hesitou por uns instantes mas no fim resolveu aceitar e ir ao tal almoço com seu pai. Levou em consideração a felicidade que ele estava sentindo ultimamente, e apesar dela querer se trancar no quarto e ficar sozinha o dia inteiro, achou que se relacionar com outras pessoas a faria esquecer, mesmo que por algumas horas, tudo aquilo que havia acontecido na noite passada.
- Tudo bem. Eu irei com você,pai!
 Lúcio vibrou de felicidade e logo os dois se arrumaram para irem ao restaurante juntos.

A Cor Púrpura de Teus CabelosWhere stories live. Discover now