Na Intimidade Alheia

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 O coturno que Lola usava tocou o solo verde do jardim da casa de Anna, assim que o diretor abriu a porta do carro.
      - Bom Dolores, sinta-se em casa e Anna, não esqueça de lanchar com ela no final da tarefa. Pedi para a Maria fazer aquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate que você tanto gosta.
     - Entendi,pai - respondeu Anna um pouco rabugenta.
    O diretor se encaminhou para dentro da casa e subiu os degraus da escada em direção ao seu escritório particular.
   Anna foi andando na frente, assim que seu pai se foi e achou que Lola a seguia mas se enganou pois a jovem estava encantada admirando a bela caa da loira. 
    A casa era bem grande, pintada de branco com detalhes cinza. Havia janelas quadradas e do lado de fora um belo jardim com flores coloridas e árvores robustas, havia também uma bela piscina  e uma churrasqueira ao lado.
   Anna olhou para trás para verificar se sua colega de classe a seguia mas percebeu que não, então resolveu chamar sua atenção.
    - Ei! Vai ficar parada aí olhando pro nada com essa cara de bocó ou vai entrar?
  - Idiota, eu estava admirando sua casa, confesso.
   - Hummm...
  - Como ela é bonita - declarou Lola ainda encantada.
  - Ah, obrigada. Vem, entre logo!
  Então, Lola seguiu o pedido da garota e adentrou a casa. Após Anna fechar a porta, perguntou para Lola:
   - Está com sede? Quer algo para beber?
     Lola pensou antes de responder, a princípio ela iria dizer que não mas resolveu aceitar algo para poder ficar admirando a casa da menina em sua ausência.
     - Aceito sim.
     - Água, suco ou refrigerante?
    - Água, por favor.
    - Okay.
      Lola se sentou em uma poltrona sem a permisão da dona da casa e estranhou a permanência dela na sala quando iria perguntar sobre obteve sua resposta de prontidão:
    -Maria!! - berrou Anna.
   Lola ficou confusa ao ouvi Anna berrando, a princípio julgou que a ''Maria'' seria a mãe de Anna mas então pensou melhor e percebeu que se fosse a mãe dela provavelmente não a chamaria daquele jeito e sim pelo vocativo ''mãe'', mas então Lola pensou melhor e lembrou que se tratava de Anna, a antipática e esnobe e que tudo seria possível vindo dela, até mesmo a própria filha lhe chamar pelo primeiro nome aos berros.
    - Maria!!!
   - É a sua mãe? - questionou Lola mas Anna não deu atenção e continuou gritando.
      - Ela deve estar limpando algum cômodo. Ninguém merece! Deixe que eu pego a água para você, então. Me espere aí.
      Anna a deixou sozinha na sala com suas conclusões Anna a deixou sozinha na sala com suas conclusões e pensamentos .
     Lola agora compreendia que a tal de Maria era a secretaria do lar daquela casa e julgou que a mãe da menina deveria estar trabalhando ou se fosse fútil como a filha deveria estar gastando a grana do marido em algum shopping ou salão de beleza. 
    Após pensar sobre isso Lola olhou tudo a sua volta. Na sala de estar, havia duas poltronas estofadas pela cor bege e uma delas era a qual estava sentada. No meio das poltronas havia uma pequena mesa redonda de vidro e em sua frente um sofá grande bem aconchegante em formato de "L" estofado por um tecido com estampa renascentista da cor branco gelo. Atrás do sofá havia uma prateleira com utensílios de vidro e ao lado um pequeno bar com vinhos,cervejas e licores estocados em um móvel de madeira rústica acompanhado de cinco mesas de bares sem acostamento também de madeira.

Encostada em uma das paredes pintadas pela cor creme, havia um partilhe irá de vidro,sustentada por pés imitando de um bixo quadrúpede , e em cima havia diversos portas retratos de inox com fotografias de uma Anna mais nova com seu pai que era magro na época. Em apenas um dos porta retratos havia uma mulher com os dois e que Lola julgou ser a mãe de Anna.
Acima, pendurada na parede, havia uma cabeça branca falsa de alce que dava um ar rústico e selvagem ao lugar.
     Lola voltou à sua poltrona após dar uma volta para analisar a sala ao seu redor e apreciou a decoração do lugar. Ela estava batendo os pés em cima de um tapete branco que imitava uma pele de urso polar quando percebeu a volta da menina. Ergueu os olhos e viu o copo de água em suas mãos.
       -Aqui está! - Anna entregou esboçando um sorriso meia boca.
     -Obrigada - Lola agradeceu e deu dois goles na água pois não estava com sede de verdade.
      - Vamos para cima?
     - Vamos - Lola entregou o copo pela metade para a menina e ela por sua vez colocou-o em cima da mesa pequena e redonda que estava ao lado das poltronas. Enquanto as duas subiam as escadas que eram feitas de madeira rústica, a menina dos cabelos cor de púrpura resolveu elogiar a casa da loira.
    - Sua casa é realmente muito bonita! Adorei a cabeça de cervo pendurada na parede.
   - Obrigada mas odeio aquilo, meu pai que gosta desse estilo de decoração.
  - Ahh sim...
   Para quebrar o gelo e também para saciar a curiosidade Dolores resolveu tocar no assunto sobre a mãe de Anna.
  - Adorei também as fotografias acima do móvel, você era muito linda quando pequena.
    -Eu era? Ainda sou! - disse a Loira jogando o cabelo para o lado.
    - Mas nada modesta... - debochou Lola baixinho.
    - O quê? - Anna perguntou parando no meio da escada.
   - Nada... Bom, vi fotos do seu pai e suas mas não vi nada de sua mãe ela mora com você? 
   Anna engoliu em seco e mirou seus olhos azuis nos olhos castanhos de Lola, abriu a boca mas demorou para finalmente dizer:
    - Não quero falar sobre isso.
   - Por quê? O quê houve? - perguntou Lola colocando uma das mãos nos ombros da menina.
   Anna olhou para a mão de Lola em cima de seu ombro e retirou a mão dela de cima de si.
   - Não gosto de tocar nesse assunto, você pode me respeitar? - disse Anna rude.
      Lola retirou a mão do ombro dela e se afastou dizendo:

- Tudo bem. Relaxa!
     Anna continuou andando e subiu mais três degraus e chegou na parte de cima da casa.
   - Vamos para o meu quarto - declarou ela.
     Lola seguiu a menina e no corredor havia diversas portas brancas com detalhes esculpidos na madeira delas. Anna girou a maçaneta de uma delas e abriu a porta mas antes de entrar, chamou Lola com uma das mãos para entrar primeiro e assim o fez a menina. Anna fechou a porta atrás de si e disse para a Lola se acomodar e a mesma resolveu sentar na cama da dona da casa.
     Mais uma vez, Lola deixou seus olhos percorrerem toda a extensão em sua volta e percebeu que Anna era realmente como as patricinhas de filmes americanos para adolescentes, não só no jeito de ser como também pela aparência e na decoração do quarto. As paredes eram brancas mas apenas uma delas era cor-de-rosa e a cama estava encostada na cabeceira dela. A cama era feita de madeira rústica na cor branca e era o tipo de dossel e acima do colchão ela estava arrumada por um conjunto de roupa de cama bem feminino cheio de estampas de flores e um babado em volta do tecido.
  Havia uma penteadeira, com um lindo espelho com luzes em volta como existia nos camarins de artistas, ao lado tinha uma escrivaninha com um computador e notebook acima e também uma prateleira com livros didáticos pendurado na parede na mesma direção da escrivaninha que Lola os reconheceu de longe pois eram os mesmos que ela usava na escola.
   No chão, um tapete felpudo tomava conta do lugar com sua cor extravagante de um rosa bem marcante e chamativo, ao lado tinha uma suíte e também uma varanda espaçosa que dava a visão do belo jardim da casa.
    Lola estava perdida na imagem em que observava: era uma fotografia em tamanho grande de Anna usando um vestido branco, bem maquiada, sentada em uma grama com flores em sua volta e seus cabelos loiros aos ventos. Os lábios carnudos esboçavam um sorriso que não era revelado diariamente na face de Anna pois seu mal humor e arrogância ofuscava tudo.
   Lola sorriu para a foto e Anna percebeu e olhou sua cara sem entender nada.
     - Está sorrindo porquê? - perguntou franzindo a testa.
    -  Lindo os eu quarto e bela fotografia.
   - Eu tinha 15 anos nesta foto.
   - Belo sorriso - Lola deixou o elogio escapar.
   - Obrigada mas não havia motivos para sorrir.
   Lola ficou encucada com o que Anna havia dito mas resolveu não fazer perguntas.
    - Bom, vamos começar?
    - Vamos!
   - Você tem alguma ideia para o trabalho?
   - Olha, eu pesquisei em alguns sites sobre a obra de William Shakespeare e achei que poderíamos falar sobre ''Romeu e Julieta''.
  - Você não acha muito clichê? - questionou Anna.
  - Claro que não! É atemporal! Todo mundo ama esta história e creio que acharemos bastante conteúdo para trabalharmos por cima disto.
   - Bom, isso é verdade...
   - Então... ''mãos na massa''! - brincou Lola.
   Anna sorriu e ligou o computador para começarem a fazer o trabalho pedido pela professora de português.

A Cor Púrpura de Teus CabelosWhere stories live. Discover now