Amor e Muffins

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O cheiro de muffins de maçã sendo assados no forno tomou a cozinha inteira. Lola já havia feito as pazes com o pai, apesar de não concordar com a chegada do novo irmão em sua vida. Ainda não havia superado isto, mas ela estava tentando ter um bom relacionamento com o pai, seguindo o conselho de Miranda
       - Pai, você está apaixonado mesmo pela Michele?
   Essa pergunta pegou Lúcio de surpresa.
        - Quer saber a verdade, meu bem?
   Lola se endireitou na cadeira e ficou intrigada com a pergunta e fez ''sim'' com a cabeça para que o pai falasse a verdade.
         - Depois de sua mãe, Michele é a mulher que eu mais amei na vida. Estou amando na verdade.
           Lola soltou um suspiro. Ela sempre imaginava como seria sua vida se sua mãe estivesse presente. Nesta cozinha, enquanto Lúcio cozinhava os muffins, Mayra possivelmente preparava as bebidas e todos estariam rindo e se divertindo como uma família feliz. Mas Lola sabia que momentos assim só aconteceria em sua imaginação pois sua mãe havia morrido em um grave acidente de carro e não havia nada que pudesse fazer para tê-la de volta.
       - Pai, é difícil dizer isto mas devo confessar que nunca tinha o visto tão feliz assim em toda a minha vida. 
   Lúcio largou o pano de prato que estava em suas mãos e o repousou em um de seus ombros enquanto com uma das mãos se apoiava na bancada da cozinha exibindo um sorriso surpreso.
        - Minha filha, ouvir isto de você me surpreende demais.
        - Fico contente em te ver feliz, de verdade.
        Lúcio se aproximou de sua filha e lhe deu um abraço apertado como não fazia há meses.
        Quando se afastaram, Lúcio percebeu que Lola estava um pouco triste e cabisbaixa.
       - Então mocinha, o que passa pela sua cabecinha. Posso saber?
       Lola demorou para dizer algo mas quando abriu a boca novamente, fez uma pergunta que surpreendeu o pai.
       - Pai, como sei que estou apaixonada por alguém?
       Lúcio levou as mãos ao cabelo e ficou totalmente sem jeito e foi pego de surpresa novamente pela filha.
      - Bom, você sente que está amando por dentro. Quando não para de pensar na pessoa e seu pensamento antes de dormir e ao acordar só te leva à esta pessoa. E quando estão próximos, algo dentro de você te diz que ela é a pessoa certa, uma conexão, algo que não conseguimos explicar com palavras, apenas sentimos. Mas, porquê está pergunta? Por acaso esse coraçãozinho está batendo forte por alguém?
    Lola arregalou os olhos e se serviu de suco de laranja e tentou pensar em algo para dizer enquanto dava um gole no refresco.
   - Então, vai me dizer quem foi o rapaz que fisgou esse coração? - brincou o pai.
       Lola bebeu a metade do copo e mesmo assim não achou as palavras certas para dizer à ele. Não conseguia olhar nos olhos do pai, então mirava o copo e o girava entre as mãos.
    - Não estou apaixonada, pai. Que isso. Só perguntei porquê só pode ser amor o que você sente por Michele - tentou mentir ela.
  - Aaah, sim. Claro. Bom, minha querida. Esta é a palavra certa. Amor é quando você percebe que o que sente pela pessoa amada é tão forte e verdadeiro que a ama tanto pelo seu exterior quanto seu interior. E quando o interior for mais forte que qualquer coisa, saberá que é amor verdadeiro. Porquê atração física e toda beleza acaba com o tempo, mas a essência, a alma, o verdadeiro ''eu'' fica para sempre, e é ele que determina e nos mostra quem realmente a pessoa é. E quando você amar a pessoa por completo, saberá que é amor. O mais puro e verdadeiro sentimento do mundo.
     Lola ficou pensativa ao ouvir tais palavras ditas pelo seu pai. Ela nunca havia falado sobre amor e relacionamento com ele. O relacionamento de pai e filha, na maioria das vezes era baseado em brigas e discussões, mas Lola havia amadurecido aos poucos com a ajuda dos conselhos de sua amada Miranda. Ah, Miranda... Lola, depois de ouvir aquilo tudo sobre amor, só passava pela sua cabeça o rosto de Miranda e a lembrança de todas as vezes que estavam juntas. Não haviam dúvidas, era Miranda que Lola amava. Era Miranda e seus belos olhos verdes que invadiam sua mente todas as noites antes de dormir e todas as manhãs ao acordar. Era ela que fazia com que seu estômago se enchesse de borboletas a voar sempre que a via. Era ela que fazia seu coração acelerar, suas mãos suarem e sua boca desejar mais um beijo de despedida. Era ela que  a ouvia e fazia se sentir bem quando o mundo à sua volta estava prestes a desmoronar e tudo parecia que não havia mais esperança mas com seus olhos verdes como esmeraldas, Miranda trazia a esperança de ter uma vida melhor para Lola. Foi nesse dia que Lola percebeu que não apenas estava apaixonada pela professora como realmente e pela primeira vez na vida, estava amando. E o amor, era a coisa mais poderosa do mundo, não havia como comprar, roubar ou pedir para alguém, era um sentimento abstrato mais puro que vinha por dentro de cada ser. O amor era e é o que move o mundo em nossa volta. O amor é a esperança em dias ruins. É a luz em pleno caos. O amor, de todas as suas formas e maneiras é o que dá ao ser humano vontade de seguir em frente. E se amar fosse um pecado, Lola pagaria por ele pois estava disposta a ser feliz por mais que aquilo a custasse caro. Era o amor por Miranda que a movia, e por ele que Lola faria de tudo para ter Miranda em seus braços.

A Cor Púrpura de Teus CabelosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora