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"Ok, já entendi." 

O Matthew baixa o som da rádio, seguindo no lugar do condutor do meu carro após alegar não gostar de ir no lugar do pendura. "Já que não queres ouvir-me cantar, vamos conversar." 

"Ah?" Tiro a cabeça do vidro do carro e olho-o, confusa. "Não estou assim por estares a cantar." 

"Não?"

"Não, estou cansada." 

Estou exausta. Resultado de uma tarde inteira a ajudar o Wally a pintar a Galeria. Não era esse o plano, especialmente com o Matthew lá, mas a verdade é que fizemos um bom trabalho. 

"Pareces triste." Constata erguendo as sobrancelhas. "Pensei que fosse por estar a cantar. Sei que não sou bom mas—"

"Não estou triste." 

Talvez um pouco. Especialmente com a minha situação nestas férias. 

"Sobre o que queres conversar?" 

A minha pergunta parece diverti-lo porque pressiona os lábios para esconder o sorriso. 

"Sobre esta manhã."

"Esta manhã?" Inclino a cabeça e espero que desenvolva. 

"Sim. Sobre o teu… caso."

"Sobre o Taylor?" Sacudo os ombros, sugando o lábio. "Eu estraguei tudo, admito. Mas estamos melhores como amigos."

"É uma história linda mas não me refiro a isso." Nega estacionando o carro no estacionamento da Universidade praticamente vazio. 

"É sobre a Sasha e a Chloe? Não sei qual é o problema delas comigo." Tiro o cinto e deixo o carro, esperando-o no passeio. 

"Acho que sabes." Rebate entregando-me as chaves. "O problema chama-se Harry e o William. Quero saber mais sobre isso." 

"Acho que sabes o suficiente, com detalhes."

"Não, não sei. Admito que estou informado sobre o assunto mas existem sempre duas versões da mesma história."

"Desculpa, mas não vou falar sobre isto contigo. És amigo dos dois, principalmente do Harry." 

"E teu amigo também." Lembra dando-me um pequeno empurrão. "Vou-te dizer o que sei. O William gosta de ti e sendo o idiota que é, o Harry decidiu fazer disso um jogo. Vocês envolveram-se, tu descobriste a verdade…"

"Sabes tudo."

"Então e o que sentes por ele? Já ultrapassaste isso?" 

"O que sinto por ele?" Coloco-me à sua frente, impedindo-o de dar mais um passo. "Quem te disse que sinto alguma coisa por ele?" 

"Ninguém." Mente. De forma terrível, devo acrescentar. "Apenas presumi."

"Ele contou-te, não contou?" Fecho a cara. 

"Não! Eu presumi—ele também gosta de ti, sabias?" Dispara numa tentativa de remediar o seu erro. 

"Matthew—"

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔Where stories live. Discover now