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Acordo com o zumbido irritante do meu telemóvel debaixo da almofada.

Suspiro ruidosamente e viro-me para o outro lado, afastando-me do incômodo que acaba por cessar. Abraço a almofada e relaxo, ignorando as dores de cabeça, consequências de horas de choro, a todo o custo. 

O zumbido regressa e há um clique que me faz pensar na Marie. 

Levanto a cabeça e retiro o telemóvel de debaixo da almofada, porém a chamada não me soa a emergência.  

"Harry." Suspiro esfregando o rosto. "Pensei que tinhas dito para morrer longe." 

"Abre a porta." Grunhe. 

"O quê?"

"Abre a porta. Estás surda?"

"Que porta, Harry? Sabes que horas são?" Deito a cabeça na almofada. 

"A porta do teu apartamento. De que porta achas que estou a falar?"

"Vai para o teu quarto. É de madrugada e eu quero dormir."

"Mas eu quero falar contigo e não vou sair daqui enquanto não o fizer. Abres a porta ou vou ter que a arrombar? E não penses que estou a exagerar. Eu faço-o."

"Já vou." Suspiro, terminando a chamada. 

Algo não está bem. O Harry saiu daqui possesso e pensei que nunca mais ia dirigir-me a palavra mas parece que estava errada. 

Aposto que aquilo foi só o início.  

Caminho às escuras pela sala e abro a porta com cuidado para não acordar o Niall. Coloco uma mão na parede e outra na porta para o impedir de entrar no momento em que vejo uma garrafa na sua mão. 

"Volta para o teu quarto, Harry. Eu não quero conversar contigo." 

"Porquê?" Desencostando-se da parede, aproxima-se da porta e também ele coloca uma mão na porta, para me impedir de a fechar. 

"Acho que já dissemos tudo o que havia para dizer."

Ele encara o chão e balança a cabeça negativamente.

"Desculpa." Resmunga por entre os dentes. Ergo as sobrancelhas quando levanta o olhar e espero que continue. "Eu não tive a intenção de te magoar."

Semicerro o olhar, descrente. 

"Merda." Resmunga impulsionando-se para a frente, quase atropelando-me para entrar. 

Fechando a porta, procura a minha mão e agarra-a, levando-me para o meu quarto. Quando entra, fecha a porta com cuidado e ainda com a sua mão na minha, obriga-me a segui-lo pelo quarto para largar a garrafa em cima da secretária e só então olha para mim. 

"Ok, eu quis magoar-te... Porque estava chateado contigo."

"Porquê?"

"Porquê?" Repete incrédulo, largando a minha mão. "Porque não estou habituado a isto."

"Isto o quê?"

"Isto!" Insiste apontando para nós os dois. 

"Pessoas não fazerem exatamente o que queres?"

"Não! Não estou habituado a sentir coisas." 

"Sentir coisas?" Repito profundamente cansada e confusa para tentar perceber o que está a dizer. 

"Tu fazes-me sentir coisas, ok? Deixas-me nervoso e levas-me ao limite e eu odeio isso! Eu não consigo controlar-me e isso irrita-me, deixa-me…" Sem saber como continuar, passa a mão pelo cabelo. "Não estou a tentar justificar o que disse. Eu sei que foi errado e tens razão, sou exatamente como tu mas não... eu não quero ser assim."

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ