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"O que estás aqui a fazer?"

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"O que estás aqui a fazer?"

"Agora não posso aparecer por aqui? Entro e passo pelo Niall, ignorando o seu suspiro penoso. 

Dei-lhe uma semana para superar todo aquele drama após o aniversário da Sophia e se não o ultrapassou, o problema é dele. 

"Olá." Cumprimento a Emma que assim como ele me olha como se não me quisesse aqui. 

"Olá. Podes servir-te, se quiseres." Oferece apontando para a pizza na mesa de centro.

"Não tenho fome. Obrigado."

Instalo-me confortavelmente no sofá onde conto ficar pelo resto da tarde. 

"Vais ficar?"

"Sim, vou ficar. Algum problema?"

"Sim, queres que os enumere? Em primeiro lugar, a Anna vive aqui então é preciso seres muito cara de pau para aparecer. Em segundo lugar, ela já está chateada connosco por tua–"

"Ainda essa história?" Reviro os olhos. "Supera, Niall."

"Estou a partilhar o apartamento com uma pessoa que nem me olha nos olhos–"

Que dramático. 

"Ela não te olha nos olhos porque adora guardar rancor." Sacudo os ombros. "De mim, de vocês, da própria mãe—"

"Rancor?" A Emma inclina-se e esfrega a têmporas antes de me olhar, perplexa. "Sabes sequer do que estás a falar?"

"Sei. Não estavas lá quando disse que a mãe só está a ter o que merece? Soa a rancor para mim."

"Estás a ser um idiota pelo que disse sobre a Amy?" O nome da mulher escapa-lhe de forma impessoal. 

"A tua tia, sim." Assinto usando a palavra tia propositadamente, já que a mesma não o faz e não parece gostar da palavra. "Mãe dela. Como alguém que perdeu o pai, deves ter a plena noção de que o comportamento dela—"

"Oh, queres ir por aí?" Interrompe zombante. "O teu pai está aqui, vivo. Não dás a mínima para ele. Odeias o teu irmão, a tua madrasta… perderes a tua mãe não te ensinou nada sobre dar valor ao que tens."

"Porque o que tenho não tem valor, ao contrário da minha mãe."

"E é uma pena que a tenhas perdido. Tenho a certeza de que a tua mãe foi tão boa mãe quanto o meu pai foi bom pai para mim mas isso não significa que todos os pais são perfeitos e a Amy estava longe de o ser. Ela mal era alguém…"

"Então concordas com ela?" 

"Aquela mulher é o diabo em pessoa." Declara sem um pingo de drama ou qualquer outra emoção. É apenas o que é. "Por causa dela quase perdi uma das pessoas mais importantes da minha vida quatro vezes. Que bom que não estará aqui para tentar uma quinta vez."

"O que queres dizer?"

"Suicídio, Niall." Murmura sem desviar o olhar de mim. "A Anna não é má pessoa, Harry. Muito pelo contrário. Apenas está profundamente magoada e—" 

O seu discurso é interrompido pelo toque da campainha e por um momento nenhum de nós realmente presta atenção ao facto de que há alguém do outro lado da porta. 

"Eu abro." O Niall abandona o sofá sem a intenção de dizer nada. 

Suicídio? Merda

"Boa tarde." 

"Boa tarde." Ainda no exterior do apartamento, um homem com os seus quarenta e poucos anos, bastante bem parecido sorri educadamente. "Estou à procura da Anna. Foi-me dito que vive aqui."

A Emma espreita por cima do ombro e empalidece quando o homem entra, acompanhado pela que presumo ser sua esposa e três jovens com mais ou menos a minha idade. 

"Ela não está aqui no momento." Após fechar a porta, o Niall enfia as mãos nos bolsos, confuso. Principalmente quando a atenção do homem se dirige à figura da Emma, agora de pé, completamente em choque. 

"Emma?" O homem sorri suavemente, absorvendo cada detalhe do seu rosto. "Meu Deus, estás tão crescida."

"Estou surpresa que te lembres da minha cara." O seu tom, assim como a sua expressão mostram um enorme desconforto. 

"Desculpe," Limpando a garganta, o Niall coloca-se do lado da sua namorada de forma protetora. "Quem é o senhor?"

"Este senhor é meu tio." A Emma engole em seco. "Pai da Anna."

"Peço desculpa. Não me apresentei. James Shaw." Quando o indivíduo estica a mão para cumprimentar o Niall, a Emma vira-lhes costas como se não pudesse aguentar a ideia de ver o seu namorado cumprimenta-lo. 

O desconforto no meu estômago é cada vez maior. Pelas coisas que a Emma me disse e pelo seu estado neste momento. Pela confusa história que não parece ter fim. 

James Shaw, não Campbell. Se as quatro pessoas com ele são a sua esposa e filhos, significa que se divorciou da sua outra mulher? Porque é que a Anna escolheu ficar com ela ao invés de ficar com o pai que claramente tem condições para a ter junto dele? Há mais história? É por isso que a Emma não parece suportá-lo? 

"Muito prazer. Como disse, a Anna não está aqui de momento mas posso ligar-lhe e dizer—"

"Não faças isso." A Emma corta-o, balançando a cabeça. "Ele pode esperar. Certo, James?" 

O Niall, assim como eu, observa-a confuso com a animosidade que apresenta para com este homem de quem aparentemente parece não gostar. 

"Sim, posso esperar." 

Mas não precisa esperar muito. O silêncio cai sobre nós por alguns minutos antes da porta do apartamento se abrir. 

E o silêncio regressa, mais pesado do que antes.  

É como se a Anna estivesse a ver um fantasma. Quase automaticamente, os seus olhos escurecem tal e qual aconteceu quando ouviu sobre a sua mãe. Algo morre dentro dela. 

O que raios estas pessoas lhe fizeram?

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔Where stories live. Discover now