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"Anna

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"Anna."

Antes que eu possa dizer alguma coisa, o Niall levanta as mãos em sinal de paz, caminhando delicadamente até mim. 

"Não tens que falar se não quiseres mas, por favor, não me peças para ir embora."

Ele não devia estar aqui. 

Não agora.  

"Eu sei o que estás a pensar…" Murmuro atenta aos seus movimentos. 

"Não, não sabes." Sussurra sentando-se ao meu lado na berma do lago. "Sim, acho estranho o facto de que não quereres visitar a tua mãe num momento como este mas não julgo."

"Ela não é minha mãe."

Foco-me no movimento sereno da água. Não posso perder a cabeça e descarregar a minha raiva nele. Ele não me conhece. Não a conhece. Ele não sabe. 

"Se há algo que aquela mulher não sabe, é o que é ser mãe."

"Eu não sei o que aconteceu e não quero dizer nenhum disparate mas, embora possa não ter sido a melhor mãe, ainda é a pessoa que te trouxe ao mundo."

"Não é." Nego vigorosamente. "Ela não é nada."

"Estás a assustar-me, Anna." Admite, talvez perplexo com as palavras ou a falta de emoção. "Nem sequer pareces tu."

"Não me conheces, Niall." 

Balanço a cabeça negativamente. Que forma triste escolheu para me conhecer realmente. Que momento terrível escolheu. 

"Ela deixou-me assim."

Ela fez isto comigo. 

Destruiu-me até não sobrar nada. Destruiu a minha vida, cada momento, cada minuto de cada hora até ao fim dos meus dias porque nada apaga as memórias, nada afasta a dor. 

"Assim, como?"

"Destruída."

"Essa é de longe a imagem que tenho de ti." A sua mão cai sobre a minha, desesperada por dar-me algum conforto. 

"Não me conheces." 

"Conheço. Posso não saber muito sobre ti mas vivemos juntos há sete meses, falamos todos os dias, eu vi como cuidaste dos teus amigos quando eles mais precisaram, estiveste do meu lado quando eu precisei enquanto também tu precisavas de apoio e nunca pediste nada em troca. Mantiveste-te firme e forte. Essa é a Anna que conheço e não acho que esteja destruída."

"Mas estou."

"Isso não define quem és. Eu vou voltar para dentro e deixar-te espairecer mas não te quero ver sozinha por muito tempo, ok?" Colocando o meu cabelo atrás da orelha, inclina-se para beijar a minha bochecha. 

"Ok." Concordo vendo-o afastar-se pelo canto do olho. 

Fecho os olhos por um momento. Bastou cinco minutos, uma frase e eu viro um monstro sem sentimentos, sem culpa. Apenas raiva.

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔Where stories live. Discover now