Capítulo 13

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Para cada momento de felicidade que temos na vida, todas têm uma sensação distinta. Seja a ansiedade da chegada do primeiro filho, a conquista do primeiro emprego, o desejo do beijo correspondido, e a alegria em poesia do amor eternizado. Passei por todas essas situações, mas confesso que sinto dificuldade de exprimir o que estou sentindo nesse exato instante ao ver minha sardentinha despertar.

- Eu estou aqui Júlia! Estou aqui. - me precipito até sua cama, a boca seca, enquanto acaricio de leve seus cabelos. A enfermeira entra para averiguar seu estado e Júlia tenta se situar num desespero.

- Caíque, nosso bebê? Ele está bem? Diz pra mim que ele está bem? - seguro sua mão com força, enquanto a enfermeira se pronuncia.

- Vou chamar o Dr. Rubem. Já volto! - ela sai e tento acalmar minha morena, sem conseguir deixar de sorrir.

- Acalme-se Júlia. - solto de forma branda e observo sua respiração descompassada começar a se estabilizar. - Está tudo bem com nosso filho. Acredite em mim ok? - sorrio emocionado, enquanto ela assente num meio sorriso, aliviando meu coração.

Rubem adentra no quarto e toma conta de todas as formalidades para comprovar o estado de saúde da minha sardenta. Observo tudo de perto, na ansiedade apenas de comprovar o que já tenho certeza: Júlia está bem e fora de perigo.

Após uma hora de uma minuciosa avaliação do médico, meu coração finalmente tem uma trégua na apreensão que estava a me corroer.

- Muito bem Júlia. Aparentemente não existe nenhum tipo de seqüela ou problema proveniente do tempo em que ficou desacordada. Você está muito bem, seu filhote também. Isso já é um ótimo começo. No entanto, preciso de exames mais complexos, por isso, ainda não vou te liberar para a enfermaria. - ele explica ao guardar o aparelho de pressão e volto a me aproximar deles.

- E quando será? - ela indaga num suspiro, enquanto volto a agradecer baixinho o fato dela estar viva.

- Por hoje, você vai descansar. Amanhã faremos uma ressonância e um exame completo de sangue. Se tudo sair bem, libero você pra enfermaria ok? Até lá, nada de estripulias. Entendeu Dr. Caíque? - sorrio quando meu amigo aponta pra mim num olhar matreiro e vejo que Júlia sorri de lado também.

- Pode deixar. Obrigado por tudo meu amigo. - abraço-o realmente agradecido, enquanto o médico me deixa a sós com a linda morena no quarto.

Um silêncio reconfortante domina o ambiente e embora queira disfarçar, não consigo esconder minha euforia dela num largo sorriso. Caminho em passos lentos até ela e nossos olhos parecem dizer todas as palavras que não saem da minha boca, tão grande é o magnetismo entre eles.

- E a Mel? - sua voz treme e outra vez, estou com meus dedos entranhados em seus cabelos. Simplesmente não consigo manter minhas mãos longe dela.

- Está morta de saudades. Ficou no meu pé, enquanto não trouxe o bilhetinho dela pra você. - ela sorri e continuo com movimentos lentos em seus fios, enquanto seu semblante vai relaxando devagar. - Ela tinha certeza que quando você ouvisse, você ia acordar. Ela nunca duvidou disso.

- Ela é muito sábia. - o sorriso que tanto adoro aparece em seus finos lábios e inclino meu rosto ainda mais próximo do seu.

- Como está se sentindo? - murmuro, nossos olhos na expectativa do que vem pela frente, enquanto ela ofega devagar.

- Agradecida pela nova oportunidade. Nasci de novo, então, é o momento de fazer tudo certo dessa vez. Não acha? - dessa vez, sou eu que suspiro indeciso do que fazer, embora o desejo que me consome seja apenas um: beijá-la a vida inteira.

- Você não faz idéia Júlia...Eu... - fico mudo numa respiração ofegante, enquanto seus olhos verdes me fitam com tanto encanto que me sinto em suas mãos.

De volta ao Passado - Livro 2 Série VoltasTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon