Alianças De Sangue 2 - Transcendência

Capítulo 37 - Antepassado

(Revisado)

De onde estavam ouviram o sino tocar, ecoando seu forte tom por todo o bairro.

Tumm. Tumm. Tumm.

Repetidas três vezes, numa sonoridade assustadora até mesmo para eles.

O andar em que estavam naquele instante era abaixo do piso superior da igreja, local onde Adryan, Camile e Tália haviam encontrado com o homem de grandes olhos verdes e dentes um tanto amarelados, que ainda trajava em seu corpo a batina de padre, algo que Adryan e ambas duvidaram seriamente que ele fosse. Padre Bruno. Como ele se apresentou mais tarde.

O sino enfim ficou em silêncio e ali, agora, todos os três apenas ficaram olhando para Camile que, com o celular de Adryan fixado em suas mãos e com seus olhos presos na tela estava, ainda revendo pela décima vez o mesmo vídeo, um vídeo no qual Adryan havia sido apresentado para um garotinha de olhos e cabelos negros, igualmente tímida como ela era na infância.
Uma menininha que tinha uma marca avermelhada em sua nuca, assim como ela.

Sua boca formou um vão vazio e ainda descrente de tudo que tinha escutado dele, tentava acreditar que aquela garotinha era ela, que aquela pequena mocinha no vídeo de olhos escuros e com um vestido em tom verde abacate em seu corpo, era realmente ela.

— Eu quis te mostrar isso antes. — Ele quebrou o silêncio entre todos ali.

— Com... Como isso é possível? Quero dizer, como posso ter certeza de que sou eu nesse vídeo? É só um vídeo, certo? — Tentou se manter sã em meio a toda loucura.

— Sei que é difícil de aceitar, Camile. Sei disso melhor do que ninguém, mas essa é a verdade. Você e eu já nos conhecemos antes, assim como Anne. Na verdade nós três viemos do mesmo lugar. De um laboratório. — Reforçou o que já havia dito, e então, saindo do silêncio, Bruno falou.

— Não foi de um laboratório qualquer. — Disse, fazendo os três olharem para ele ao mesmo tempo. — Vocês vieram do complexo.

— Complexo? — Adryan retrucou, havia sido a primeira vez que ouvira aquele nome. — Onde fica isso?

— Você já foi lá, Adryan. Até recentemente você estava lá. Você também. — Apontou para Camile.

— Minha antiga casa? — Perguntou confuso, e então aquele homem de cabelos escuros e grandes olhos verdes sorriu.

— Não, sua casa não, o bairro/laboratório de Lívia. — Falou, deixando Adryan com as sombrancelhas arqueadas, tão perdido em tudo aquilo.

— Isso é loucura. — Disse, retraindo seus passos para mais perto de Camile, deixando por um instante apenas seus pensamentos serem realocados para um local de melhor compreensão.

— Você ainda não percebeu, não é? Quando você conseguiu chegar até Vilion foi por meio de uma trilha, não foi? — Perguntou num tom retórico, deixando seus olhos flagrarem Adryan assinalar com a cabeça positivamente.

... — Pois bem, e quando você chegou até Lívia? Também foi por um trilha, não estou certo? Agora pense, Adryan. Você já descobriu que só conseguiu chegar até Vilion porque já tinha ido lá antes quando era pequeno. Como acha que conseguiu chegar até Lívia?

Ele olhou aquele homem de expressões sérias e com linhas na pele de sua testa e pensou, como o mesmo havia lhe pedido. Pensou e repensou, na verdade. Tudo era confuso, mas algo ali se encaixava com a mais bela perfeição, a conexão das malditas trilhas.

Vagou em devaneios por alguns segundos e viu Camile lhe fitar com um olhar desconhecido para ele, um olhar vago e frio, algo que não lhe era pertencente, já que ela sempre tivera em sua feição uma expressão forte e um olhar intimidador, isso era ela, sempre. Não aquilo que ele viu naquele instante, uma mulher assustada, também pudera, com tantas coisas acontecendo, Camile só poderia mesmo desmoronar em cima de si.