Alianças De Sangue 2 - Transcendência

Capítulo 14 - Inércia

(Revisado)

Ainda lhe doía pensar que Anne havia o traído, sua boca seca fazia qualquer deserto parecer um maravilhoso oásis, dentro de seu peito logo faltaram sentimentos, e tudo que Camile havia dito minutos atrás estava fresco em suas memórias.
O dono dos olhos castanhos viu-se perdido dentro de uma imensa tempestade de fatos desconhecidos para ele.

Enquanto seu coração ainda tentava de todas as formas possíveis acreditar que nada do que Camile lhe disse era real, sua mente travava o oposto, deixando as rusgas de dúvidas assolar o seu silêncio.
Adryan ainda encostado na parede perto da porta estava, os pés fincados como uma forte rocha ao chão daquele corredor se encontrou e de lá não saiu, seu estado de lonjura era claramente visível através de seus olhos, todavia ninguém além dele se encontrava naquele lugar, naquele momento.

Uma de suas mãos deslizou pela parede, e Adryan logo tivera um impulso que lhe fez querer descobrir o que de fato estava acontecendo, queria entender tudo o que Camile havia dito e colocado em xeque a confiança que tanto existia nele com a mulher de olhos azuis como o mar.

“Preciso saber... Eu tenho que saber se tudo isso é mesmo verdade.”

Conversou com sua já confusa mente naquele instante, olhando o corredor iluminado e vendo uma porta de metal no final do mesmo, a porta do elevador que o levou até aqui.

Seu olhar se inclinou e ainda deixando levemente suas sombrancelhas serem arqueadas, Adryan pôde ver as horas naquele momento, vinte uma horas e trinta e seis minutos. Era o que marcava o relógio numa das paredes.

Como num toque de mágica seus pés quase que automáticos saíram do lugar que estavam estacionados, deixando assim ele ir na direção do elevador.
Seu corpo logo fôra saindo de perto do quarto de Camile e assim ele pôde ver outra vez a jovem mulher que havia visto na primeira vez em que esteve naquele corredor, sua janela era a única que não estava escurecida totalmente e com a claridade, Adryan conseguiu vê-la.

Viu também outra mulher, uma jovem com seus cabelos totalmente bagunçados e olhos cansados, deitada sem muitas forças numa cama. Com seus braços esticados deixava transparecer o nítido desgaste de seu corpo, era a mesma mulher da primeira vez em que ele soube do processo exploratório.

Seu corpo parou em frente ao quarto e assim Adryan deixou seus olhos serem levados para dentro daquele lugar, ainda vendo àquela cena em sua frente, algo surreal e em que nada se parecia estar bem, sentiu um pequeno conflito em seu peito, percebendo que talvez aquela mulher não estivesse ali por vontade própria, como Lívia havia dito outrora.
Sua visão ainda perturbada via aquela jovem, quando sem aviso prévio a janela então se escureceu, deixando o vidro ser totalmente negro, fazendo com que Adryan perdesse de vista qualquer detalhe dentro do quarto.

Um de seus pés logo o impulsionou para frente, num gesto simples, fazendo ele ficar em frente a porta, sua mão direita tocou a maçaneta tentando abrir o quarto, todavia a mesma estava trancada e logo o número cinco ficou visível em sua frente, era a numeração do quarto da desconhecida, assim como o de Camile, que se encontrava ao quarto de número vinte e um. Aquilo chamou sua atenção, e vagando em devaneios deixou um rápido sorriso se apossar no canto de sua boca.

— Quarto cinco. — Disse com sua voz num tom baixíssimo, deixando seus dedos percorrem aquele número rapidamente. — E quarto vinte e um. — Lembrou do número do quarto de Camile. — Deve ser alguma piada de mal gosto.

E, assim, Adryan outra vez seguiu seus passos rumo ao elevador, deixando para trás aquele estranho momento, focando outra vez sua mente no que era importante; descobrir se de fato Anne havia mesmo lhe traído.

Adentrou ao elevador e logo apertou o número do andar no qual queria ir, três andares abaixo do qual ele estava. Os segundos dentro daquela lata de metal transportadora pareciam infindáveis e então o seu lugar de desembarque enfim se apresentou para ele, fazendo com que o mesmo deixasse seu corpo sair para fora e pisar outra vez no corredor.