Capítulo 35 - Confissões

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(Revisado)

Ela voltou, mesmo contra sua vontade Anne dera alguns outros passos e retornou para o subsolo, onde sua mãe a chamava. Seus olhos ainda estavam cansados devido ao sedativo, mas em sua mente ela ainda tentava entender o porquê ali fora era dia, já que quando saiu do subsolo tivera a certeza de ter visto horas noturnas sendo marcadas no relógio.

Estava confusa. Um tanto quanto sonolenta, e a mesma sequer sabia que havia sido atingida por um sedativo, para ela, havia passado mal, apenas isso.

O elevador chegou e então ela desceu, quieta por fora, todavia com a mente tão gritante quanto um choro de um recém nascido, que por segundo algum para de gritar.
Os números iam diminuindo e finalmente chegaram outra vez ao andar de baixo, no escritório que Lívia sempre ficava.

Aquele jovem rapaz lhe guiou pelo corredor de paredes claras e luzes florescentes e a levou até a porta da doutora. Bateu três vezes e escutou a mesma pedir para que Anne, e somente ela, entrasse, e assim ela fez, mesmo que seu maior desejo fosse não mais ficar ali, nem mesmo por alguns minutos extras, porém queria entender tudo, já era mesmo hora para isso.

— Por favor, queira se sentar. — Os olhos esmeraldas daquela mulher a fitou, sentada atrás de sua mesa ela lhe convidou.

Menos de dez passos a separava da cadeira, e assim, apesar de querer ir na direção contrária, fôra até a direção de sua mãe, a doutora Lívia, que em silêncio lhe esperava sentar na cadeira em sua frente, como se fosse ela uma simples paciente.

— Obrigado por voltar, não sabia se iria vir. — Disse com uma voz mais baixa que o seu habitual, porém com a mesma entonação forte de antes.

— Nem eu sabia se deveria vir. Ou se eu realmente deveria ainda estar aqui.

—Eu quero que entenda uma cois...

— Vamos parar com as formalidades, acho que já passamos desse ponto, não é mesmo? — A ruiva num tom de impaciência a Interrompeu. — Apenas vamos ser sinceras uma com a outra, mãe. — A chamou pelo nome maternal em tom de ironia.

— Tudo bem. Você têm razão. O que quer saber? — Perguntou, arrancando um riso irônico do rosto da ruiva. Anne tinha uma caixa de Pandora de perguntas.

— Vamos começar pelo final. — Ela disse. — O que foi àquilo hoje cedo?

—Filha... — Fizera uma pausa, deixando que sua voz se deitasse numa pequena melancolia. — É complicado.

Aquilo fôra o cúmulo, talvez tivesse sido até mais do que isso, seu limite de desculpas já havia sido estourado fazia tempo, muito tempo. De uma só vez a ruiva forçou seus pés sob o piso daquele chão, empurrando seu corpo para trás e em seguida se ergueu, deixando que a cadeira na qual estava sentada segundos antes fizesse um rodopio. A mulher de olhos azuis sem nada dizer apenas caminhou na direção da porta, a mesma porta que contra sua vontade tinha entrado poucos minutos antes. Estava determinada a sair daquele lugar, sabia que não iria conseguir arrancar nenhuma resposta de sua mãe.
Olhou para Lívia uma última vez e tocou na maçaneta prateada, aquela última desculpa fôra seu limite.

— Você quer mesmo a verdade, Anne?! — Lívia se levantou da sua cadeira de couro escuro, apoiando-se sobre ela com as duas mãos espalmadas na mesa. — Quer mesmo saber de tudo?

— Sim, eu quero! Vocês não cansam de ferrar com minha vida?

Lembrou de outrora quando o seu pai havia lhe feito tanto mal, e para ela aquilo já tinha atingido sua cota de pais ruins, mal sabia que não era nem a metade da história, ela sequer conhecia sua própria história.

Alianças De Sangue 2 - TranscendênciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora