Alianças De Sangue 2 - Transcendência

Capítulo 4 - Corações de gelo

(Revisado)

Sentiu os olhos abrindo levemente, sua visão ainda lhe era embaçada e com pouca nitidez via o que estava acontecendo à sua frente, com seu corpo ainda deitado na cama e dentro da cela na qual fôra jogada ficou, Anne acabava de ter um despertar.

Suas mãos então foram ao encontro dos olhos, fechando os mesmos e tocando com os dedos sobre as pálpebras, fazendo um movimento de idas e vindas querendo por fim clarear seu campo de visão, àquilo continuou por três pequenos segundos, até que por fim viu algo nitidamente à sua frente, era um homem, de pele morena e cabelos curtos, olhos cor de mel e que com um sorriso branco no rosto estava a lhe encarar, esperando que a ruiva acordasse de uma vez por todas.

Sem as devidas forças em seu corpo ela então pôde reconhecer a pessoa em sua frente, era Adryan, o que lhe deixou ser levada por um pequeno calafrio, já que o mesmo imóvel ficara como estátua observando-a.

“Adryan?” — Ela com seu corpo  aos poucos se virou delicadamente para sentar na beira da cama. — “ Tudo bem?”

“Isso tudo é culpa sua” — Sua voz saiu serena e calma, deixando Anne apenas sentir um mínimo desprezo de sua parte. — “Sabe disso, não sabe?”.

“Me perdoa, eu jamais quis isso pra você”

“Tudo bem.” — Disse, colocando uma de suas mãos para trás da cintura. — “Eu sempre quis isso, foi a melhor coisa que me aconteceu” — Adryan falou, e em seguida mirou uma arma na direção do corpo da mulher sentada ao lado da cama, lhe alvejando com três tiros.

A ruiva logo sentiu seu corpo cair na cama tocando o rosto delicadamente no colchão, Anne tocou com uma de suas mãos a barriga, e viu apenas um tom vermelho em seus dedos, ela já estava a se afundar no próprio sangue.

Os pêlos de seus braços ainda estavam arrepiados, quando com a visão outra vez nublada pôde ver Adryan se abaixar ao seu lado, ficando apoiado em cima das próprias pernas, lhe tocando levemente com as mãos.

“Agora você está em paz” — Ele disse, deslizando com a ponta de seus dedos a pele da ruiva, lhe acariciando delicadamente.

“Porque?” — Anne questionou com dificuldades, sua respiração era tão falha que as palavras saíam em tons baixos, quase não sendo possível de serem escutadas. — “Eu mereço saber, porque Adryan?”

“Não existe motivos. Eu deveria ter feito isso quando te conheci.” — Ouviu ele responder, dando um sorriso psicótico em seguida, enquanto brincava com os fios de cabelo avermelhados entre os dedos.

Falou e em seguida deu um novo disparo, fazendo os olhos, que outrora eram azuis, se fecharem de uma vez por todas, deixando apenas o vazio no seu lugar.

Seus passos foram se afastando do corpo dela, indo em direção a parede de vidro, querendo observar algo do outro lado.

Sua respiração era leve e em seu peito nada lhe era diferente, não sentiu remorso, não lhe abateu dor alguma, e assim com os olhos vazios ficou, aguardando algo ou alguém lhe chamar para que pudesse sair daquele momento.

E então de um instante para o outro sentiu que já não estava mais no mesmo lugar, era um novo ambiente, tudo era diferente e apenas o ar gélido era a conexão entre ambos os locais.

Olhou para a extensão de seu corpo e notou que o mesmo estava deitado dentro de uma máquina, com seus braços esticados, preso pelos pulsos.

— Socorro! — Deu um grito revirando todo seu corpo, querendo em desespero sair de onde estava. — Quem esta aí? — Fez um pequeno movimento com seus olhos ao escutar de longe duas vozes conversando e citando seu nome.