Parou em frente à porta do quarto da garota e bateu pedindo a entrada no recinto. Ao ter acesso, assustou-se ao notar os olhos vermelhos inchados da garota.

- O que houve, Evy? Posso entrar?

- Sim. – murmurou a princesa abrindo o restante da porta e dando espaço para que o rapaz entrasse em seu quarto. – Sente-se ai – apontou para o sofá que ficava na lateral do seu quarto.

- E aí, vai me dizer o que aconteceu pequena? – perguntou e chocou-se quando Evelyn jogou-se em seus braços e lhe deu um abraço apertado. Não sabia o que dizer, porém colocou os membros em volta das costas da garota, fazendo que ela recosta-se em seu peito.

Não sabia o que se passava na cabeça dela, mas ver Evelyn daquela forma o deixava transtornado. Estava acostumada com a garota alegre, divertida, impetuosa e forte. E aquela menina que estava na sua frente parecia quebrada e frágil.

Deixou que ela ficasse naquela posição até que pudesse se acalmar e contar o que estava acontecendo.

- Henrique, você está bem com tudo isso relacionado a gente? - perguntou a menina depois de um tempo, se afastando levemente do rapaz.

- Como assim Evy? Por que está perguntando isso agora? – retrucou vendo a garota engolir em seco.

- Não é nada – mentiu – Hoje me bateu um desespero, como consegue se mostrar sempre tão tranquilo em relação a tudo?

- Evy... Nós sabemos o porquê de fazer isso. Nossos pais já contaram todas as histórias, quantas pessoas morreram nas batalhas e como tudo faz parte do acordo. Crescemos sabendo que esse dia chegaria, não é? – falou docemente tocando o queixo dela. – Vai ficar tudo bem, nós vamos cumprir a aliança e vamos continuar os tempos de paz que por décadas ficaram esquecidas. Milhares de anos depois estaremos nos livros sendo lembrados pela coragem de entregar nossas vidas por um bem maior.

Evelyn em um ímpeto se inclinou sobre Henrique lhe dando um beijo casto nos lábios. O príncipe, em primeiro instante, tomado pelo susto, ficou parado, mas logo depois, tocou na bochecha de Evelyn e retribuiu-lhe o beijo. Foi questão de segundos até se afastarem.

- Desculpe, eu precisava saber se sentia alguma coisa. Você sentiu? - perguntou ela com expectativa.

- Evy... não faz isso. – Henrique murmurou. Desviou o olhar da menina, sem saber como respondê-la.

- Você não sentiu, não é? Não precisa ficar constrangido Henrique. Eu sei que o que sente por mim não passa de uma amizade. Mas não tem mais do que isso, não é? – perguntou-lhe novamente. Não estava triste, na verdade, estava grata por saber que estavam no mesmo barco.

- Desculpe Evy, mas um dia eu acredito que possamos construir algo juntos.

- Não tem porque se desculpar grandão – falou seu apelido carinhosamente. – Eu também não senti nada, e isso me deixa aliviada de certa forma. – confessou.

- Evy, você está tendo sentimentos por alguém?

A menina engoliu em seco e olhou para baixo, em seguida, levantou a cabeça vagarosamente e fitou o rapaz.

- Você não? – devolveu a pergunta - Em todos esses anos, nunca teve alguém que fez seu coração bater mais forte, que te fez perder a linha e pensar em jogar tudo para o buraco?

A garota viu Henrique olhar o horizonte como se não quisesse responder.

- Não podemos nos dar a esse luxo Evy. – falou com pesar.

- Eu sei, mas nem por isso quer dizer que é fácil.

- A gente vai fazer dar certo Evy... Quando o dia chegar, vamos estar prontos. – disse lhe abraçando.

Trono de SangueWhere stories live. Discover now