" Desculpe, mas eu não posso ficar longe de você. - Andrew. "

Amassei o bilhete e joguei fora, coloquei as flores em cima da mesa e fui me deitar. Estava farta disso.

Jason On.

É quando os começos chegam aos finais, que nos isolamos do mundo, típico de um fraco. Eu sou um fraco. Todos nós somos fracos. Essa é uma dor desnecessária pela qual todos escolhemos passar. A minha mente entende que ela não pode mais ser minha, mas o meu coração continua na falha tentativa de me convencer ao contrário. Todos os risos, todas as palavras inundadas pela sua voz doce. Eu a deixei ir. Eu já a havia perdido muito antes do que eu possa imaginar. Quando eu tentei seguir em frente ela sofreu, e olhe agora, o jogo virou, não é mesmo ? Eu a admiro com todas as minhas forças, eu admiro a sua força, a sua coragem. Eu devo admitir que eu fui um tolo. Mas é como dizem, nós queremos com mais intensidade aquilo que não podemos ter. Virei o sétimo copo de Whisky de uma só vez. A música ao fundo me fez desistir dos copos e virar a garrafa. A letra teve o poder de me ferrar ainda mais. Já se passava das três da manhã e ainda assim, o mundo parecia um eterno barulho em minha mente. Eu estava sozinho, observando a vista de uma parte do Canadá pela janela.

" Me disse que está deixando essa cidade
Disse que precisa de um tempo pra explorar
Disse que eu não posso mais amá-la

Então minha querida pegou tudo o que tinha
Prometeu nunca mais voltar
Me deixou sozinho e sem
Nenhuma pele que eu possa estudar
Os azulejos ficaram mais frios para serem tocados
Lascas de madeiras, metais enferrujarão
Mas querida ela tinha toda a minha confiança
E eu acho que nunca foi o suficiente
Pensando nela
Ela vai embora o tempo todo (ela acabou de chegar) "

E junto com a música mais uma garrafa de whisky se ia.

Alison On.

Lavei o rosto com a água fria, sentindo - a em meus poros, por um segundo era libertador, até eu me lembrar que eu tenho que vê-lo hoje. No espelho, meu reflexo pálido e magro, os olhos azuis apagados, eu nem lembro a última vez que eles se iluminaram, pra dizer a verdade. Os cabelos negros caindo em suas ondas até a cintura, a blusa verde claro com o seu pequeno volume na parte dos seios, molhada no canto perto da clavícula. Eu não me lembro qual foi a última vez que eu me senti bem, de verdade.

Sai do apartamento, ainda bastante bagunçado e fui em direção ao carro. Eu não posso explicar a ansiedade e êxtase que estou sentindo, e infelizmente, não é no sentido bom.

Passei pelo ar condicionado que abrandava na porta de entrada da editora e pude sentir o peso dos meus ombros voltar novamente. Isso é tortura. Lá estava ele, me olhando, como fazia todos os dias, ultimamente. Seus terno bem passado, seus sapatos caminhando até mim. Me deixando ainda mais nervosa, a ponto de dar um passo pra trás involuntariamente.

- Eu preciso que preencha esse formulário. - Foi tudo o que ele disse antes de se virar e retornar a sua mesa. O segui, porque a "sua" mesa, era a minha mesa. Me sentei ao seu lado, sem dizer uma palavra e fui preenchendo o papel. Ambos ficamos em silêncio até a hora do almoço, sua carranca irritada se desfez apenas para falar comigo ;

- Me encontre na lanchonete à frente. - Ele disse colocando a mão em cima da mesa e deixando uma caneta azul escura em cima de um papel. O encarei até que ele sumisse, como ele podia ter tanta certeza que eu iria ? Ele estava certo, mas isso era incompressível. Fiquei sem entender até virar o papel abaixo da caneta, era o recibo das flores que ele me mandou ontem. Entrei na lanchonete e o vi sentado á esquerda perto da janela, me sentei à sua frente.

SegredosWhere stories live. Discover now