Segredos

Loaa ko oukou makau

Loaa Ko oukou makau; Vença seus medos.

Guardei na bolsa dois casacos fora o que eu estava usando, soltei meu cabelo e vi a hora. Era exatas quatro da manhã, Andrew já estava na porta, me chamando.

- Não está esquecendo nada? - Ele perguntou antes de trancar a porta. Neguei com a cabeça e descemos até a van, onde a moça alta e loira começou a explicar o que podíamos ou não fazer.

Depois de uma hora de várias curvas e paisagens de se tirar o fôlego, estávamos no estacionamento do topo e ela começou o tour.

- Apresento a vocês, o Nascer do Sol na cratera (vulcão) do Haleakala. O vulcão, virou um parque chamado "Haleakala National Park", o vulcão está dormente, mas todo cuidado é pouco. Haleakala tem o significado de casa do sol, vocês já devem imaginar o porquê. - Ela sorriu nos guiando por mais uma curva acentuada. O estacionamento estava muito cheio, para a minha surpresa, já que estava muito frio. Vendo cada turista se encolher e envolver o próprio corpo e o de seus acompanhantes, ela se virou e disse : - O Haleakala fica acima das nuvens. Assim, ainda que hajam nuvens, neblina ou chuva na parte do vulcão você provavelmente verá um nascer do sol bonito. Isso compensará todo o frio, garanto à vocês. - Nos guiou até o topo do vulcão, e dali cada um teria de se virar para encontrar um lugar na mureta e observar o nascer do sol.

A multidão falava descontroladamente. Andrew me guiou até um lugar vago no muro, o céu ainda estava um pouco escuro e as nuvens cobriam todas as crateras. Ele segurou minha mão e todo aquele barulho desapareceu, todos pararam para ver os primeiros raios de sol, iluminando o ambiente com a sua luz natural vagarosamente, Andrew bateu algumas fotos e depois me abraçou. Todos os turistas aproveitam a visão com um encanto nos olhos. Era mágica a visão do sol dali de cima. Clareava as nuvens e o olhar de cada um ali presente, por mais que aquilo estivesse lotado podia se confundir com um deserto, não havia nenhum, literalmente nenhum barulho. O vento forte soprava meus cabelos para trás e mesmo com três casacos eu ainda estava com muito frio, mas de qualquer forma, valeu a pena. Após o nascer do sol, nos juntamos todos com a guia de turismo outra vez.

- O cume da montanha fica a 3055 metros de altura, e por isso não há plantas e nem animais habitando este pedacinho do nada e é um dos melhores lugares de todo o Havaí para ver o nascer do sol que acabaram de observar. - Ela disse ainda parada. - Espero que tenham gostado, estão livres para explorar o parque e suas fazendas, estaremos lá no estacionamento para levá-los a hora que preferirem. Juntem-se a cada instrutor, no que preferirem observar. Estão em segurança aqui em cima. - Ela disse e o grupo se dispersou.

Eu e Andrew optamos por ir passear pelo parque.

- O que achou ? - Ele me perguntou.

- Foi incrível. - Sorri. - Foi como se estivéssemos fora do mundo real. Se sua ideia de viagem era esquecer toda a bagunça lá fora, está funcionando. Tudo parece um sonho. - Eu disse e ele sorriu.

Passamos por várias vegetações e animais em extinção. Corri até a beira de uma plantação e tirei foto de uma plantinha chamada silverword haleakala. Andrew me puxou e corremos até o meio do caminho.

- O que foi ? - Perguntei assustada quando finalmente paramos.

- O segurança. - Ele não conseguia parar de rir. - Você invadiu a plantação, Ally.

- Não, não invadi não. - Dei de ombros e fui para a beira, observar a cratera. A névoa estava se dispersando e era possível ver extensão da cratera, que lembrava uma paisagem lunar e com muitos tons de vermelho e marrom. Era incrível.

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Ao chegar ao monumento Pearl Harbor, às cinco da tarde, após termos dormido a tarde no hotel, fomos direto ao memorial USS Arizona do ataque de 1941. A plataforma transparente abaixo de nossos pés nos permitia ver parte da embarcação, aquilo me causava um pouco de medo, ao perceber isso Andrew pegou minha mão e me lançou um sorriso acolhedor. Vimos todas as coisas que nos foram permitidas observar. Após a visitação, Andrew me levou para um jantar.

- Então, o que tem a dizer sobre o dia de hoje? - Ele me perguntou servindo uma taça de vinho. Seus olhos brilhavam e seu sorriso, era a melhor recompensa que uma pessoa podia ter.

- Eu amei. - Sorri. - Eu amei o nascer do sol, foi a coisa mais linda que eu já vi. E quanto ao memorial, foi ótimo também.

- Você estava com medo. - Ele deu de ombros.

- Um pouco, talvez. - Eu ri, corando. Andrew percebeu e sorriu de lado.

- Só temos mais dois dias aqui, Ally. O que vai querer fazer amanhã?

- Foi tão rápido. - Eu lamentei. Eu sei que havíamos combinado de ficar duas semanas em Paris e uma no Havaí, mas eu queria poder aproveitar mais. Andrew volta a trabalhar antes de mim, então temos que estar em casa até domingo, o que realmente me deixava triste. Havíamos estado tão longe de toda a confusão e bagunça que as nossas vidas juntas nos causam. - Me surpreenda. - Falei por fim e sorri.

- Amanhã haverá um campeonato de surfe na praia de frente para o hotel, o que acha? - Ele perguntou.

- Ótimo.

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Quando acordei, demorei apenas uma hora para me arrumar, colocando apenas um short jeans e uma camiseta velha de alguma banda, meus cabelos estavam soltos. Desci e encontrei Andrew na recepção.

- Ei, eu não quis te acordar. - Ele disse me dando um beijo na testa. - Obrigado. - Ele respondeu a recepcionista.

- O que foi? - Perguntei caminhando ao seu lado até a orla da praia, onde uma multidão de gente se concentrava.

- Eu só estava pedindo informações de como faríamos para ir a um parque.

- Eu pensei que a gente ficaria para assistir a competição. - O encarei desentendida.

- E vamos. Mas quero fazer do nosso último dia aqui, um dia especial. - Ele disse e se posicionou em frente ao lados de um dos jurados, me levando junto com ele.

- Certo.

- Ouçam, explicarei as regras novamente e o nome dos competidores... - Um homem da bancada disse no microfone, mas eu só escutei até essa parte antes de ler a faixa colocada à cima de nossas cabeças um pouco mais à frente.

"Não deixem que o medo de errar, os impeçam de tentar."