O vazio é cheio por dentro.

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Natalie On.

Alison acariciou meu braço pela milésima vez na madrugada. Apertei sua mão e a do meu pai, na maca. Ele estava dormindo, depois do susto que foi ter um avc. Os médicos disseram que ele ainda está em observação. Meus olhos estavam inchados e avermelhados.

- Obrigada por vir. - Falei e dei um abraço na Ally. Tê - la aqui comigo além da minha mãe, me fazia um pouco mais segura.

- Ok. - Disse ela quase cochilando ao meu lado. - Eu sempre vou estar aqui.
- Sussurrou com os olhos fechados.

Sorri e acariciei seus cabelos negros.

Ouvimos passos no corredor, Alison levantou a cabeça e esfregou os olhos, se levantou e disse :

- Eu vou ligar para Kourt, certo ?

- Tudo bem. - Assenti e vi ela cruzar a porta no mesmo instante que a médica.

Alison On. 

Me encostei na parede branca gélida. Peguei o celular em meu bolso e disquei o número da Kourt.

- Oi. - Uma voz rouca atendeu o celular.

- Kourtney, você está melhor ?

- Eu ainda estou com febre, Ally.

- Eu já vou ir pra casa. Já tomou café ? - Perguntei preocupada.

- Eu não estou com fome.

- Come alguma coisa, beijo. - Falei e desliguei o celular ao escutar o grito de Natalie.

Dois dias depois...

" E que entreis no reino dos céus, e que viva eternamente ao lado do senhor. "

- Eu gostaria de acordar e não me lembrar de nada, mas às vezes eu desejo lembrar, na verdade, eu desejo voltar no tempo. É complicado, mas como conclusão, eu tenho medo das lembranças, as considero perigosas. Tenho medo de te ver sorrir em minha mente, de todas as brincadeiras, de todos os choros. Tenho medo, porque, agora são só lembranças. Lembranças para serem lembradas, não mais revividas, não mais sentidas, mas sim, lembradas. E cada memória, é uma dor mais forte porque agora, nós não iremos mais fazê-las, temos as que já havíamos, agora o nosso livro chegou ao fim, pai.
- Natalie disse, com as lágrimas em seu rosto e jogou uma flor branca no túmulo de seu pai. Sua mãe ao seu lado, estava inconsolável.

- Ally. - Uma voz grossa soou atrás de mim. Me virei e vi Jason em uma jaqueta de couro e os cabelos desgrenhados, agora com uma tatuagem ... No braço.

- Jason. Você está aqui. - Falei, surpresa.

- Podemos conversar ?

- Eu acho que a Natalie precisa de mim agora.

- É rápido. - Ele disse esticando a mão em minha direção. Olhei para a frente da multidão, para Nath. Passei ao lado de Jason e segui caminhando ao seu lado, ao ignorar sua mão. Depois de uma pequena trilha cercada de árvores, nos sentamos em um tronco no meio da floresta densa.

- Eu partirei amanhã. - Jogou um pedra a frente na terra.

- De novo?

- Eu voltei somente para resolver alguma coisas com a minha família e soube da Natalie.

- É o que você sempre quis, não é ? Viajar pelo mundo.

- Sim. - Ele sorriu. - Viajar.

- Eu fico feliz. - O encarei com um sorriso de lado, sem entender o porquê dele estar me contando aquilo.

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