O céu mais escuro

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- Você quer suco de laranja ou de manga ? - Natalie me perguntou, levantando as duas jarras.

- Laranja. - Puxei a cadeira e me sentei, Natalie se aproximou e derramou o líquido alaranjado até a metade do copo. - Obrigada.

- Geléia ? - Ela perguntou, se sentando em seu lugar, seus pais não estavam em casa. Neguei com a cabeça e bebi um pouco do meu suco. - Não vai comer nada ? - Neguei de novo. - Ally, o Jason vai ter que falar com você uma hora ou outra, não precisa se preocupar.

- Eu sei, eu só não estou com fome, Nath. - Eu passei a mão pelo rosto.

- Alison, está tudo bem ? - Ela perguntou, parando de passar geléia de morango no seu pão.

- Sim. - Eu falei e bebi mais um pouco do suco. Meu celular vibrou e o nome de Andrew se iluminou na tela.

- É ele ? - Natalie perguntou se apoiando na mesa para ver.

- Não, é... É da clínica. - Puxei o celular para mim. - Depois eu retorno, devo ter esquecido alguma coisa. - Falei enquanto apertava " Recusar " na tela do celular.

- Certo. - Ela pareceu desconfiar, mas não prolongou o assunto.

- Natalie, eu quero te contar uma coisa... - Meu celular vibrou de novo, dessa vez o nome de Jason apareceu. - É ele. - Eu disse exasperada.

- Atende. - Natalie falou, gesticulando com as mãos.

- O que eu vou falar ? - Eu perguntei, nervosa.

- Atende, Alison. - Ela disse impaciente.

Aceitei a chamada e levei o telefone ao ouvido.

- Alison ? - A voz rouca se fez do outro lado.

- Jason. - Engoli a seco. - Você ligou.

- É, liguei. - Ele disse e ficou em silêncio. - Você vai vir pra casa no final do dia ?

- Se você estiver de acordo. - Eu disse me condenando mil vezes.

- Nós precisamos conversar.

- Ok.

- Até mais tarde. - Ele disse, sua aflição transparecia em sua voz.

- Até. - Falei e ele desligou o telefone, o coloquei sobre a mesa e Natalie me encarava, curiosa. - Ele disse que a gente precisa conversar, mais tarde.

- No apartamento ?

- Sim.

- Boa sorte, o que você ia me contar ? - Ela perguntou arqueando a sobrancelha e bebendo um pouco de seu suco.

- Nada de importante. - Falei e sorri. Eu ia lhe contar sobre Andrew, mas não é necessário.

Terminamos de tomar café e fui para o trabalho, uma das partes difíceis do meu dia. Desci do carro com o mesmo frio na barriga de quando eu estava no ensino médio. Subi as escadas o mais vagaroso possível, eu queria prolongar cada segundo longe dele. A cada degrau, meu coração batia mais forte. Parei em frente da porta e respirei fundo antes de abrir. E lá estava ele, no seu terno preto, seus cabelos desajeitadamente arrumados. Seus olhos se fixaram nos meus, minha boca estava seca e cada pedaço de mim queria sair daquele lugar. Engoli a seco e caminhei até a minha mesa.

- Bom dia, Ally. - Ele disse assim que passei por ele.

- Bom dia. - Falei sem o olhar, me sentei e arrumei minhas coisas, ele se sentou do meu lado, fazendo meu coração se apertar.

- Por que não retornou minhas ligações ? - Ele perguntou, próximo o suficiente para que eu pudesse sentir sua respiração. Me afastei um pouco.

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