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  Fomos para minha casa e subimos direto para o meu quarto. Murilo ainda parecia aborrecido e agora acompanhado de uma boa dose de cansaço.

— Ei, vai ficar aborrecido até quando? — perguntei enquanto tirava a blusa.
— Não estou aborrecido. — respondeu ele. — Posso tomar banho?
— Óbvio que não, tu tem que ficar sujo pra sempre — falei ironicamente
— Esqueci que você gosta de mim sujinho. — disse ele me apertando num abraço — Me empresta uma toalha.
Peguei uma toalha no meu armário e joguei pra ele que seguiu para o banheiro.
Minutos depois volta ele, apenas com um short leve de dormir.
A arquitetura de seu corpo atraiu meus olhos como um ímã. Murilo tinha um físico de linhas definidas e marcadas; o cós do short era baixo, expondo os finos ossos do quadril que me faziam querer tocá-los.
Eu tinha visto tanto dele antes, mas não em meu quarto, não daquela forma. Aquilo levou uma descarga de calor para minha pele.

— As vezes eu me pego pensando nas coisas que gosto de você e te olhando assim, descobri uma das coisas principais. — digo meio tímido.
— Olha, eu tenho uma lista com milhões de coisas que gosto em você, mas uma das principais, é desse seu jeitinho fofo que você tenta esconder em meio à grosseria.
Ele passou por cima de mim na cama e mergulhou num beijo que fez todo meu corpo se aquecer. O roçar da barba que estava começando a crescer, me excitava — eu sempre tive quedas por barbas.... E por nerds — e à ele também, pois senti o volume dele apenas aumentando.
— Deixe eu tomar o meu banho — falei fugindo dos braços de Murilo.
— Vem cá, — ele me puxou pelo braço, me fazendo voltar pra cama — Obrigado, tá?!
— Por? — perguntei sem entender.
— Ser o melhor namorado do mundo.
Nos beijamos novamente, seguido de várias carícias trocadas. De todas as vezes em que me deitei com Murilo, essa foi uma das poucas na qual tínhamos tudo para transar, mas apenas aproveitamos o momento. Deitados olhando um para o outro... E eu gostava disso.

Alguns longos minutos depois, tomei um banho e me deitei ao lado de Murilo que já havia adormecido. Eu o beijei levemente e sussurrei um boa noite, no qual ele respondeu sonolento.

  — Murilo, você não precisa fazer isso, eu te amo, não quero ficar sem você. Nem sei se consigo ficar sem você.

— Mas eles não me amam, eles não ligam pra mim — respondeu ele aos prantos.
Eu não conseguia identificar o que era chuva e o que era as lágrimas dele, mas não importava, eu só queria tirá-lo dali. Da beira daquele precipício.

— Murilo, vamos morar juntos então, vamos esquecer todo mundo. Você não precisa deles. 
— É diferente. Eu cansei de ser o errado, a vergonha, cansei. — disse ele dando mais um passo.
O vento soprava forte e nos faziam praticamente voar. A sensação da roupa molhada estava me incomodando e eu queria/precisava sair dali.
— Murilo, vamos voltar pra casa. Não faça besteira!
— Diego, você foi a única coisa boa em toda minha vida! Te amo como nunca achei que amaria alguém e obrigado por me amar de uma maneira que eu nunca achei que merecia ser amado.

E logo depois ele se jogou

MURILO NÃÃÃÃÃOOOOO — gritei.
— Diego, o que aconteceu? Acorda! — falou Murilo com preocupação estampada em seu rosto.
  Eu não conseguia dizer nada, o abracei e involuntariamente comecei a chorar, chorar de soluçar.
— Calma, bebê. Calma! — disse ele ainda preocupado — Tá tudo bem, foi só um pesadelo.
— O pior de todos — disse eu entre um soluço e outro.
— Calma, tá tudo bem agora. — disse ele ainda abraçado em mim — Me diz, o que aconteceu?
— Eu sonhei que você havia se jogado de um precipício. — falei. Ele ficou branco e olhou pra baixo.
— Eu tentei fazer isso uma vez.
— PORRA, VOCÊ ESTÁ MALUCO? MURILO EU NÃO SEI O QUE SERIA DE MIM SEM VOCÊ.
— Foi exatamente isso que me fez mudar de ideia. — respondeu ele num quase sussurro.
  Eu sabia tanto sobre Murilo e ao mesmo tempo não sabia nada. Era estranho isso. Peguei meu celular é ainda eram 4:37 da manhã. Eu havia perdido o meu sono e aparentemente Murilo também.

— Murilo?!
— Oi!
— Se abre comigo, me conte o que você realmente está sentindo. Não quero nem pensar na possibilidade de te perder.

— Não vai. — respondeu ele de imediato — Nunca.
— Então conversa comigo.
Ele ficou em silêncio, suspirou e logo em seguida tentou dizer algumas palavras.
— Bom, as coisas estão meio complicadas pra mim. Minha situação com meus pais esta cada vez pior. Eles me dizem coisas horríveis, coisas que não saem da minha cabeça.
Segurei suas mãos e me aproximei dele.
— Na verdade meu pai me diz coisas horríveis. Eu não entendo, nunca entendi o motivo, mas ele não é mais um pai pra mim, eu me sinto uma vista dentro da minha própria casa, e daquelas bem desagradáveis sabe? Eu não sei o que fazer, não pra onde ir e como ir.
— Eu já falei que você tem que arrumar um apartamento pra você. — falei. — Olha Murilo, eu sei que não é fácil, mas você não pode se abalar com essas coisas por mais difíceis que sejam. Se as coisas chegaram ao ponto de você querer se suicidar, é porque a situação está mais séria do você imagina.
— Eu tenho medo. — falou ele.
— Medo de que?
— Perder tudo. De nada dar certo e eu me foder todo por conta disso.
— E você pretende sentir medo até quando? Quando acontecer algo horrível como no sonho que eu acabei de ter?
O silêncio reinou no quarto. Murilo ficou em silêncio e eu lhe permiti ter um tempo para os pensamentos dele.
Agora estávamos sentados um de frente para o outro é eu conseguia enxergar toda a tensão no corpo de Murilo ele suspirou e tentou falar alguma coisa, mas logo depois voltou ao silêncio.
Suspirei

— Não quero fazer isso sozinho. Você quer morar comigo? — Disse ele — Diego, quer se casar comigo?

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