Sangue ou lágrimas

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Pov. Leo

Abri a porta de madeira. O cômodo era grande e iluminado por uma grande janela, eu olhava para o garoto ao meu lado com receio de que Nico desmaiasse assim que pisasse no quarto. Peguei em meu cinto o maior martelo que eu podia manipular com facilidade e passei álcool por todo ele enquanto os outros me observavam, coloquei fogo e entrei dando espaço para os outros.

...

Voltando a perguntar QUE HUMANO EM SÃ CONCIENCIA TEM ESTÁTUAS DE GUERREIROS ARMADOS DE PEDRA NO QUINTAL? E O PIOR COMO ESTAS COISA SUBIRAM AQUI TÃO RÁPIDO?!

Quebrei mais uma cabeça mas ouvi Nico fatiar mais dois guerreiros que deveriam estar vindo em minha direção, é tão vergonhoso, por mais que eu tente eu não sou um guerreiro eu crio armadilhas, falo ou corro, o pior é que com Jason e os outros pelo menos posso culpar o porte físico deles, porém Nico é apenas alguns centímetros menor que eu e igualmente magro mas se move com leveza e elegância cortando sem piedade pedra como se fosse papel.

Ouvi um barulho de vento sendo cortado e me abaixei, uma espada de pedra quase me acerta tento dar uma rasteira mas me amaldiçoo profundamente gritando palavrões enquanto ele levantava a espada, coloquei meu martelo entre nós forçando para cima mas senti a homem pedra pisar em minha canela que se antes não estava quebrado agora está (hijo de una puta!).
Um brilho negro passou diante de meus olhos e decapitou a estátua que se desfez em pó, Nico me puxou para cima e um dos vários esqueletos que o filho de Hades convocou bateu no peito de um inimigo atrás de nós, ele colocou o braço esquerdo em minha cintura enquanto lutava com a mão direita e eu me apoiei em seu ombro fazendo o mesmo. Ainda tinha no mínimo 40 soldados em nossa volta (pelo canto dos olhos vi Pips subir na cama para analisar as pressas uma estante de madeira acima do criado-mudo).
Em algum momento mudamos de posição enquanto lutávamos, colamos nossas costas colocando uma mão na cintura dele e a outra lutava com meu martelo flamejante para eu não cair, mas a dor é lancinante, ouvi um grunhido abafado vindo do garoto e me preocupei, comigo naquela situação ele não podia fazer muitos movimentos ou se abaixar. Gotas de algum líquido pingaram em meu braço lágrimas ou sangue? Nenhuma opção me pareceu convidativa!

Depois de meia hora havia uns 13 montes de pedras em minha frente, sorri vitorioso e me virei com cuidado para ver Nico (há uns 27 montes de pedra em sua frente!) o garoto caiu de joelhos, tentei segura-lo pelo ombro mas sentindo uma fisgada na canela cai no chão o levando para cima de mim. Em qualquer outra situação eu teria corado, mas pelo contrário empalideci, o garoto tremia e chorava com os olhos arregalados vidrados nos meus seus olhos estavam vermelhos e seus lábios em carne viva sangravam em quanto ele os mordia.
Ele olhou para algo atrás de nós e sua pupila dilatou por puro horror.

Pov. Nico

Direita, direita, esquerda, defesa, corta, esquerda... Sinto o suor correr por meu rosto mais não paro já devo ter derrotado mais de 30 estátuas, porém só agora Enrico deu as caras, seu guerreiro era o mais forte e habilidoso e todas as vezes que eu transferia um golpe que danificava sua estrutura uma rajada de sombras me atingia com força me fazendo lembrar dos piores momentos de minha vida. Suas técnicas de combate são boas mas não se comparariam as minhas se eu não tivesse com Leo e sua canela fraturada, meu lábio inferior em carne viva, lágrimas embaçando meus olhos e minha mente se forçando a voltar a lucidez todas as vezes que vinham os fleches de memórias. Minutos longo se passaram até finalmente ouvi a respiração pesada de Leo ao mesmo tempo que por um deslize vi a chance, cravei minha espada no peito do guerreiro que ao invés de se despedaçar se transformou em uma poeira negra que atravessou meu peito como uma foice. Cai de joelhos mas fui segurado pelo ombro (sabe aquela sensação indescritível de quando você mergulha até o mais fundo que consegue? Seus ouvidos parecem explodir e tudo o que houver de barulho parece ser apenas um murmúrio em seu consciente? Isto era o que eu sentia até começar a ver os fleches)

O mais profundo e terrível tártaro, Parcy, David, Bianca, Maria, Cálice... Até que parou.

Castanhos com nuances de todos os tons de castanhos que possam existir, estava ainda muito apavorado para sorrir para Leo que segurava o meu rosto assustado talvez preocupado. Olhei para cima e me horrorizei, Enrico estava parado em minha frente como se fosse sólido sorrindo com uma mistura impensável de nojo e escárnio.

-- Encontrei, venham rápido! - gritou Piper no lado contrário a janela segurando o cálice enquanto olhava para nós desesperada.

Pov. Piper

Desde que entrei no aposento devo ter revirado todo o cômodo de cabeça para baixo eu corria de um lado para o outro dividindo minha atenção entre a luta e todos os espaços possíveis para se guardar um cálice, estava quase desistindo de frustação quando tropecei no pé da mobília e caí de cara no chão. Oco, meus olhos se arregalaram minha mão bateu em uma parte oca do assoalho, olhei para trás e os garotos atrás de mim e me assustei com uma nuvem negra atravessando o peito do Nico, voltei para o chão, (Uma coisa de cada vez!) abri o compartimento e vi uma caixa de madeira trancada. Quebrei a fechadura com minha adaga e peguei entre vários objetos e papéis velhos finalmente aquela merda de cálice! Suspirei de alívio mas lembrei da cena anterior, me virei

-- Encontrei, venham rápido! - gritei com cuidado para transparecer pressa junto ao charme.

Um homem pálido que mostrava sinais de beleza junto a idade me olhou com escárnio e nojo e se virou para o d' Angelo.

-- Depois de tudo pensei que já soubesse d' Angelo, que eu não sigo princípios com pecadores- o homem falou em um sarcasmo negro tão amedrontador que senti um frio na minha espinha -- O que te fez pensar por um momento que conseguiria escapar uma segunda vez?

Sorriso PassadoWhere stories live. Discover now