16. Segredos - Emily

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Assim que saímos para o jardim no intervalo, sorri para ele.

— Eu também gosto de garotos, sabia? — ele olhou-me com um leve sorriso, compreendia minha intenção de normalizar a situação.

— Espero que nossos gostos sejam diferentes. — Rodrigo riu eu concordei com um aceno ao abraçá-lo de modo terno.

O bom de Rodrigo era seu bom humor, e como era fácil conversar até de coisas mais delicadas sem que tudo virasse um drama. Ele riu descansado e passou os longos braços sobre os meus ombros e os de Alice, enquanto sentávamos no banco do jardim central.

Encabulada, Alice apoiava-se na minha presença para questionar Rodrigo sobre o assunto, usava-se do "nós queríamos saber" para tirar suas dúvidas. Isso me inquietava, não gosto quando tentam colocar em minha boca palavras que não eram minhas, embora houvesse um interesse de minha parte nas possíveis respostas.

Rodrigo de bom humor nos contou que já tinha ideia sobre sua preferência desde o início da puberdade e que foi com um menino mais velho que teve as primeiras experiências e desde então busca relacionamentos duradouros, embora também curtisse romances relâmpagos. Ele se assumiu para seus pais no primeiro ano do ensino médio e, passando o susto inicial, eles o aceitaram com certa bonança. Lembrei-me de como a mãe o tratava com extremo carinho quando fomos a sua casa.

Alice ouvia cada palavra com extrema curiosidade e Rodrigo parecia deliciar-se em nos pôr a par de qualquer detalhe sobre sua vida que quiséssemos conhecer. Senti-me feliz por ele ter tido tamanha sorte em ter pais tão íntegros e por ser tão tranquilo sobre sua homossexualidade.

***

A aula de Gustavo iria até mais tarde por causa de uma reunião para escolhas dos estágios para o semestre. Assim que a minha aula terminou, eu me dirigi para a sala de Sérgio. Iríamos almoçar juntos.

Andei de modo vagaroso e pelos maiores caminhos, ainda tinha certa esperança de cruzar por acaso com Giovanni e quem sabe nos cumprimentaríamos e eu poderia me deslumbrar com seu sorriso por alguns segundos.

Ao chegar à sala de Sérgio abri de leve a porta. Quando só havia uma fresta eu congelei ao ouvir parte de uma conversa.

— Giovanni, se está atraído por essa mulher devia a procurar. — Meu coração enforcou-se. Uma mulher? Então ele estava interessado em alguém e havia ido pedir conselho para Sérgio? Tive vontade de romper porta adentro e gritar. Mas apenas me escorrei na parece ao lado da porta para tentar me acalmar.

— Não sei se devo.

— Apenas siga o seu coração. — Sérgio colocou a mão na porta para abri-la. Eu queria desaparecer, no entanto não consegui me mexer. — Deixe de ser tão preocupado.

Sérgio avistou-me ao lado da porta e sorriu. Giovanni seguia às suas costas com ar pensativo e arregalou os brilhantes olhos castanhos ao me ver.

Eu fiquei como que congelada, apenas queria poder sumir como mágica. Meu coração batia descompassado, ainda chocado com o que ouvira. Finalmente ele fugir depois de nosso beijo na praia começava a fazer algum sentido.

Sérgio engatou seu braço ao meu.

— Giovanni nos fará companhia durante o almoço, não é ótimo?

Sem chance! Quis gritar, contudo acenei sem jeito. Giovanni olhava para o chão, na certa não esperava também minha presença. Sérgio não sabia de nosso beijo e muito menos de meus sentimentos, por isso ele não percebia o quão constrangedor seria juntar eu e Giovanni no almoço.

Emburrei-me por me deixar ser levada por Sérgio. Eu e Giovanni andávamos olhando para todos os lados menos um para o outro.

O almoço foi constrangedoramente silencioso, apenas Sérgio conversava alegremente e nos fazia participar de seu quase monólogo, com respostas curtas. Eu só desejava ir embora, ao me sentir uma tola por estar apaixonada enquanto Giovanni gostava de outra. Pelo jeito esse negócio de amor platônico não iria ser fácil, pois pensar nele com outra causava um rombo dentro de meu peito.

Jovem AmorWhere stories live. Discover now