Capítulo 37

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<Atualizado>

Eu estava me sentindo confusa, e exausta demais pra tentar entender a série de bizarrices que aconteciam desde sempre, então me sentei à beira do lago e voltei a observar as águas. Não pensei que depois do ocorrido envolvendo aquele lugar eu fosse conseguir me aproximar dele novamente, mas sinceramente, observando da superfície, era tranquilizante.

Me atrevi a colocar uma das mãos na água, me arrepiando com o quão gelada ela estava, e assim permaneceu ao meu contato, sem mudanças de temperaturas ou criaturas emergindo.

O formigamento em meu corpo não cessava. Parecia que o mundo estava me pregando uma peça me fazendo crer que tudo estava bem, enquanto o meu inconsciente gritava internamente um som de desespero que eu não sabia decifrar.

Após refletir um pouco mais, cheguei a conclusão de que aquilo não passava de uma simples ansiedade pelo anseio de vê-las finalmente, saindo daquele lugar em busca de um vida de qualidade (aquele tipo de vida com a qual eu sempre sonhei, mas estava destinada a nunca conhecer).

Devo ter passado um bom tempo perdida em minha própria mente, pois quando voltei a olhar ao meu redor, o sol estava lindamente intenso, o que significava que estava à alguns minutos de se pôr. 

Aquela altura as coisas de Tamara e Gabi já deveriam estar prontas, e o carregador a caminho, por isso me levantei, e ignorando o incomodo causado por meu próprio corpo me aproximei da casa. Estranhamente, a porta da entrada estava trancada. 

Me perguntei se elas já não haviam partido sem que eu as visse, afinal, seria compreensível que Tamara tomasse uma atitude assim, mas eu ainda tinha coisas para fazer ali dentro, por isso chutei a porta e com facilidade, ela foi escancarada.

Isso causou um certo estrondo, que prolongou um som agudo em meus ouvidos, criando ainda mais uma atmosfera desconfortável no ambiente. Por não ouvir a voz de nenhuma das duas, pensei estar certa sobre a saída de ambas daquele lugar, por isso nem me atentei em ir checar.

Me sentei no safá da sala tentando decidir quais seriam meus próximos passos, eu tinha preocupações muito sérias a respeito de todas as coisas que diziam sobre mim nos noticiários e de todos que estavam a minha procura.

Entre um pensamento e outro, olhei para uma poltrona próxima a mim, e notei que havia um prato com biscoitos intocados e um copo jogado ao chão, também havia um urso de Gabrielly molhado provavelmente, pelo leite que estivera no copo a um tempo atrás.

Intrigada, me aproximei daquelas coisas, e só naquele momento, saí adentrando todos os cômodos. Após procurar em todo canto possível no andar de baixo, subi as escadas tentando não produzir nenhum tipo de barulho, mas a madeira não era tão nova, por isso rangia a cada passo que eu dava.

Ao chegar ao início do corredor, me deparei com todas as portas abertas com exceção do quarto de Tamara. Me aproximei lentamente e olhei pela fechadura, mas para meu pânico, o que, vi foi um olhar castanho medonho, que eu tinha o desprazer de conhecer.

— Quem está aí? — Gritei enquanto ficava ereta novamente, sentindo o meu coração se perder entre as próprias batidas. 

Não houveram palavras de respostas, apenas o velho ranger da porta que estava sendo aberta pelo portador dos malditos olhos castanhos, Pedro.



Continua...

A Filha do DiaboWhere stories live. Discover now