Capítulo 13

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<Atualizado>

Nós estávamos novamente na viatura, seguindo para o novo Manicômio. Aquela estrada era realmente desconfortável. Parecia que a cada quilômetro que percorríamos outro se fazia, impedindo que chegássemos a algum lugar.

Felizmente isso era apenas uma impressão, e depois de longos minutos naquele carro, finalmente chegamos no meu novo lar.

-Olha quem voltou.-Disse Pedro abrindo a porta do carro e me puxando pelos pulsos algemados.

-Infelizmente não foi dessa vez que eu morri.-Sorri com desdém.

-Pensamentos positivos July! Se você tivesse morrido, como eu iria me divertir?

Tentando me poupar de outro desgaste mental, apenas ignorei sua tentativa de provocar outra confusão, e adentrei aquele lugar.

Todos os olhares estavam voltados para nós. Mais especificamente para mim, o que era compreensível. Afinal, não era todo dia que uma paciente de uma manicômio aprecia cheia de ataduras, curativos, pontos e algumas feridas à mostra.

-Olha o tamanho dos seus espectadores July.-Pedro sussurrou apenas para mim.

Respirei profundamente enquanto dizia para mim mesma, que aquele homem não merecia nem se quer o meu ódio.

Ao entrarmos no elevador, um outro homem entrou junto.

Ele era realmente diferente dos demais pacientes. Parecia em paz consigo mesmo, enquanto os outros, pareciam desesperados e perturbados com o fato de estarem presos ali. Não pude deixar de notar as tatuagens que o mesmo tinha, que apesar do moletom que nos obrigavam a vestir, ainda estavam visíveis.

O mesmo olhou para mim com um sorriso estranho no rosto, depois olhou para Pedro, e quando estava prestes a dizer algo, o elevador parou e a porta se abriu. Para minha surpresa, seu quarto era no mesmo corredor que o meu. Mais especificamente ao lado do meu.

Sem muito rodeio Pedro foi até a porta e começou a destranca-la.

-Vocês trouxeram minhas coisas?-Perguntei quando ele conseguiu abrir a porta.

-É claro que não! Isso é um manicômio, não um hotel cinco estrelas.

-Eu precisava de algumas coisas de lá! Tinha uma caixa, meus livros, minhas rou...

-Cala a boca!-O mesmo gritou me interrompendo.-Eu não me importo, é isso aqui que você tem, e eu estou pouco me fodendo se a princesinha não gostou, agora entra na porra do quarto pra eu tirar as algemas!

Aquelas palavras me causaram um ódio tão profundo, que meus olhos lacrimejaram e senti o meu corpo tremer. Apenas entrei no quarto e estiquei meus pulsos para que aquilo tudo finalmente terminasse.

Após tirar as algemas o mesmo foi até a porta, porém antes de sair, disse a mim:

-Por ser uma garota malvada, vai ficar trancada aqui até o jantar, então divirta-se com as fotos da sua mamãe.

Dito isso, ele saiu e trancou a porta atrás de si, me deixando novamente, presa em meu maior pesadelo.

Cada detalhe naquele quarto me dava uma sensação horrível, eram misturas de medo, ódio, desprezo, e aquilo definitivamente não era saudável pra mim. Antes que ele voltasse, comecei a tirar e rasgar todas a fotos do corpo de Kate, joguei as coisas que mais me lembravam dela na lixeira do banheiro, e como não havia mais nada que eu pudesse fazer ali, me sentei sobre a cadeira de balanço e comecei a fitar o teto.

Estranhamente, vi um pedaço de uma corrente presa ao mesmo, que me fez lembrar daquele sonho e me perguntar se ele realmente havia acontecido.

"Eu devo estar realmente ficando louca!"

Fui tirada de meus pensamentos por um som que vinha do banheiro. Mesmo sendo um barulho muito familiar, meu corpo ficou rígido e meu coração disparou.

Tentei conter o nervosismo e fui até o banheiro, me deparando com minha única e antiga companheira, aquela caixa. Lembro de me perguntar como ela sempre me encontrava, e se algum dia eu seria capaz de me livrar dela.

Para minha surpresa não havia nada em seu interior, estranhando isso mas sem dar muita importância, voltei para a cadeira e outra vez, me encontrei perdida em pensamentos.

***

Era hora do jantar, e um dos seguranças havia me levado até a grande mesa onde eu seria obrigada a ficar, e esperar que o jantar fosse servido.

Todas a minhas dores físicas estranhamente haviam passado.

Sentada ali, junto com todas aquelas pessoas, notei que algumas aparentavam sentir dor, outras reclamavam sozinhas sobre o tratamento do lugar, e a maioria sussurrava o quanto odiava Pedro.

"Parece que eu não sou a única a receber um tratamento especial."

-Olá July.-Ouvi uma voz masculina ao meu lado, e ao olhar, me deparei com o homem que havia visto no elevador.

-Oi...-Respondi insegura.-Como sabe meu nome?

-Ora, você é bem famosa sabe? O incrível caso da garota de 13 anos que assassinou brutalmente a mãe. O que mais chocou o seu "público", foi o fato de que outra mulher havia sido brutalmente assassinada no dia do seu nascimento. Agora sua antiga casa virou um espetáculo, e constantemente paranormais e policiais vão lá. Diga-me July, o que fez com que você matasse aquele milionário? Ele não parece se encaixar no seu padrão de vítimas.

-Como é?-Apesar de minha mente ter processador todos os fatos, alguns não faziam sentido para mim.

-Oh me desculpe. Assustei você?-Ele disse sorrindo.

-Quem é você? E o que diabos foi tudo isso que você acabou de dizer?

-Claro.-Ele deu uma risada divertida e estendeu a mão à mim.-Sou Derick.

Apertei a mão do mesmo enquanto olhava em seus olhos. Eu queria obter informações, mas infelizmente, eu ainda não sabia como aquela coisa funcionava.

-O fato de eu ser "conhecida", não explica como você sabe tanto sobre mim. Esse não parece o tipo de lugar, em que os pacientes tem acessos a informações desse tipo.-Consegui dizer por fim.

-Eu não estive aqui por toda a minha vida.

-Mas algumas coisas que você disse aconteceram ontem.

-Eu sei.-Ele parecia inabalável.

Me senti observada, e ao olhar para frente novamente, vi Kevin encostado na parede ao fim da sala. Ele me observava sério e ao mesmo tempo preocupado. Isso me fez questionar se o homem ao meu lado era confiável ou apenas um escravo do Pedro.

-Parece que seu amigo não gostou de estarmos conversando.-Derick disse enquanto ria.

-O que parece tão engraçado pra você?-Perguntei me voltando para ele.

-Me desculpe July, mas com tudo que sei sobre você, achei que fosse mais inteligente que isso. Não percebeu que existem pessoas aqui que estão brincando com você?

Minha mente voltou a trabalhar freneticamente, tentando entender o que aquele homem estava tentando me dizer.

"Ele está sendo sarcástico? Ele mesmo está brincando comigo e acha graça da minha inocência? Kevin tem algo a ver com o Pedro? Isso não seria possível, eu e Kevin nos conhecemos do outro lado da cidade. E eu vi como aqueles dois se odeiam."

Enquanto me indagava ainda mais, o jantar foi servido, fazendo com que Derick se concentrasse em si mesmo, e não dissesse mais nenhuma palavra.

Continua....

A Filha do DiaboOnde as histórias ganham vida. Descobre agora