Capítulo 18

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<Atualizado>

Aquela pergunta havia me destruído. Tudo o que eu já pensei saber sobre mim, no fim sempre era quebrado por algo ou alguém. Já achei ser filha de uma pessoa que me amasse, eu estava errada. Achei que eu poderia viver tranquilamente como qualquer outro serumano, eu estava errada. Achei que eu poderia fazer justiça com as próprias mãos, mas aparentemente, eu também estava errada.

Me levantei e andei até o interior do lugar. Eu tinha que me limpar antes que eu fosse vista pelos seguranças.

Assim que o elevador se abriu, Henrique estava dentro dele. Havia algo no olhar dele, que pela primeira vez, me causou um certo tipo de insegurança.

-Eu estive procurando por você meu pequeno demônio...-O mesmo fez um gesto, e dois seguranças vieram do outro lado da sala......-Coloquem a camisa de força e levem ela até o escritório. O amiguinho dela, vocês trancam na porra do quarto, e não deixem que saia!

***

Eu estava completamente imobilizada em uma poltrona, assistindo Henrique andar de um lado para o outro. Havia uma veia em sua cabeça que pulsava descontroladamente, a medida que sua respiração pesava e ele parecia se descontrolar.

De forma bruta, o mesmo parou em minha frente, segurando meu pescoço com as duas mãos. Seu olhar estava obscuro e com um brilho amedrontador.

-Sabe July, eu achei que eu daria conta de você aqui dentro. Achei que esse inferninho na porra do fim do mundo seria o suficiente pra te prender, mas acho que eu me equivoquei um pouco.-Ele estava chorando de tanto rir.-Eu realmente não queria essa chatice de ter que ficar te levando pra lá e pra cá, mas já que você gosta de se comportar como um animal, eu posso te tratar como um. Eu posso te 'transformar' em um. Minha doce garota, eu sugiro que você comece a rezar. Daqui a...-Ele olhou para o relógio em seu pulso.-Dez minutos, a carruagem da princesinha chega.

Sem perder a postura de louco que ele havia adotado, o mesmo saiu batendo a porta.

***

Três guardas me levaram até o lado de fora do lugar, onde uma ambulância num estado deplorável esperava por mim. Me jogaram na traseira da mesma, e partimos para um novo pesadelo.

***

O lugar parecia uma casa abandonada. Achei que em termos de destruição, o interior estaria menos pior. Outra vez, eu estava errada.

O lugar era escuro e fedia a carne podre. O chão parecia chorar a cada passo que dávamos. Era incrivelmente frio, mesmo que durante o dia. O clima ali dentro era o pior possível.

-Pela sua cara parece que não gostou muito da sua nova casinha. Espere até ver o quarto que eu escolhi especialmente para você!-Henrique zombava de mim a cada momento oportuno.-Ele estava ocupado por outra pessoa, mas eu dei um jeitinho para que você pudesse usá-lo.

Adentramos uma porta que dava para  um corredor deplorável. Haviam selas e o que algum dia, foram pessoas dentro delas. Todos estavam feridos e imundos, todos tinham alguma parte do corpo faltando, inclusive os olhos. Alguns agonizavam no próprio sofrimento, outros pareciam não ter mais esperança ou amor pela vida. Não os culpo por isso.

Seguimos pelo corredor, e ao final, chegamos em uma porta de ferro com uma pequena janela de vidro. A porta só podia ser aberta pelo lado de dentro, e por um segredo. Uma sequência de números que Henrique fez tão rápido, que eu sequer consegui decorar os três primeiros.

Quando a porta foi aberta, nos deparamos com um quarto escuro e completamente estofado, do teto ao chão. O estofado estava imundo e algumas partes rasgadas. Também haviam manchas de sangue em todos os lados, e aquilo fedia mais que todo o resto. Com certeza pessoas haviam morrido ali dentro.

Fui jogada para dentro do lugar, e um dos guardas retirou a camisa de força.

-Aproveita um pouquinho para se adaptar a esse quarto cinco estrelas, daqui a pouco o Pedro e seu namoradinho aparecem por aqui.

-O Derick?-Quase gritei.

-Não.-Henrique sorria com surpresa pela minha pergunta.-Kevin...

Continua.....

A Filha do DiaboWhere stories live. Discover now