A Filha do Diabo

Capítulo 17

<Atualizado>

De volta a meu dormitório, tudo em que eu conseguia pensar era em mata-lo, eu ansiava por sua morte mais que por qualquer outra coisa naquele momento.

Me deitei na cama para descansar o corpo e trabalhar a mente. Fitei o teto e outra vez notei um pedaço de corrente presa ao mesmo. Talvez o antigo hóspede recebesse o tratamento dentro do próprio quarto.

Eu estava realmente decidida a matar aquele homem. Sabe se lá quantas outras pessoas vinham sofrendo na mão daquele monstro. Porém as circunstâncias para mim, não eram as melhores.

Enquanto eu tentava montar um plano em minha mente, ouvi um barulho debaixo de minha cama. Sem rodeio olhei por baixo da mesma, me deparando com a caixa.

Em seu interior haviam facas, bisturis, injeções, remédios que até então eu desconhecia, uma arma com muitas munições e uma carta.

"Gosto de ver como sua sede por justica esta aumentando.
Posso sentir daqui seu desejo por mata-lo. Não serei eu a impedi-la.
Então conte comigo para tudo que precisar neste assassinato.
Antes de decidir o que fazer, olhe no fundo de seus olhos, você saberá o que fazer em seguida."

Até esse ponto de minha vida, eu não tinha muitas crenças. Por ter crescido naquela situação, Deus era algo em que eu não conseguia crer. Mas aquela caixa, era a prova de que algo sobrenatural me rodeava.

Eu apenas não entendia como e o motivo disso. Havia algo na escuridão que sempre surgia diante meus piores pensamentos, me ajudando a transformá-los em realidade. Fosse isso algo bom ou ruim, era tudo que eu tinha.

Já era noite e provavelmente todos estariam trancados em seus dormitórios, entretanto, ouvi passos pesados vindo do corredor, e foi possível ver também, a sombra de dois pés em minha porta.

Quase que instantaneamente meu coração começou a bater tão forte, que eu era capaz de ouvi-lo.

Ouve o destrancar da porta, e lentamente ela foi aberta. Permaneci com os olhos fixados achando que encontraria Pedro, Kevin ou o maldito zelador, mas tudo que eu vi foi o vazio.

Não havia absolutamente ninguém ali, e isso foi outro gatilho para que meu corpo entrasse em choque.

Me causando outro susto, a caixa parecia estar se mexendo outra vez, isso desviou a minha atenção, mas não diminuiu meu medo do que quer que fosse.

Ao olhar em seu interior, havia além das coisas que eu encontrara agora a pouco, um pequeno bilhete que dizia:

"Desça"

Achei que naquele momento eu conheceria o ser por trás daquelas mensagens que eu recebia à tantos anos, então eu fui.

Meu corpo pulsava de ansiedade e excitação. O medo aos poucos foi se transformando em uma sensação de alívio, o que me fez descer até o salão principal cada vez mais rápida, cada vez mais animada.

Chegando ao mesmo me deparei com um lugar deserto. A iluminação realçava o branco de tudo que havia ali, então qualquer pequeno detalhe se movendo era ligeiramente perceptível.

Não demorou muito para que eu notasse uma silhueta surgindo da escuridão. Eram passos arrastados e lentos, de alguém que com certeza, não tinha a menor pressa.

Aos poucos a pessoa foi se revelando, e por fim, encontrei alguém que eu não gostaria de reencontrar, e mesmo assim, a animação continuava tomando conta de mim.