- Camila, você não vai acreditar! – Disse empolgada.

- Acreditar no que? – Não estava tão interessada, isso era visível.

- Sabe onde vou comemorar meu aniversário de dezoito anos?

- Nem vem, Dinah! – Continuamos andando – Vai ficar esfregando na minha cara a sua maior idade? Você já foi mais humilde, sabia? – Disse quase em tom de brincadeira, embora estivesse morrendo de inveja por Dinah fazer dezoito anos na minha frente. Bom, estávamos em setembro ainda, e eu teria que esperar até julho para fazer dezoito anos, que merda. – Pensei – Desde que tinha meus treze anos, sonho com meus dezoito anos. Sensação de liberdade! Acho que todo mundo um dia já sonhou com isso.

Dinah sorriu.

- Para com isso – Disse. Entramos na sala de aula – Não é nada disso – Sentou-se, sentei-me ao seu lado - Vou conhecer um garoto no dia do meu aniversário, e sabe para onde vamos?

- Para um Motel? – Juro que pensei que fosse isso. Seria bom Dinah perder a virgindade, bonita idade para se perder a virgindade, não acham?

- Fala sério, Camila! – Disse quase aborrecida, ela detesta qualquer palavra que a fizesse recordar sua condição de virgem.

- Então fala. Para com esse suspense. – Estava impaciente – Antes que eu imagine mais alguma coisa.

- Nós vamos naquela boate – Sorriu olhando pra minha cara surpresa – Isso! A boate que você foi barrada duas vezes.

Olhei bem nos olhos dela. Segurando a vontade de rir, se não, não teria graça.

- Você é lésbica? Pode falar, eu vou continuar sendo sua amiga – Não resisti. Comecei a rir – Só pode. Aquela Boate é GLS. Vai mesmo comemorar seu aniversário, lá?

- Odeio suas piadinhas de mau gosto, sabia? – Disse aborrecida - Você não captou a mensagem, não é mesmo? – Sacudiu meus ombros – Acorda! Eu disse que vou conhecer um garoto – Disse bem devagar – Um garoto que conheci na internet, e vamos nos encontrar, lá – Concluiu com aquele tom de superioridade que as pessoas mais velhas tem. Já disse isso em outra oportunidade. O pior, ela só faria dezoito anos no dia seguinte.

- Hum... – Disse reflexiva – Posso te dar um conselho de amiga?

- Lá vem você com a sua negatividade – Olhou-me desconfiada.

- Sem querer me intrometer na sua vida, Dinah. Mas, acho que isso não será bom pra você. Namorar um gay só indica que você vai ser trocada por um homem mais cedo ou mais tarde – Disse e fiquei esperando sua reação.

- Ei! Ele não é gay – Sorriu, ela sabia que eu não disse por mau – O tio dele que é gay, e dono da boate, sua ingrata! Pensei que você iria gostar de ir até lá.

- Nossa! Pensei que...

- Pensou errado pra variar, né? Sua trouxa.

- Porque nunca falou desse garoto?

- Poxa, Camila! Não falei porque não era nada certo, mas, agora, acho que estou apaixonada – Disse com aquela cara de idiota que ela mesmo descreveu em outra ocasião.

- Interessante – Disse pensativa – Apaixonada por um garoto que nunca viu?

- Já nos vimos por fotos, por videos, e nos falamos por celular também – Tentou justificar.

- Você é uma figura.

- A Vero vai gostar da boate.

- É... Vai... – Meu sorriso desapareceu do rosto na mesma hora.

Despistei Dinah na hora do intervalo e fui procurar Lauren pelo colégio. A inspetora disse que viu Lauren entrar na secretaria. O Diretor disse que não a viu. Professora Chelsea, bom, ela disse que Lauren estaria na biblioteca. Antes que eu fosse correndo para a biblioteca, professora Chelsea segurou meu braço.

- Às vezes não é bom conversarmos com alguém, quando esse alguém está magoado – Disse, logo soltou o meu braço e saiu.

- O que ela quis dizer com isso? – Pensei. Cocei a cabeça, mas, logo dispersei meu pensamento novamente. Eu tinha que falar urgente com Lauren, o intervalo estava acabando e aquela ansiedade toda estava sufocando-me.

Finalmente uma informação correta. Ela estava sentada em uma cadeira próxima a prateleira de livros de geografia. Lauren estava concentrada na sua leitura, nem notara a minha presença.

- Oi – Disse completamente perdida. Eu precisava me explicar, não é? Nunca antes precisei dar explicações. Como se faz isso?

- Oi – Disse e continuou sua leitura. Não moveu-se um centímetro sequer da posição em que estava.

Sentei-me ao seu lado.

- Não deu para eu ir na sua casa...

Ela continuou não dando-me a mínima atenção. Puxei o livro que ela estava lendo e fechei-o.

- Olha pra mim – Disse.

- Você não precisa me dar nenhuma explicação, eu... eu nem quero uma – Levantou-se – Foi bom você não ter ido. Deu-me tempo para pensar na besteira que eu estava fazendo – Disse e saiu.

Fui atrás dela.

- Espera – Segurei seu braço – Você não pode estar falando sério. Eu tive um problema, mas, fui na sua casa sim, fiquei no seu portão até uma da manhã. Tentei te ligar. Seu celular estava desligado.

- Tentou me ligar, foi? – Disse irônica – Não precisava ter me ligado, bastava atender as minhas ligações.

- Não... Não deu...

O sinal tocou.

- Me dá licença, tenho que ir – Disse áspera fitando minhas mãos no seu braço – Solta! – Disse.

- Então é assim? A primeira vez que a cachorrinha não sai correndo ao seu encontro, ela não serve mais, é isso?

- Quer um conselho?

- Não.

- Mas, eu vou lhe dar – Disse – Fica com a sua namoradinha, vai ser muito melhor pra você.

- Ciúmes, Lauren? – Sorri – É isso? Eu te amo, sua idiota!

- Pode pensar o que quiser, desde que não me venha mais com as suas gracinhas.

- Eu te amo – Disse – Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. – Repeti várias vezes, mesmo ela já estando distante. Falei alto? Não. Bem baixinho, só eu precisava ouvir.

***

Um beijo pra quem acertar qual foi a indireta desse capitulo, o enigma.

Ah e me desculpem por estar demorando tanto pra fazer camren começar a dar certo nessa fic, mas sejam pacientes, sei o que estou fazendo.

EITA QUE OS PROXIMOS CAPITULOS SERÃO DE GRANDES EMOÇOES.

Suddenly is loveWhere stories live. Discover now