Mismatch

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Camila POV;

Cheguei em casa. Tomei um banho. Fingi que almocei. Depois fiquei vendo tv na sala. Não sei se era a programação que estava ruim, ou eu quem não conseguia interessar-me por nada. Desliguei a tv e deixei o meu pensamento se firmar no que ele realmente queria. Eram tantas dúvidas. O que Lauren queria de mim? Será que eu fui muito taxativa nas minhas palavras? Porque quando amamos alguém sempre achamos que a culpa é nossa?

Cochilei no sofá. Acordei depois das cinco da tarde, precisava urgente de um banho frio, por quê? Sonhei com Lauren. Mas, isso não é novidade pra ninguém. Eu estava tomando banho quando minha mãe bateu na porta do banheiro.

- Camila - Disse - Eu vou ali e já volto, está bem?

- Tá bom! - Disse.

Onde ela foi? Foi à igreja. Na verdade, eu não sei. Desde pequena faço isso, quando não sei onde minha mãe está, digo que ela foi à igreja.

Eu estava tentada. Com o que? Com o telefone sobre a cama. Olhei o relógio na parede do quarto, seis e vinte oito. Peguei-o nas mãos. Disquei. Tocou duas vezes, e então, desliguei. O que eu tinha para falar com Lauren? Nada. Não demorou dois minutos e o telefone tocou. Número privado. E agora? - Pensei.

- Alô - Disse com um nó na garganta.

- Oi, Camila. Você me ligou. Aconteceu alguma coisa?

Uns segundos de silêncio... Eu precisava pensar, pois se eu não pensasse, iria me derreter toda pra ela.

- É... eu queria pedir desculpas por ter... por ter dito aquelas coisas hoje pra você.

- Você disse o que o seu coração mandou, não foi? Então, não precisa desculpar-se por nada - Mais uns segundos de silêncio - Droga! Eu, não paro de pensar em você, Camila. Acho que vou enlouquecer.

- O que? - Fechei os olhos enquanto ela falava.

- Não me faça repetir novamente - Disse. Sua voz era tão suave e sedutora - O Luís viajou ontem para Los Angeles, só volta na segunda-feira, e...

- Posso ir pra sua casa agora? - Antecipei-me, tamanha era a ansiedade que tomava-me por completa.

- Pode - Disse quase num sussurro. Todos os pêlos do meu corpo se arrepiaram - Não demora, tá? - Concluiu ainda com a voz sedutora sussurrando no meu ouvido.

- Estou saindo daqui agora - Tropecei no fio do aparelho de som, e quase caí - Tchau - Disse.

Ela riu, deve ter ouvido o barulho.

- Estou te esperando - Disse e desligou.

Saí correndo pela casa. Desesperada? Sim. Desesperada. Cadê as chaves da porta? - Dizia, enquanto procurava por todo canto. Achei embaixo do sofá, deve ter caído quando cheguei da escola.

Abri a porta apressada. Já alcançava o portão quando dei de cara com Vero.

- Oi! - Disse com aquele sorriso que nos desarma na hora.

- O...Oi... - Disse surpresa e frustrada.

- Vai sair?

- Eu... Eu... Tenho que fazer uma coisa pra minha mãe - Disse gaguejando.

- Cadê sua mãe?

- Foi à igreja - Disse. Eu não falei? Era automático.

- Hum... - Sorriu - Minha sogrinha é religiosa?

- Nem tanto - Eu estava nervosa, não sabia o que dizer a ela. Dizer a verdade? Como? Vero foi a melhor coisa que apareceu na minha vida nos últimos meses, só de pensar na possibilidade de magoar aquela garota, meu coração tremia.

- Então vou com você - Segurou minha mão - Onde vamos? E fazer o que para sua mãe?

- Tá brincando! Isso não está acontecendo - Pensei - Posso ir depois - Puxei-a pelas mãos. Entramos em casa.

- Tá sozinha em casa, né? - Beijou-me os lábios, suas mãos salientes já abusavam do meu corpo - Estou morrendo de saudade - Disse entre um beijo e outro.

Eu tentava interromper os beijos, mas, Vero era persuasiva demais com a língua na minha boca. Já estávamos praticamente deitadas no sofá da sala quando consegui desvincular-me dos seus beijos e dos seus abraços cheios de segundas intenções.

- Minha mãe pode chegar - Disse completamente desconcertada.

- Então vamos para o seu quarto - disse no meu ouvido e mordeu minha orelha.

- Não posso te levar pro meu quarto - Levantei-me - Minha mãe me mataria se soubesse que você está lá dentro comigo - Bom poder usar o preconceito dos pais nessas horas.

Meu celular começou a tocar. Olhei. Número privado. Recusei a ligação.

- Caiu - Disse sem graça.

- Você está estranha. - Disse Vero franzindo a testa.

O celular começou a tocar novamente. Minhas mãos suavam frio. Número privado novamente. Deixei tocando desta vez.

- Não vai atender?

- Não. Deve ser minha mãe querendo saber se eu já fui.

O telefone parou de tocar no mesmo instante que minha mãe entrou em casa.

- Pronto - Disse Marcela baixinho - Vou finalmente conhecer sua mãe.

- Ah! Sim, claro!

Minha mãe olhou-nos meio sem graça, ela não era tola, já imaginava de quem se tratava.

- Mama. Essa é... é... a Vero - Disse quase obrigada.

- Oi Vero - Disse minha mãe, educada. Eu sabia que ela seria educada, mesmo não gostando da situação.

- Oi Dona Sinu - Disse sorridente. Deu-lhe um beijo no rosto - Qual igreja a senhora frequenta? Minha mãe também é muito religiosa.

Quase caí pra trás com aquela pergunta.

- Igreja? - Minha mãe olhou-me assustada - Eu fui ao supermercado - Disse mostrando uma sacola que estava em suas mãos.

- Pensei que... - Olhou-me confusa - Bom, nós já estávamos indo fazer o que a senhora pediu pra Camila - Disse simpática. Visivelmente queria agradar minha mãe.

- Fazer o que? - Fitou-me novamente sem entender nada.

- Poxa mãe! Eu jurava que a senhora tinha me pedido para buscar umas coisas na casa da sua amiga... sua amiga... Glória? - Como eu disse, mentira nunca foi o meu forte.

- Glória mudou-se, hija - Disse e já veio pondo a mão na minha testa - Você está bem?

- Vem cá Vero - Puxei-a para o quarto e tranquei a porta.

- Você não disse que a sua mãe não iria gostar de nos ver aqui?

- Mudei de idéia.

O telefone tocou novamente nessa hora. Tirei-o do bolso. Número privado.

- Já sabemos que não é a sua mãe - Disse ela com um olhar incisivo - Atende.

***

Só tenho uma coisa a dizer: os próximos capitulos serão grandes emoções.

beijos no core.

Suddenly is loveOnde as histórias ganham vida. Descobre agora