Capítulo 1

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Era sexta-feira à noite, e eu estava deitada no meu quarto tentando matar o tempo com um livro pela metade. Geralmente, eu adorava ler. Mas agora me encontrava totalmente travada no meio de um capítulo. Não conseguia sair da mesma página há uns quinze minutos, pelo menos.

Lia, me perdia em pensamentos, e voltava a tentar me concentrar. O livro não me prendia, e eu adoraria que ele fizesse isso, porque eu não queria pensar.

O que será que ele estava fazendo nesse momento? Onde ele estava? E com quem? Simplesmente queria que meus pensamentos se calassem. Mas parecia impossível...

Na janela, os pingos de chuvas finos de até pouco tempo começaram a bater com força no vidro. E o vento que soprava junto com a chuva balançava a minha cortina de voil cor-de-rosa bebê. De longe, eu escutei o barulho de um trovão. Geralmente, morria de medo do estrondo, mas dessa vez nem isso foi capaz de desviar os meus pensamentos.

Será que ele estava com outra nesse momento, ouvindo o mesmo som? Será que ele a abraçava como fazia comigo para que eu me acalmasse?

O pior de tudo era que eu não queria estar ali, na casa dos meus pais novamente. Olhando para a minha cortina cor-de-rosa que eu escolhi quando era pré-adolescente e nunca a troquei por pura preguiça mesmo. Eu não me ligava muito nessas coisas de decoração. Nas prateleiras, havia os mesmos livros de sempre. Na maioria, romances. E outros que eu comprei na faculdade, nos quais nunca mais toquei.

Que vergonha, eu nem deveria dizer isso, mas faz um bom tempo que eu não abro um livro para me atualizar profissionalmente. Quando eu tenho tempo, quero ler um ótimo romance. Sou do tipo que acredita em amor eterno. Ou que acreditava. Não que eu tenha vivido um amor assim...

Bom, eu tive um namoro superlongo e ele parecia ser do tipo eterno. Jurava que ia durar a vida inteira. Tinha planos de me casar com ele e a gente já estava há mais de dez anos juntos. Desde os meus treze anos. E é lógico que eu perdi a minha virgindade com esse meu primeiro namorado.

Então, eu conheci o cara. Foi muito forte. Eu que nunca acreditei em amor à primeira vista fiquei de quatro por ele na primeira vez em que o vi. Literalmente de quatro, para ser bem sincera, e admitindo a minha vergonha.

A gente estava numa festa da faculdade (eu fui mesmo já estando formada), o Guta meu namorado não foi, e estava meio escuro, e então eu o vi. O Tobias. Apenas que eu ainda não sabia o nome dele no momento. Só que... era como se eu já o conhecesse desde sempre.

Ele estava escorado num pilar, em um canto, com os olhos castanhos escuros fixos em mim. Tinha uma barba sexy por fazer e um jeito de mau. Estava com os braços dobrados sobre o corpo exibindo músculos e uma tatuagem do tipo tribal. Eu nunca gostei de barba, mas nele fica incrivelmente-exageradamente-sexy. E ele tinha aquele jeito de safado, de predador mesmo, e estava me olhando descaradamente. E eu... não consegui desviar o olhar. Mesmo sendo comprometida e não devendo, não pude evitar aquilo que era tão forte.

Como estava muito escuro, não prestei atenção no caminho enquanto seguia as minhas amigas, porque olhava para ele. Meu coração disparava em meu peito. Minhas mãos suavam. Tudo em questão de segundos. E, então, aconteceu... Tropecei na perna da minha amiga, que de repente parou na minha frente enquanto eu não prestava atenção, e caí. E fiquei de quatro, literalmente, pelo Tobias.

Sim, paguei o maior mico, mas nem tive tempo de ficar com vergonha, porque ele correu e veio ao meu resgate. E eu me apaixonei no mesmo instante. Perdidamente. Sequer considerei meu namorado de mais de dez anos quando me joguei nos braços do Tobias naquela mesma noite. E descartei um relacionamento sério e longo como se ele não valesse nada.

Nunca pensei (completa)Where stories live. Discover now