"Mas..."

"Não posso dizer-te. E não vou dizer. Não é da tua conta"

"Não é da minha conta, desde que fui eu que fui assustada no meu caminho para casa do trabalho?"

O Harry pára de andar. "Lamento que isso te tenha acontecido" Ele diz "Mas se te disser alguma coisa, estarás ainda mais em perigo"

"Estou em perigo agora?" Guincho.

"Não, não, não..." O Harry suspira, inclinando-se contra o balcão e pondo a sua cabeça nas suas mãos. "Isto é tudo uma confusão foda-se" ele resmunga.

Aceno em concordância. Olho para o meu chá.

"Rose, Rose, Rose" ele suspira, abanando a sua cabeça. "O que é suposto fazer contigo agora?"

Empurro a minha caneca de chá para longe. "Desculpa" Digo "Vou para casa---"

"Não, não vás Ele olha para cima "Não vás"

Olhamo-nos nos olhos por alguns momentos. O verde nas íris do Harry é lançado com preocupação e urgência.

Aceno e puxo o meu chá.

O Harry começa a mexer no seu chá novamente. Consigo ver o seu cérebro às voltas.

"Não o amo" Digo fora do contexto.

O Harry olha para cima, a sua sobrancelha franzida "O quê?"

"Não amo o Aaron" Digo "Diabos, nem tenho a certeza se gosto dele"

O Harry olha para mim.

"Ele nem é um verdadeiro médico" Continuo "É apenas um estagiário" Uma risada escapa dos meus lábios. Começo a rir mais e antes de dar por isso, estou a rir histericamente, lágrimas caiem dos meus olhos.

O Harry vê isto tudo confuso antes de sorrir. O seu sorriso torna-se num riso abafado, que se torna num riso alto. Devemos parecer um par de parvos, a rir histericamente às três da manhã.

"Ele---ele trata como se fosse um trabalho real!" Grito no meu riso "Ele nem é pago!" Inclino-me na bancada fria, o meu estomago dói de rir tanto.

Não sei por quanto tempo eu e o Harry rimos juntos. Parece uma eternidade; uma feliz eternidade.

O nosso riso finalmente morre e o meu corpo dói. O Harry olha para mim.

"Então porque é que disseste que o amavas?" Ele pergunta como se não nos tivéssemos rido.

"Queria chatear-te" Digo e instantaneamente mordo o meu lábio. As palavras parecem voar de mim antes de poder pensar. Deve ser algo neste chá.

O Harry sorri, e depois começa a rir outra vez. Rio também. Acho que nunca ri tanto na minha vida.

Vejo o Harry enguanto ele ri.As suas covinhas desenhadas nas suas
bochechas e ele atira a sua cabeça para trás, os seus olhos verdes fechados. É adorável ver o Harry a rir.

Os nossos risos morrem e reparo que acabei o meu chá. O Harry também.

"Queres ouvir um segredo?" O Harry pergunta-me, inclinando-se à minha frente nos seus cotovelos.

"Claro."

"Não te acho exibicionista. Por acaso acho que és a pessoa mais simpática que alguma vez conheci" As palavras parecem deslizar do Harry. Há definitivamente alguma coisa neste chá. Ele põe a mão sobre a sua boca e eu gargalho.

"Bem, acho que és bom no fundo" Digo "Mesmo que sejas um otário noventa por cento do tempo"

O Harry também gargalha. Parecemos uns adolescentes do secundário a rir por causa de uma piada porca.

"Honestamente, o que puseste neste chá?" Pergunto ao Harry enquanto ele põe as nossas canecas vazias na máquina de lavar a loiça.

"A minha mãe costumava fazer-me quando estava triste" Ele diz-me "Relaxa-te tanto que, aparentemente, nem pensas no que dizes"

"É autêntico?" Pergunto.

"O que queres dizer?"

"É mesmo de Inglaterra?"

"Diabos, não. É da Devem Eleven"

Caímos em risos outra vez. A minha boca dói de rir tanto.

"Não sabia que vendiam chá no Seven Eleven" Digo.

"Não sei. Pela maneira que estamos a agir, pensas que puseram droga nisto"

Gritamos em risos outra vez. Limpo lágrimas dos meus olhos.

Pressiono a minha bochecha na bancada fria, os meus olhos continuam no Harry. As horas que passei acordada esta noite começam a chegar e bocejo.

O Harry levanta-se para o seu peso todo, deixando de se apoiar nos
cotovelos. "Anda lá, podes dormir no sofá. Se te faz sentir mais segura"

Endireito-me "Não, deixa estar, vou para casa"

O Harry levanta uma sobrancelha. "Se fores, vais mesmo dormir?"

Sei que ele está certo. Bocejo outra vez e o Harry sorri. Ele vira-se e anda para outro quarto, voltando para a sala com uma almofada e um cobertor. Ele ajeita-os no sofá.

"Isto é apenas uma vez" ele avisa-me. O meu coração afunda-se com a sua atitude fria, mas os seus olhos estão humorosos e eu relaxo.

Reviro os meus olhos, mergulhando no sofá "Que bom" Digo "Não quero mais chá da tua loja"

O Harry ri outra vez e deseja-me boa noite, voltando para o seu quarto. Reparo que ele deixou a porta aberta.

Encolho-me no sofá, respirando fundo. A almofada que o Harry me deu cheira a ele. Inalo a mistura da sua colónia e menta, enterrando a cara na almofada.

Adormeço instantaneamente, sentindo-me mais segura do que nunca.

Hidden (tradução PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora