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No final, o Harry faz o chá, o mesmo Seven Eleven que ele me fez na noite em que fui atacada pelo Niall e pelo Louis. Sentamo-nos no balcão da cozinha e olhamos para fora da janela enquanto a chuva começa a cair lá fora.

"Hey." O Harry diz de repente. "É o primeiro dia de outubro."

Sorrio um pouco. "Sim." Digo. "Pois é."

Está silêncio depois disso.

Estou emocional por causa dos acontecimentos de nem há uma hora atrás, e a minha bochecha tem uma marca vermelha da chapada do Aaron. Odeio-me tanto como há uns anos atrás, quando a mesma coisa aconteceu.

O Harry mexe o seu chá com uma colher, cantarolando baixinho. Agora é que percebi como ele é adorável, com os seus olhos verdes presos à sua caneca, as suas pestanas caindo no topo das suas bochechas. As suas tatuagens são visíveis por baixo da sua t-shirt azul-marinho e a sua cara está relaxada, um grande contraste de como costuma estar a maioria do tempo.

"Tens irmãos? "

O Harry olha para mim. "Irmãos."

"Sim. Irmãos ou irmãs."

Ele olha para baixo. "Sim." Ele diz. "Uma irmã." Ele olha para a chuva a cair e suspira.

"Que idade ela tem? "

"Não me lembro." Ele responde. Ele morde o seu lábio e olha para mim. "Não a vejo há três anos."

Parece que atingi um ponto franco, olho para baixo. "Oh. "

"E a tua irmã? "

Engulo. "O que tem? "

"Que idade tem ela? "

"Ela... tem dezanove. "

"Dezanove. "

Assinto. "Não a vejo há um ano."

"Porque não? "

Mordo o meu lábio. "Porque ela odeia-me."

Parece que o Harry quer perguntar mais, mas ele não o faz, para minha
surpresa. Engulo o resto do meu chá e levanto-me.

"Obrigada pelo chá" Digo.

O Harry pega na minha caneca e põe na máquina de lavar a loiça, assentindo. "Não queres ficar?"

Abano a minha cabeça e olho para o chão.

"Rose."

Olho para cima, conhecendo o seu olhar.

"Tens a certeza que vais ficar bem?"

Encolho os ombros, olhando para o chão enquanto ele se aproxima de mim, agarrando-me no braço até à minha cara estar pousada no seu peito num suave abraço. Lágrimas caiem dos meus olhos e rolam-me pela cara. Esta é a terceira vez que choro em frente ao Harry, e sinto-me tão horrível como das outras vezes. Odeio sentir-me assim, e mostrar ao Harry parece fazer pior.

Sinto a sua palma quente a passar nas minhas costas suavemente e ele sussurra. "Shh" no meu cabelo. Preencho a sua t-shirt com lágrimas enquanto o buraco dentro de mim implora para ser preenchido com amor de outra pessoa.

"Tu estás bem, Rose." O Harry diz baixo e afasto-me, assentindo enquanto limpo as lágrimas da minha cara. O Harry descansa as suas mãos nos meus ombros, olhando-me profundamente.

"Desculpa." Murmuro.

"Não peças desculpa." Ele diz. "Está tudo bem em sentir dor."

Assinto outra vez e ele deixa as suas mãos caírem dos meus ombros, metendo-as nos seus bolsos enquanto se encosta ao balcão atrás de si.

Respiro fundo algumas vezes e o Harry observa-me, a sua sobrancelha franzida e os seus olhos simpáticos. O pigmento verde na sua íris parece agarrar alguma compaixão que me intriga e me parte o coração ao
mesmo tempo.

"Amá-lo?" A voz profunda do Harry quebra o silêncio.

"Aaron? "

Ele assente.

Baixo o meu olhar. "Não." Digo baixo. "Nunca estive apaixonada."

"És sortuda. "

Tranco olhares com ele. "Já estiveste apaixonado? "

O Harry respira fundo antes de virar a sua cabeça para a janela. Ele assente devagar.

"O que aconteceu?" Atrevo-me a perguntar.

"Nada. " Ele diz.

"Anda lá, teve de ser alguma coisa." Digo, erguendo uma sobrancelha.

"Mas é só isso." Ele diz, quase tristemente. "Nada aconteceu." Os seus olhos parecem tão tristes que o meu próprio coração parece partir-se com a visão deles.

"Tenho a certeza que vais encontrar alguém novo para amar." Digo-lhe.

O Harry ri secamente. "O amor é abstrato." Ele diz. "Não traz nada para além de problemas." Ele ri outra vez e passa a sua língua pelos dentes.

Uma tristeza insuportável enche-me no momento, por ambos. Harry, por perder o amor e recusar-se a acreditar mais nisso, e em mim, por ter medo
de estar sem alguém. Parece que somos opostos- opostos trágicos.

"Harry." Digo e ele olha para mim. Respiro fundo. "Sei que a maioria das vezes não parece, mas estou contente por te ter conhecido."

Um pequeno sorriso desenha-se na cara do Harry. "Acredites ou não, o sentimento é mutuo. "

Abandono o apartamento do Harry momentos depois. Tantos aspetos na minha vida que mudaram no pequeno mês que estive em Portland fui de (quase) amar para odiar o Aaron, e odiar o Harry para, bem não o odiar.

Apercebo-me que não disse ao Harry que vou a Nova Iorque. Deve ser bom sair da cidade por uns dias para escapar ao drama do Aaron e do Alec. Ando até ao meu quarto e tiro a minha mala do meu armário. Talvez isto não seja tão mau, pelo menos até não voltar a abrir as velhas cicatrizes com a minha irmã.

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Beijinhos

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