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Policial Schmidt P.O.V.

Ala 7. Felizmente, é a mais vazia do centro. Infelizmente, é a mais perigosa. Todos aqueles loucos, digo, pacientes com transtornos psicologicos, sinceramente, são os casos que mais me fazem pensar o porque estou aqui.
Estou aqui para proteger os que eu amo, e o que mais amo é meu país.

O novo caso se chama Melanie Renald. Atualmente, 14 anos. 1,52 de altura.
Família de classe alta.
Acusada de homicídio por via de incêndio proposital.

Caso interessante, visto que ela tinha de tudo. Por que matar a própria família?
Ela estava me esperando na sala 12.

Abro a porta e ela está sentada com os braços preso pela camisa de força.

- Olá, Melanie.
- Quem é você?
- Meu nome é Schimdt. Felippe Schimdt. Sou o oficial que cuidará de você.
- Então pode me tirar daqui?
- Não é bem assim. Você causou um grave problema.
- Juro pra você que não matei meus pais. E nem o meu irmão. Foi a minha mãe. Ela matou. - ela começou a gritar.
- Se acalme, por favor. Só quero fazer algumas perguntas sobre você.
- Então que faça logo. Já cansei da sua cara. - ela suspirou agressiva.
- Ok. Você amava sua família?
- Que tipo de perguntas são essas?
- Apenas responda.
- Óbvio que não.
- Por que diz isso?
- Por que é a verdade? - falou com ironia.
- Reformulando, qual era o problema?
- Eram todos uns fingidos. Hipócritas. Se fingiam de família feliz e perfeita. Mas na verdade, os tres eram uns completos idiotas.
- Por que?
- Ta, só pra começar, minha mãe era depressiva e alcoólatra. Meu pai, a traía sempre. E meu irmão, era um dependente, um viciado. Você quer mais do que isso?
- Não. Vamos continuar. Sua mãe ou seu pai já bateram em você?
- Minha mãe. Quando ela estava bêbada, no dia do "problema".
- Você tem amigos?
- Não.
- Você já fez terapia?
- Não.
- Você poderia dizer que está com problema emocional?
- O que quer dizer?
- Se você se sente depressiva, angustiada, melancólica, com vontade de fugir ou algo assim.
- Não. Sou normal.
- Você está com graves problemas psicológicos. Por isso causou o incêndio.

Não sei o que houve. Ela começou a chorar. E a gritar para ir embora.
Disse para deixá-la em paz.

Sai de lá e tranquei a porta. Pela janela ainda se via ela gritando, ajoelhada no chão.
Logo ela parou e começou a soluçar. Se deitou e fechou os olhos.

Após isso, fui até o escritório da diretora da Ala 7, Annie Rossevelt, que também é psiquiatra e especialista em casos dos jovens.
- Com licença, Sra. Rossevelt?
- Entre, oficial Schimdt. O que houve?
- Caso Melanie. Acompanha a situação?
- Sim, sim. Acompanho. Um caso realmente complicado. Preciso de algo para poder começar.
- O departamento da investigação encontrou um caderno, que parece ser posse de Melanie. Gostaria de lê-lo?
- Acho que seria viável pesquisa-lo. Por favor, traga-o para mim, imediatamente.
- Como queira.

Saio da sala e vou em busca do tal caderno diário da garota.

...

Annie R. P.O.V.

Melanie Renald. Como começar?
Bonita, esperta, com o rosto inocente. Qualquer um que a visse e conhecesse, diria que ela nunca seria capaz de fazer tão feito.
Nem eu mesma posso. Mesmo que todos digam que foi ela, não me parece justo dizer que foi mesmo assim que aconteceu.
Seu caderno está cheio de escritas de como era sua vida. O que acontecia, o problema que tinha, o que sentia.
Pude perceber que a vida, mesmo parecendo perfeita, era bem conturbada. Confesso que cheguei a parar de ler e quase chorar.
Esse caso era mesmo complicado.

...

Melanie P.O.V.

Essas paredes brancas me deixam tonta. Essa camisa de força, como me sufoca. Quero sair daqui. Não estou louca. Assim como também não matei ninguém, não causei nenhum incêndio. Sei quem foi, mas agora ela está morta, e não adianta mais nada.
Só não quero ter que pagar por causa da mentalidade de minha mãe.
E agora estou presa nesse lugar.
Me tiraram tudo, até o que me era mais importante. Meu caderno. Aposto que estão lendo para investigar. O que me deixa com raiva, por aquilo é secreto e pessoal. Não é justo que leiam.

Não é justo que me culpem disso...

Vida de PlásticoWhere stories live. Discover now