10°

69 9 0
                                    

Annie R. P.O.V.

- Olá, oficial Schimdt. Gostaria de falar com o senhor.
- Pois não?
- Seguimos com o caso de Melanie. Apesar das acusações serem aparentemente  concretas, as provas são pouco relevantes para a conclusão. A prova principal está nesse caderno de posse da Melanie. Pelo que percebo, a vida dela era conturbada, e sua relação com a mãe e os outros familiares era complicada. Então, pelo decorrer da investigação, creio que tenho que dizer, que ela deveria ser considerada inocente. E vou lutar por isso.
- Me desculpe, mas  As provas apontam que ela incendiou o local.
- Me desculpe o senhor. As provas apontam que ouve um incêndio. Mas o fato das suas mãos estarem queimadas e ela ser a sobrevivente, não nos garante nada.
- Se pensa por esse lado. Vamos resolver na justiça então.
- Mal posso esperar. - saio da sala com um sorriso no rosto. Vejo que ele ficou meio que... desconcertado.

Mas agora tenho mais o que fazer. Abrir um inquérito para resolvermos logo esse caso.

...

Melanie P.O.V.

Não aguento mais um segundo sequer nesse lugar. O quanto de tempo já perdi? Se eles acham que estou louca, estão muito enganados. Mas se me deixarem aqui, aí é que vou ficar louca mesmo.

Estava a ponto de novamente, e inutilmente, tentar rasgar a camisa. Quando a porta se destrancou e uma mulher entrou.
- Olá Melanie.
- Como me conhece?
- Sou eu que estou cuidando do seu caso. Não se preocupe. Farei de tudo para que possamos tirar você daqui.
- É sério?
- Sério.

Fiquei realmente feliz. Não sentia isso desde... Não sei. Mas não interessa. O importante é que vou confiar nessa mulher e vou me ver livre, finalmente.

1 mês se passou.

É o dia do julgamento. A diretora Annie tentou de tudo para que se  apressasse o processo. Estamos contra o oficial Schimdt. Aquele que achei que estaria do meu lado.

Pude tirar a minha camisa de força para ir ao tribunal, mas tive que estar com algemas o tempo todo. É desconfortável da mesma forma, mas pelo menos não me sufoca.
O que mais me surpreendeu ao chegar no tribunal, foram as pessoas que estavam como platéia. Mas alguém se destacou. Uma mulher muito bonita, de vestido roxo e chapéu com penas azuis. Exótica. Ela me olhava com uma cara, como uma mãe devia olhar o seu filho. E agora me lembro, vagamente, que reconhecia aquele sorriso. Era o sorriso que via quando era um bebê. Aquela mulher fazia parte da minha família.
Mas não pude sequer falar com ela naquele momento.

- Ordem no tribunal. - o juiz com cara de velho começou, batendo aquele martelo irritante. - Estamos aqui reunido para o julgamento do caso número 3267, e sua ré, Melanie Renald, acusada de homicídio doloso. Por favor, senhorita, se levante. Diga-me, como se considera diante de tal acusação?
- Inocente.
Nesse momento, as pessoas começaram a discutir entre si. Percebi que muita gente estava contra a mim.
- Ordem, ordem no tribunal. Continuamos. Por favor, o discurso de entrada da defesa.
Annie se levantou e começou a falar sobre as provas que tinha e sobre as minhas anotações. Fiquei chateada de ver todos os meus pensamentos sendo espalhado para várias pessoas que eu não conheço e nem pretendo saber o nome. Mas aquilo estava me desinteressando. Não conseguia ouvir nada. Parecia que estava debaixo da água. Alivia.

...

- Por favor, gostaria de chamar a ré para poder fazer algumas perguntas. - oficial Schimdt disse.
Andei até a bancada do juiz e me sentei no local dos depoimentos.
Tive que jurar em dizer a verdade e nada além da verdade e blá blá blá...
- Por favor, senhorita Melanie, nos diga. Você já pensou em cometer tal ato?
- Nunca.
- Mesmo? Como a senhora Annie nos mostrou, o seu caderno, tem algumas anotações que expressam certo ódio a sua vida e a sua família.
- Me desculpe, mas isso não quer dizer nada.

E foi assim. Desculpe por não conseguir anotar tudo. Mas a maior parte eu apaguei, pois me deu dor de cabeça só de ouvir a voz daquele cara e daquele maldito martelo de juiz.

Mas continuando, ouve várias perguntas, discussões, e muitos comentários sobre esse caso.
É tudo não passava de um grande desperdício de tempo e de VIDA.

No final de tudo fui inocentada. Não tinha provas o suficiente para ser incriminada e muito menos para ser colocada em um manicômio.
Meu próximo passo era sair daquela cidade e nunca mais voltar.

- Parabéns, conseguiu ganhar o caso.
- Não, parabéns a você, Melanie. Você conseguiu sua liberdade e pode viver com sua tia em paz. - Annie disse, mas logo se assustou. Ela tinha falado demais.
- M-minha tia? Como assim?
- Me desculpe, não devia ter falado isso... - ela abaixou os olhos, mas foi parada pela mesma mulher que vi no tribunal.
- Está tudo bem, querida. Ela ia saber de uma forma ou outra. - a mulher disse. - Melanie, está na hora de nos conhecermos.

Ela me acompanhou até a saída e aceitei a ir em uma lanchonete próxima.
E assim, minha vida mudou...

Vida de PlásticoWhere stories live. Discover now