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Eram 7 da manhã. Hora dos pais saírem para trabalhar, das mães cuidarem para os filhos irem para o colégio. Hora de um novo dia começar.

Melanie já se arrumava para ir, com sua tiara e seu vestido mais bonito, como sempre sua mãe exigia.
Amante da perfeição, obrigando a todos estarem impecáveis.
Grant se servia na cozinha, vestindo o uniforme e pronto para sair. E Melanie se sentou a sua frente.

- Por que seu quarto tem um cheiro estranho? - ela perguntou.
- Não é de seu interesse.
- Na verdade, é sim. Estou interessada.
- Dane-se. - e se levantou.
Quando pegou seu casaco, Melanie viu a mesma caixa que aquela garota tinha dado a Grant. Era um maço de cigarros, colocado bem no bolso da calça.
Ele saiu da cozinha com sua mochila e ela o seguiu. Os dois esperavam juntos o ônibus escolar para levá-los.

Mas nesse dia, Grant deixou Melanie sozinha, para sair com os amigos. E estava com aquela mesma garota da festa.

Esse foi um momento de decisão muito importante para Melanie...

Melanie P.O.V.

Ao invés de esperar pacientemente, ou quase isso, pelo estúpido ônibus que me levava a escola, decidi seguir Grant e seus amigos.
Uma das vantagens de ser um pouco mais baixa do que o esperado, é que se pode esconder em lugares onde ninguém te acharia.
Seguir Grant foi fácil. As poucas árvores pelo caminho me escondiam nas sombras. Agia como um fantasma, silencioso, andando com cautela.

Pelas minhas contas, andaram por mais ou menos meia hora. Eu já estava cansada, porque além de andar ao mesmo tempo, andava de maneira tortuosa, por entre as árvores e os muros. Por um momento achei que iriam descobrir, quando tropecei e cai rolando. Minha cabeça bateu em um pedra no meio do caminho, o que me deixou tonta. Mas felizmente, eles já estavam bem a frente, o que garantiu uma visão zero do meu erro.

Então, pararam. Estávamos no cemitério. Um lugar onde a maioria das pessoas se recusa a ir sem ter motivo especial, nem sequer conseguem passar na mesma rua.
Nunca estive aqui.
Era tão estranhamente lindo, algo até romântico... Com todas as flores, com um cheiro forte, principalmente por estarem morrendo. A grama alta cobrindo os túmulos.

O amigo de Grant, suponho que seu nome seja Miguel, deu um passo à frente do grupo e abriu o portão enferrujado, fazendo um som estridente de rangido. Logo todos entraram e se posicionaram no meio do local, bem onde a grama não era tão alta, e as lápides serviam como encosto.
Do local onde estou, vejo que conversavam e riam, como qualquer grupo de amigos normais.

Além de Grant e de Miguel, estava Issac, Annelisse, Kate e Elizabeth.

Esta última pegou um pacote no bolso do casaco vermelho: os mesmos cigarros que Grant consumia.
Logo todos estavam com um, e continuavam a conversar. Issac pegou uma garrafa com um líquido até que transparente. Mas duvido muito que seja água.

Era tão irritante. Ver eles, que tem tanto futuro, que podem ter uma vida muito melhor que a dos pais, se tornando os mesmos imbecis que eles. Eles fogem da realidade, rejeitam. Mas dessa forma não vão ir a lugar nenhum, ao não ser a caminho da idiotice. Posso ser pequena, de pouca idade, mas parece que sei de mais coisas que o resto das pessoas.

Vejo Grant rindo sem parar, e ficando com Annelisse.

Me desculpa, mas acho meu irmão um completo idiota.

Vida de PlásticoWhere stories live. Discover now