Vida de Plástico

2º

Aos sete anos, Melanie já era independente. Ou, melhor dizendo, invisível aos olhos dos pais.

Daysewood não era uma cidade tão grande e, a maioria, já se conhecia. Por isso, Melanie não tinha nenhum medo de andar sozinha pela rua, principalmente a noite, quando todos estavam em suas casas, assistindo a programas de televisão ou dormindo.
Era nesse momento que Melanie de sentia mais segura para suas coisas.

Toda noite, quando seus pais e seu irmãos dormiam, Melanie pegava sua bolsa, com uma agenda, uma caneta e uma câmera. Ela andava por aí, a procura de coisas interessantes para se lembrar.
Quando via algo, fotografava e escrevia na agenda.

Um dia, viu um grupo de garotas, com roupas curtas e extravagantes, maquiagem forte e sapatos que pareciam objetos de tortura. Depois notou uns homens as acompanhando e levando para longe dali.
Melanie conseguiu uma foto, mas não entendia o que estava acontecendo. Nem sabia o que escrever.
"Tinha um grupo de mulheres muito arrumadas, meio exagerado, mas elas estavam acompanhadas de homens que seguravam dinheiro e a levavam para outro lugar. Ainda não sei o que é, mas um dia eu irei saber."

Depois que conseguia algo e descansava um pouco da sua casa, ela voltava. Subia pelo muro e pela roseira até a varanda do seu quarto, e de lá, era só trocar a roupa e se deitar. Ela esconde sua bolsa dentro do urso gigante.

Apesar de ser tarde, Melanie não gosta de dormir. Ainda mais, quando pela sua janela, ela vê coisas interessantes.
Com sua câmera na mão, ela recorda o momento perfeito em que seu pai chega de carro. Seu cabelo bagunçado, seu terno mal colocado, e algo que mais deixou Melanie pensativa: a marca de batom em seu pescoço, bem visível.

Que segredos ele tinha?