Epílogo

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Aquela mulher me transformou. E transformou a minha vida. Agora devo tudo a ela.
Se não fosse por ela, não estaria aqui, andando pelas ruas de Nova York, sem ter que me preocupar em manter as aparências de uma família desalmada. Sem ter que fingir quem não sou.

Para resumir, já que minha história é um pouco complicada, aquela mulher é minha tia por parte de mãe. O nome dela é Rebecca Thorny Renald, a filha adotada de minha avó. O problema é que minha mãe achava que ela era mais amada e a preferida deles. O seu ciúme doentio sempre foi um problema. Assim, minha mãe começou a sentir um ódio quase que mortal pela minha tia. Sempre fazia coisas erradas, mas colocava a culpa na minha tia. Fazia brincadeiras de mal gosto, como cortar o cabelo dela durante a noite, derrubar suco em cima dela, fazer ela passar vergonha em público...
Um inferno. Não sei como minha tia aguentava.

Quando meus avós morreram, a herança foi tomada pela minha mãe, e minha tia ficou sem nada. Na época, elas tinham apenas 20 e 18, respectivamente, minha mãe e minha tia.
Então, ela resolveu se mudar para Nova York. E deixou tudo pra trás. Se tornou uma grande estilista, tem a marca Becca Thorny de roupas femininas e sapatos, já se casou e se separou e é muito bonita. Mas do que minha mãe. Pintou o cabelo de loiro platinado e sempre está de batom vermelho.

Não conheço ela a muito tempo, mas já amo como jamais amei minha família. Ela me ensinou várias coisas e me ajudou a resolver minha vida. Meu próximo passo é terminar de estudar e ser profissional em moda e design. Já trabalho com minha tia no estúdio dela.

A minha vida está mudando, mil vezes, para melhor.
Tudo que sempre fiz foi seguir as ordens dos meus pais e fazer tudo que eu devia fazer para manter a aparência da família intacta. Por isso não contei sobre o problema de dependência de Grant, sobre o ciúmes e o alcoolismo de minha mãe e nem de como meu pai era infiel e traidor.

E a mim própria, para sempre ser essa menininha boba e inocente.
Mas eu enxergava as coisas. Sabia o que acontecia quando deveria estar dormindo.

Mas eu olhava pelas cortinas e olhava o mundo.

E assim, deixei minha vida de plástico.

Vida de PlásticoWhere stories live. Discover now