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Decidi voltar alguns minutos depois. Estava cansada de ficar ali. Infelizmente, não poderia voltar pra casa, o horário de aula ainda não acabara.
Então, me sentei tranquilamente atrás de uma árvore próxima da rua da minha casa.
A tempo de ver a minha mãe saindo de casa, andando de um jeito engraçado, toda tonta. Ela parecia rir e se divertir. Foi a primeira vez que vi minha mãe sorrindo daquela forma, e eu fiquei feliz por isso.
Até eu perceber a razão pra isso.
A garrafa de uísque na mão dela estava mais que a metade vazia. Aquilo me decepcionou.
Minha mãe, sempre a vejo bebendo. Nem me lembro os momentos em que está sóbria. Acho que apenas quando temos visitas ou comícios por parte de meu pai.
Ela não devia fazer isso, está se auto destruindo.
Por saber dessas coisas, me sinto mais adulta que ela.

Corri até ela, a peguei pela mão e segurei antes que caísse, ou que alguém visse.
- Mamãe, vamos pra casa.
- Melanie. O que faz aqui? Devia estar na aula. - ela me olhou repreensiva.
- Eu sei, mas agora não posso explicar. Precisamos ir pra casa.
- Estou muito bem aqui. Me solta. - o movimento que ela fez pra se soltar a fez cair de costas.
Tentei levanta-la, mas ela se rebatia.
Quando finalmente a fiz ficar de pé, ela me pegou pelos ombros e Mr levantou, visto que eu era a metade do tamanho dela.
- Escuta aqui, pirralha, me deixa em paz. Sei muito bem o que faço.
- Ma-Mamãe?
- Vamos pra casa.
Ela me arrastou até a porta e me empurrou pra dentro. Largou a garrafa na mesa de centro da sala e se jogou no sofá.
- Quer alguma coisa, mãe?
- Sim, que você pare de falar. E um café bem forte, nada de açúcar. Entendeu?
- S-Sim.
- Ótimo. Vá.

Fiz o café bem rápido e logo entreguei. Ela tomou um gole e depois fez uma careta de desagrado.
- O que é isso, Melanie?
- Café, como tinha pedido, Mamãe.
- Isso não é café. Isso é um desgosto. Está uma droga. Por acaso nem fazer café você consegue?
- S-Sinto muito. Quer que eu faça outro?
- Não. Não vai gastar, sei que não irá fazer certo. Bem, agora que já levou falta na aula, vá para seu quarto. E não sairá até que eu permita, está claro?
- Claríssimo Mamãe.

E corri feito um cachorrinho assustado para meu quarto.
Não sei porque ela estava me tratando daquela forma. Ela sempre foi a que mais parecia gostar dr mim da minha familia. Talvez fosse pelo alccol, talvez aquela seja minha verdadeira mãe... Não sabia.
E nao consigo pensar porque as lágrimas estão escorrendo pela minha bochecha e molhando meu ursinho.

Estou triste demais. Nunca tinha me sentindo assim. Não tanto.
Nem naquela fez que tinha visto meu pai atrás do salão de eventos da comição de seu partido. E com a secretária dele. Marisa.

Talvez a Mamãe saiba disso. Por isso é triste e sempre bebe.

Sinto uma profunda pena dela.

Vida de PlásticoWhere stories live. Discover now