Capítulo Três (Serena)

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— Não acredito que você deu dinheiro para aquele plebeu nojento, Serena! -Mamãe grita me xingando. Eu tinha acabado de tomar meu banho e estávamos sozinhas em meu quarto e isso chega a me da medo, ela e meu pai me dão medo, não consigo ver bondade neles e talvez seja pelo fato de apenas saber que eles são as pessoas que me geraram e nada mais. Logo, a ambição é a única coisa que consigo ver neles, pois tudo gira em torno de ter sempre mais, sempre sermos mais. Eles são essa imagem para mim.

— Ora mamãe. Estava ajudando alguém que precisa ao invés de gastar aquelas moedas com luxos desnecessários. -Falo calma e me sento na cadeira de frente a minha penteadeira.

— Claro! Como sempre a princesa bondosa. Será que você não entende que se eles nos pagam por um motivo?! Para manter nossos luxos, para retribuir aquilo que fazemos por eles. -Mamãe fala e balanço minha cabeça em negação. Solto um suspiro, como alguém pode pensar como mamãe? Como alguém consegue deixar o dinheiro subir-lhe a cabeça?

— E é por esse seu pensamento fútil que o reino está passando por uma crise. -Falo por impulso e numa reação desta minha ação eu sinto um tapa forte em minha bochecha. Mordo os lábios com força e encaro minha mãe com seus olhos castanhos furiosos me encarando como se eu tivesse acabado de falar do próprio de diabo.

— Nunca mais fale que a culpa é minha, ouviu bem Serena?! -Ela fala firme e mordo os meus lábios com mais para reprimir as lágrimas. — Ouviu Serena?! -Mamãe pergunta mais uma vez e desta vez gritando. Apenas concordo com a cabeça.

— Ótimo. -Ela fala e passa a mão em meus cabelos com tal delicadeza que nem parece a mesma mulher de segundos atrás, gritando comigo. — Não vai chorar não é mesmo? Você é tão linda para chorar por coisas fúteis... -Mamãe fala com a voz suave doce e eu a olho incrédula. Como alguém pode ser tão hipócrita como ela?

— Você é maluca. -Falo em um sussurro e a porta se abre e logo a figura de Morgana aparece, fico feliz por isso, me sinto aliviada por isso pois não tenho certeza quanto tempo mais eu aguentaria estando só apenas com mamãe.

— A rainha Anne solicita sua presença majestade. -Morgana fala olhando para o chão e mamãe me olha, procurando algo em meus olhos que não sei direito ao certo então ela simplesmente volta a olhar para Morgana.

— Estou indo. -Mamãe fala e antes de sair do quarto, ela beija minha testa e a única coisa senti foi náuseas. Morgana entra no quarto e fecha a porta. Eu abaixo minha cabeça e deixo uma lágrima escorrer, eu não aguentava mais isso.

— Hey, minha princesa. -Morgana vem até mim e levanta minha cabeça, ela sorri para me confortar, eu sei disso porque sempre que quero chorar ela sorri dessa forma. — Nunca abaixe sua cabeça desta forma, está bem? Sei o quanto isso é difícil mas você é forte, certo? E manter essa cabeça erguida para demonstrar sua força é essencial. -Morgana fala e deposita um beijo em minha testa. Deixo que as lágrimas escorressem pelo meu rosto e Morgana não me pediu para parar,ela apenas me abraçou e deixou que eu liberasse tudo que sentia e tudo precisasse liberar e por um momento senti que eu nunca irei fugir desse futuro. Ele está bem claro em minha cabeça. Eu posso ficar como uma morta viva, uma porcelana perfeita mas sem qualquer vestígio de vida, sem nenhuma chama incendiando minha alma. Apenas para salvar meu reino, algo que mamãe nem papai são capazes de fazer e pela crise já estar afetando seus luxos forçando sua única filha a se casar com um desconhecido.

☁️☁️☁️

Depois do almoço Harry tinha me chamado para conversar no jardim e foi para lá que nós formos. Estávamos andamos pela pequena trilha de pedrinhas marrons e eu ouvia o som alegre dos pássaros como também observava algumas flores que já haviam florecido.

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