Genetically Modified

Capítulo 1

POV Niall

Na manhã seguinte, acordo com o barulho do despertador estridente na cômoda alguns passos à distância de mim. Me levanto ainda meio molenga por causa do sono e arrasto o dedo na tela para desligar o som exagerado que saía do telefone. Eu acho que possuo um lado masoquista, pois mesmo odiando esse toque, eu ainda o uso para me acordar todo dia de manhã para ir a escola, já pensei em mudar centenas de vezes mas até hoje ele continua lá. Me atormentando todo dia de segunda a sexta.

Ando em direção ao banheiro em passos pequenos, quando chego faço minha higiene matinal e ponho uma roupa leve, tendo em mente que Califórnia possui um clima agradável nessa época do ano. Assim que termino, vou para a cozinha e pego uma banana e algumas barras de cereal para comer durante o caminho até a escola. Como todo dia, minha mãe já tinha saído, então eu não teria com que me preocupar logo cedo.

Depois de um mês de eu ter descoberto ser ômega, meu pai nos abandonou pois não queria ser responsável por uma "criatura repugnante" como ele mesmo disse. Papai não nasceu nesse mundo, ele foi colocado, então eu entendo o porque dele achar ainda estranho homens engravidando e entrando no cio como "um bando de prostitutas sedentas por sexo". Além disso, eu não o odeio, muito pelo contrário, eu sentia  um forte carinho pelo meu pai. O problema é que ele marcou minha mãe.

A marca de um alfa é algo bastante poderoso, representa a união eterna. Não é como o casamento, pois estes podem terminar a qualquer instante, é inúmeras vezes mais profundo que isso. Quando um alfa marca seu ômega ou beta eles ficam dependentes um do outro, como se fossem a mesma pessoa ou algo do tipo, seus sentimentos ficam expostos para o parceiro como se fossem seus próprios. Por isso que mamãe sofre tanto, ela está sentindo um vazio intenso no coração. E por isso também que ela já tentou se matar, cinco vezes. No fundo, eu acho que meu pai fez o mesmo e teve sucesso com isso. Ninguém aguentaria ficar tanto tempo sofrendo de propósito, certo?!

Saio de casa e vejo um homem alto com cabelos castanhos na altura de seu ombro. Ele estava fazendo algum tipo de jardinagem na casa ao lado, está usando um avental verde que agora possui um pouco da terra marrom forte e na sua cabeça descansa um chapéu branco talvez meio feminino demais. Seu cheiro forte mostra que ele é um beta e acho que ele sentiu o meu também pois do nada ele está vindo na minha direção com seus olhos arregalados mostrando a cor verde de suas íris.

- Olá.- Ele diz com um sorriso que mostra covinhas na bochecha e olhos ainda arregalados.

- Hm, oi.- Digo timidamente pelo modo que me encarava. Ele continuou sem dizer nada e eu abaixei minha cabeça apenas querendo sumir dali.

- Ah, sim, eu sou Harry.- Cumprimenta estendendo sua mão, levanto o olhar para seu rosto e percebo que seus olhos voltaram ao normal, mas ele inda sorria bastante.- Me desculpe por estar reagindo dessa forma, eu não estou acostumado a ver ômegas.

- Hm, t-tudo bem.- Gaguejo e limpo minha garganta em seguida, dando um pequeno sorriso para ele.- Eu sou Niall.

- É realmente um prazer conhece-lo.- Diz simpático.- E te-lo como vizinho também será ótimo. Você pode contar comigo para o que precisar; dinheiro, ombro amigo, lugar pra ficar, comida, qualquer coisa é só me chamar.

- Hm, m-muito obrigado.- Agradeço meio desnorteado com tanta informação mas logo adicionei. -Você também! Quero dizer, para o que precisar eu estou aqui. E é um prazer conhece-lo, claro.

- Você é perfeito, sabe disso, não é?!

- Obrigado.- Digo sem graça e sinto minhas bochechas corarem.

- Seus alfas tem muita sorte em te ter.- Ele suspira sonhadoramente.- Por falar nisso...

Sua frase é cortada por um barulho alto de buzina. Me viro para trás e vejo Josh Devine encostado em sua Ferrari branca com os pés cruzados e um sorriso no canto de sua boca. O alfa jamais vinha até minha casa desacompanhado, sempre Cara estava com ele, estranhei o porque dele estar aqui agora.