invisible string (taylor swift)

i've been sleeping so long in a twenty year dark night... but now i see daylight

"Não apenas uma família." Kelce limpou a garganta, de repente direcionando os olhos verdes diretamente para a minha dupla de orbes cor de azul. Devagar, ele segurou meu queixo para conseguir com que nossas testas se tocassem, e mesmo hoje, quando me recordo de tudo, ainda posso experienciar a sensação de paz que me percorreu o corpo todo quando senti o hálito quente dele tão perto de meu rosto. "Mas uma família com você. Taylor, meu sonho era você."

"Gostaria de saber qual seria a reação dos meus fãs quando a gente realmente tornasse as coisas oficiais."

"Você se importa?"

Eu também me recordava de ter pensado um pouco para responder. Para ser sincera, não; não me importava mesmo. Quero dizer, existia uma linha tênue entre me importar e me deixar levar pelas opiniões externas da minha vida pessoal, e, honestamente, a única coisa que me preocupava no meio daquele caos todo era a maneira como a situação poderia afetar Autumn —porque, afinal, uma das principais razões pelas quais passei tanto tempo distante de sua criação foi justamente para privá-la da convivência tóxica com repórteres.

Porque, sim, tudo poderia correr bem, com declarações positivas por parte da minha grande legião de seguidores fiéis, bem como dos repórteres que pareciam sempre dedicados a falar sobre a minha existência. Mas e se simplesmente não corresse? E se começassem a especular coisas capazes de machucar Autumn e Summer? Pior, e se começassem a estipular fatores de predileção hipotéticos sobre uma das duas?

"Só quero que a gente fique seguro." Respondi com um suspiro e acho que, naquele momento, Trav me entendeu. Aconteceria quando eu sentisse que estava pronta.

De volta ao presente, ele, portanto fica em silêncio por um segundo, como se não tivesse entendido direito, e então, com um embargo no próprio tom, me pergunta, bem devagar:

— Tay? Você quer... Você vai...?

— Não eu; nós dois vamos. Podemos contar, se você quiser.

— É claro que quero. – Travis afirma com uma convicção avassaladora, tão certa que ocasiona um comichão na ponta do meu nariz, me indicando que, mais uma vez, estou prestes a chorar. — Mas não quero que isso aconteça com você estando insegura, Tay. Eu... Eu me preocupo de verdade. Você precisa...

— Trav – Profiro o apelido em uma melodia branda, minha voz se tornando um sussurro para que ele entenda que estou ao seu lado. Que, neste momento, só quero que ele se concentre em si mesmo. Tento me anular do ambiente em que estou, sabendo que apenas uma cortina de black-out separa a mim e as minhas filhas do mundo real, e então, como se só existíssemos nós quatro (Travis, Autumn, Summer e eu), falo, limpando a garganta —, sei que estive ausente por muito tempo, mas eu quero que você saiba que...

"Depois que voltei", prossigo, engolindo o nervosismo e de repente sendo tomada por uma onda de adrenalina súbita. "Sempre estive certa da minha decisão. Eu queria estar aqui por Autumn. Eu estive aqui por Autumn. Mas aí você insistiu naqueles beijos misturados de resistência e dúvidas e xingamentos e você-não-é-uma-mãe-competente e eu..."

— Ei, calma aí, amorzinho. – Ri ele, em uma interrupção que me faz sentir vontade de chacoalhá-lo por aqueles ombros largos. Que saco, ele está prestes a entrar em campo pelo que pode ser o jogo de sua vida e, ainda assim, acha que tem todo o tempo do mundo para conversar comigo. — Respire.

— O que eu estou tentando dizer é que eu sempre achei que a minha reaproximação fosse apenas pela Autumn, e elas de fato foram, no início. – Deixo um suspiro sair pelos meus lábios, numa tentativa meio frustrada de controlar as minhas palavras. — Mas durante os dias em que passei morando ao lado da sua casa, eu percebi que... Que aquilo era tudo o que eu sempre quis. Tudo o que sempre almejei nas noites em que me sentia sozinha, pensando sobre com quem poderia dividir as conquistas da minha carreira comigo.

"Eu sempre amei cantar." Minha voz embargada finalmente dá as caras. "Mas, depois que a gente se conheceu naquelas férias em Palm Springs, meio que também comecei a amar você. E depois a amar a nossa filha, porque afinal, ela parecia ser a junção de tudo de melhor que nós dois tínhamos a oferecer.

— Ela realmente é isso. – Confirma Kelce, do outro lado da chamada, e quase posso escutar o som inexistente de seus lábios se contraindo em um sorriso doce e gentil. — E Summer também será.

— O que estou tentando dizer com tudo isso é que... – Tenho a sensação de que realmente estou chorando agora, meu corpo meio preso no piso do chão do camarote, como um ímã. Por algum motivo, Trav não diz nada, e é essa falta de resposta por parte do jogador que me faz perceber que o que estou prestes a expressar com todas as palavras possíveis é sério.

E é um risco que estou mais do que disposta a correr.

— Eu tenho sonhos muito peculiares, e a minha carreira é muito importante para mim, mas ela não se trata de um impeditivo. Não é algo que deve ditar como posso viver, mas sim como posso ajustar as narrativas da minha vida para que elas não sejam influenciadas por ninguém que não me conhece de verdade. Quero dizer, é claro que quero que seja algo privado, mas, acima de tudo, também não quero que seja um segredo.
I
"Ter todos vocês é bom demais para que seja escondido como um segredo ou algo que não pode ser revelado. Eles já conhecem a Autumn e nós já a protegemos o suficiente, então..."

— Então vamos deixar que conheçam a Summer.