i've been sleeping so long in a twenty year dark night... but now i see daylight

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— Mãe, posso comprar pipoca? – Por sorte, somos só eu e ela por enquanto, sua vozinha me chamando a atenção quando passo os olhos ao redor da suíte, o celular pesando no bolso do meu casaco. Minha garotinha está adorável com uma calça jeans cintura alta branca e uma Jersey com os números do pai, os cabelos presos em tranças que eu mesma fiz com fitas das cores dos Chiefs. Com os meses mergulhando de cabeça na maternidade, acabei me aperfriçoando na especialidade dos penteados. — Por favor.

Com cuidado, retiro cinco dólares do bolso direito e os estendo na direção da pequena.

— Traga pra mim também.

— Obrigada, mãe! – Auts dá um pulinho animado quando enxerga a nota brilhar em suas pequenas mãos, saindo em disparada na direção da área comum dos camarotes para alcançar a sua tão sonhada pipoca de estádio. Me sinto um pouco irresponsável por não ter ido com ela, mas mantenho os olhos abertos em sua direção quando sinto a vibração do meu aparelho no fundo do sobretudo.

Devagar, eu o retiro de onde está, prestando atenção quando Auts estende o dinheiro para a moça que fica no balcão do estande de pipocas e aguarda pelo que eu imagino ser um balde da iguaria mista — doce e salgada. Assim que minha vista desvia dela, no entanto, sinto meu coração se aquecer com o nome que testemunho na tela brilhante, como um aviso de que a noite será especial. Involuntariamente, como sempre acontece quando seu nome está envolvido, eu sorrio. É Trav ligando.

No momento em que aperto o botão de atender, meu estômago revira como acontece quando estamos perdidamente apaixonados por alguém. Não posso evitar achar graça; ele provavelmente não tem permissão para ligar antes da final, uma vez que precisa de concentração absoluta, mas o fez mesmo assim, provavelmente por mim.

— Ei, você. – Ouço seu tom familiar cumprimentar baixinho assim que a ligação se inicia, entre o que parecem ser centenas de vozes masculinas juntas espalhadas no meio de uma grande confusão. — Tudo bem por aí?

— Trav. – Não consigo evitar uma risadinha de escapar, dando pequenas gargalhadinhas semelhantes às de uma maluca apaixonada ao ouvi-lo. Talvez eu sempre tenha sido essa maluca apaixonada por ele; a personalidade só esteve latente durante os anos em que passei fora. — Você podia me ligar?

— Não. Mas estou com saudades, então liguei mesmo assim.

Algo fica abafado do outro lado da linha, e tenho a breve sensação de ouvir o som de alguém gritando a palavra "Romeu" em uma repetição impressionante. Travis se mexe por alguns segundos, sem dizer nada, e então volta logo em seguida, em um espaço bem menos barulhento do que o que parecia estar anteriormente.

— Desculpe, linda. São esses ogros sem educação. Pode falar agora.

— Só estou impressionada que você ligou antes de entrar. – Solto um riso nasal, observando quando nosso pequeno furacão (meu e dele) caminha com pulinhos em minha direção, retornando de sua jornada com a pipoca. — Não sabia que o treinador Reid estava assim tão generoso. 

— Falei pra ele que eu precisava falar com meu amuleto da sorte.

— Bom, então você está com sorte em dobro. – Digo, levantando as sobrancelhas na direção de Autumn quando ela se acomoda numa cadeira bem ao meu lado na suíte, balançando as pernas e colocando um punhado de pipoca na boca. — Ela acabou de voltar do estande da pipoca.

— Bom, eu estava falando especificamente de você, linda, mas acho que tem razão; agora eu bem que tenho três amuletos.

Fico em silêncio, em parte porque me sinto feliz demais, em parte porque temo que vá começar a chorar de emoção. Quero dizer, ele me diz tantas coisas bonitas todos os dias e venho me sentindo tão sensível que não consigo evitar. É como se estivéssemos vivendo um sonho concreto, nós dois, construindo a nossa família exatamente do ponto de partida que abandonei, e sou muito grata por isso.

invisible string (taylor swift)Where stories live. Discover now