invisible string (taylor swift)

the rest of the world was black and white, but we were in screaming color

— Você vai fazer meu cabelo, mãe?

— Claro que sim. — A cantora remexe a cabeça em positivo ao mesmo tempo em que estica-se para abrir a torneira da banheira, selecionando a água quente para que Auts tome seu banho. Do ângulo em que eu podia vê-la, sentado na cama que dividíamos, era possível de se observar uma pequena protuberância em sua barriga - um sinal da gravidez que ela provavelmente cobriria com um moletom ou uma blusa um pouco maior -; uma forma adorável de Summer dizer "olá" por baixo da camisola. — O que é que você está fazendo olhando para a minha bunda, hein?

Arregalo os olhos em um pulo, percebendo que fui pego no flagra por motivos errados e achando um pouco de graça na maneira como o seu olhar de mil jardas azuis parece se direcionar a mim.

— Só estou vendo o quanto você é linda, minha princesa. — Murmuro, dando de ombros, ao passo em que Swift semicerra as orbes perfeitas e volta a atenção para a criança no banheiro, que agora está prestes a entrar na banheira cheia.

— Vai logo arrumar a mochila com os lanches dela, seu abusado. — Ela cruza os braços, revirando os olhos em uma falsa demonstração de irritação, mas logo deixando escapar um dos sorrisinhos mais lindos do mundo. Porra, eu a amo demais.

E essa é a minha deixa para descer, alegre e, pela primeira vez, relaxado em um dia como aquele. Quero dizer, por muito tempo, durante os anos em que fui pai sozinho, os dias de campeonato eram relativamente divertidos, mas, ao mesmo tempo, tratavam-se de cenários comprovados dos meus piores pesadelos. Isso porque, por mais que eu ficasse animado por minha filha estar competindo (e progredindo) praticamente a cada três meses, aquelas datas em específico quase sempre eram dias completamente destinados a me provar o quanto eu estava fracassando como pai. Em suma, o que acontecia era que apesar de me dedicar bastante para fazer com que Auts se misturasse com as coleguinhas de turma que tinham as mães presentes para lhes fazerem o cabelo, a maquiagem e ajudar a vestir o collant, eu não era exatamente um talento nato nessas tarefas. Meu coque até que era bom — a prática me levara à perfeição em um determinado ano —, mas eu me atrapalhava demais em ajudá-la com o collant e quase sempre acabava transferindo minhas confusões para os itens que precisava levar para a competição.

Em resumo, tudo era, com frequência, um completo desastre.

No entanto, naquele ano, tudo mudara — e minha tranquilidade era um reflexo justo daquela mudança. Porque Taylor agora estava conosco, e, responsável como vinha se mostrando, prontificou-se de cuidar da parte da produção estética da coisa enquanto eu, com todo o meu talento para fazer lancheiras saudáveis, ficaria responsável pelos lanches e pela mochila de itens imprescindíveis para que minha filha pudesse competir. Em um resumo rápido, pó de magnésio, ligas extras de cabelo, gel a mais, ponteiras, grips para as assimétricas e, obviamente, uma garrafinha de água bem gelada.

Portanto, nesse ritmo, são essas coisas que uno e coloco dentro da bolsa de competições de Autumn quando chego ao andar de baixo, cantarolando uma musiquinha em um tom sussurrante ao passo em que sou cumprimentado por Rambo. Eu faço carinho nas orelhas dele com um sorriso bobo, como o bestão apaixonado que aparentemente sou agora, e então despejo um pouco de comida para que meu cachorro não deixe de se alimentar enquanto estamos apressados com o campeonato.

Assim que termino de organizar o lanche, por fim, sigo para arrumar o café da manhã. Sei que Tay vem se mostrando uma fã assídua de minhas panquecas ultimamente, então é isso que decido fazer, usando como ingrediente surpresa e adicional um punhado de amoras que estavam sobrando na geladeira. Em quarenta minutos, tudo meio que está pronto, e eu suspiro de alívio ao analisar o relógio e perceber que ainda temos tempo de sobra até a hora de precisarmos sair até o local da competição.